terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sociedade

Funcionária da Creche da Santa Casa da Misericórdia de Abrantes começou a ser ouvida no tribunal
Uma funcionária da creche da Misericórdia de Abrantes começou hoje a ser ouvida no tribunal, acusada de dois crimes de maus tratos a crianças, puníveis com pena de prisão entre um a cinco anos.
O julgamento decorreu ao longo de todo o dia, à porta fechada, tendo a juíza instruído a arguida e as diversas testemunhas de defesa e de acusação para que não prestassem declarações à comunicação social.
Populares e familiares das alegadas vítimas, que se deslocaram ao tribunal para assistir ao julgamento, contestaram o facto de terem sido impedidos de entrar na sala de audiências e de escutarem os diversos depoimentos.
Uma situação decorrente de um requerimento apresentado pela arguida para que o julgamento decorresse à porta fechada, aceite pela juíza, sustentado no artigo 87.º do Código de Processo Penal (CPP).
Os factos que o Ministério Publico entende que fundamentam o despacho de acusação, após denúncia de colegas de trabalho à Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, remontam aos anos de 2007 e 2008 e relacionam-se com maus tratos alegadamente infligidos a duas crianças pela acusada, de 51 anos.
A arguida, pode ler-se, “amarrou uma criança à cama para esta dormir, atou outra com um lençol à cama para que dali não saísse, usou grandes quantidades de fita cola nos sapatos e nas pernas de uma criança para que aquela não se descalçasse e admitiu à mãe de um bebé que lhe dava palmadas para que adormecesse”.
A funcionária terá ainda, alegadamente, “obrigado um menino que durante o almoço atirou a carne mastigada para debaixo da mesa a apanhá-la e a comê-la do chão e agrediu uma menina que surgiu junto dos pais com manchas vermelhas no queixo e marcas no pescoço, nariz e sobrancelhas”.
O Ministério Público afirma, no despacho de acusação, que a arguida “agiu em consciência e sabia que lhe cabia zelar pelo bem-estar físico e psíquico dos menores que se encontrassem a seu cargo e, apesar disso, não se coibiu de infligir maus tratos que lesaram física e psicologicamente duas crianças”.
A arguida, residente em Abrantes, trabalhava nas salas dos meninos de um e três anos de idade, tendo já sido objecto de dois processos disciplinares internos pelos casos referidos, instaurados pela Misericórdia local.
Horácio Mourão de Sousa, provedor daquela instituição, confirmou à agência Lusa que a arguida foi alvo de uma primeira sanção disciplinar, de 15 dias de suspensão de trabalho, com perda de retribuição e antiguidade, e uma outra de 30 dias, com as mesmas sanções.
“Hoje ainda trabalha na instituição, mas já não lida com crianças e só faz trabalhos de coordenação geral na área da limpeza”, assegurou o responsável.
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