domingo, 30 de março de 2008

Viver com os Morcegos!...

Carsoscópio permite aos visitantes experimentar a sensação de ser morcego!
...................................................................
O Centro de Ciência Viva do Alviela, denominado Carsoscópio, faz sucesso entre os jovens alunos com as suas recriações da vida dos morcegos, escreve a agência Lusa.
É na «janela cársica», uma gruta criada pela erosão da rocha provocada pela passagem da água ao longo de milhares de anos, que, a partir de Abril, se reúne uma das maiores colónias de morcegos do país. São cerca de 5.000 indivíduos de 12 espécies, nove das quais inscritas no livro vermelho dos vertebrados em vias de extinção.
No Quiroptário, uma das três salas de exposição interactiva do Carsoscópio, os visitantes encontram uma réplica da gruta e podem experimentar a sensação de ser morcego. Os vários módulos permitem sentir o que é viver de cabeça para baixo, as diferenças de temperatura consoante estão a voar, a dormir ou a hibernar, como é bater as asas, como usar o som para «ver» no escuro, que quantidade de insectos precisam ingerir diariamente. Existem ainda ecrãs que permitem observar as imagens gravadas por quatro câmaras de infra-vermelhos, viradas para locais estratégicos desta «maternidade» de morcegos.
O percurso pedestre, com a duração de cerca de uma hora, permite observar ao vivo o que os jovens irão ver depois recriado no Geódromo, a sala mais popular do Carsoscópio, que proporciona uma viagem de 175 milhões de anos, onde alguns têm mesmo a sensação de voar. Aí está retratada a evolução geológica da região, situada no Maciço Calcário Estremenho, onde a permeabilidade da rocha calcária é responsável por fenómenos como o súbito desaparecimento da ribeira dos Amiais e pelas galerias, habitadas, de Abril a Setembro, por morcegos que aqui têm as suas crias.
Há ainda o Climatógrafo, um filme a três dimensões que descreve o clima na região e protótipos de uma estação udométrica, que mede a precipitação, e de uma estação limnigráfica, que mede o caudal do rio.
O Centro de Ciência Viva do Alviela, que ganhou o nome de Carsoscópio por se situar na mais importante região cársica do país, conta com tecnologia desenvolvida pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria.
............................................................
Fonte Agência Lusa - in Jornal "Portugal Diário"

sábado, 29 de março de 2008

Meio Ambiente

Crianças e jovens de Santarém vão "vigiar" estado do Alviela!
.............................................................

Crianças e jovens do concelho de Santarém "apadrinharam" o Alviela e, desde este mês, assumiram-se como "vigilantes" do rio, que visitam regularmente para "lerem" todos os sinais sobre o estado de um rio fortemente afectado pela poluição nos últimos anos.
As crianças do primeiro ciclo do agrupamento de escolas de Alcanede, o único que aderiu ao projecto camarário "Olimpíadas do Ambiente", vão estar "muito atentas" às ribeiras que passam junto às suas escolas e que integram a bacia hidrográfica do Alviela.
Equipadas com um "kit" fornecido pela autarquia, e escolhido o troço "adoptado", as crianças vão começar a medir regularmente parâmetros físico-químicos, estabelecidos pela Lei da Água, como o PH, os nitratos, o oxigénio dissolvido.
Por outro lado, com a ajuda de fichas de observação, os professores/monitores, que receberam formação específica, ensinam a reconhecer os bio-indicadores, as espécies, na água e nas margens, que permitem ajuizar da qualidade do rio.
Noutra frente, alunos do curso profissional de Gestão Ambiental da Escola Secundária Sá da Bandeira escolheram já dois troços do Alviela, um junto ao "mouseiro", em Vaqueiros, e outro junto à foz, em Vale de Figueira, para "vigiarem" o rio.
Munidos dentro em breve de um "kit" mais sofisticado, os jovens começaram já a fazer recolhas que serão analisadas em laboratório.
O Alviela pretende ser o mais recente aderente ao projecto "Rios", que envolve já 70 grupos de pessoas, essencialmente de escolas, de todo o país, que "adoptaram" troços de 500 metros de linhas de água que "precisam de ajuda".
A formalização da adesão do Alviela ao projecto Rios deverá acontecer ainda este mês, depois da aprovação, pelo executivo camarário, do protocolo a celebrar entre a autarquia e a Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA).
O projecto "Rios", que envolve a ASPEA, a Associação de Professores de Geografia, a Liga para a Protecção da Natureza e a Faculdade de Engenharia do Porto, arrancou no terreno há dois anos com 20 grupos de observação, número que cresceu para os actuais 70, afirmou.
O projecto iniciou-se em 1999 na Catalunha (Espanha), onde actualmente existem já 630 grupos de observação, tendo-se estendido igualmente à Galiza (230 grupos), com grande participação das famílias.
.....................................................................
in Jornal "O Mirante" - edic. online 29.03-08

sexta-feira, 28 de março de 2008

Recordações da Minha Infância!...

... após um dia de enorme cansaço, chegava a noite e era à luz do candeeiro a petróleo, que ainda tinha alguma energia para estudar, antes de ir para o repouso da minha cama com colchão de palha e camisas de milho. Está em minha memória, as tremuras motivado pelo frio que passei nas manhãs regeladas, as tempestades de chuva forte e o som do vento agreste, vindo das bandas das Serras Aire e Candeeiros e do calor ardente das tardes quentes dos meses de Verão, quando me deslocava na minha bicicleta para a ida e regresso da Escola Industrial e Comercial de Torres Novas. Percorria diáriamente, mais de quarenta quilómetros na minha "companheira Garota" (marca da minha bicicleta)!...
.............................................
in "Meio Século de Vida - Memórias" - A. Anacleto

Louriceira - Recordando as Festas!...

No verão de 1987, as Festas no burgo Louriceirense foram assim:
Dias 7, 8, 9, 10 e 11 de Agosto

- Sexta – feira, primeiro dia de festa, ao fim da tarde a população jubilou quando ouviu o som dos morteiros a anunciar mais uma festa na sua terra. Não se fez esperar pela abertura da quermesse e do bar, alguns acorreram ao arraial para tomar a primeira bebida, o tempo quente convidava para tal. Também não resistiram sem comprar a primeira rifa na quermesse. A noite chegou, e a primeira dança foi ao som dos acordes do conjunto “Nova – Mente” contratado para a animação nocturna deste primeiro dia de festa.
- No Sábado, como costume, não faltou a alvorada pela penumbra da manhã. Chegou a Banda Filarmónica de Alcanede, que após as boas vindas aos festeiros, não perderam tempo para acompanhar o içar da bandeira e iniciar o peditório com saudação à população, com belos acordes musicais enquanto o fogueteiro ia lançando um ou outro foguete. Ao início da tarde, as pessoas mais religiosas concentravam-se na igreja, para dar os últimos retoques nos andores que transportariam as imagens religiosas pelas ruas da freguesia durante a procissão. Depois da habitual missa solene iniciou-se a procissão. Após o termo dos actos religiosos, não se fez esperar para o início do arraial, as meninas festeiras corriam para a quermesse para iniciar a venda das rifas e das flores. A Filarmónica tocou a primeira música do concerto da tarde. O leiloeiro preparava a voz para iniciar o leilão das vistosas fogaças. As fogaceiras, com os seus vestidos novos, não se cansavam de as olhar porque foram ornamentadas e oferecidas com carinho e primor. Ao fim da tarde iniciava-se o jantar na esplanada do arraial para muitas pessoas da aldeia e forasteiros. Enquanto jantavam e bebiam calmamente, escutavam os primeiros temas musicais executados pelo conjunto “Sigma” que viajou de Alhandra.
- No dia seguinte, – Domingo, mais uma vez as gentes da terra deram uma volta no seu reduto de descanso, quando os foguetes foram lançados mais uma vez do alto do moinho de vento anunciando a alvorada do dia. Á tarde, houve muito movimento na quermesse com a venda de rifas, o leiloeiro saltava para o palco para iniciar a venda de artigos ofertados à festa. Pelas dezassete horas, chegou um autocarro ao largo, transportando o Rancho Folclórico Infantil das Fazendas de Almeirim, que vinham animar com as músicas e danças Ribatejanas os “pequenos e graúdos” que estavam concentrados no arraial popular. Chegou a noite e o conjunto “Top Less” que fez mais uma viagem do outro lado da serra subiu ao palco para iniciar o baile que se prolongou pela madrugada com muita alegria dos foliões da noite.
- Chegou a Segunda-feira quarto dia de festa. Uma vez mais houve “rabugice” com o barulho do foguetório. Pela tarde realizaram-se os Jogos Tradicionais. O bacalhau acabou por não ser recolhido do topo do Pau Ensebado e o galo acabou por cantar mais alto porque não houve perícia por parte dos concorrentes para ganhar o jogo. A lua cheia surgia do lado nascente, era o início da noite. Já o conjunto “Dilectus” tinha os instrumentos preparados para animar o baile ao serão e o locutor Carlos Corveiro “apurava” a voz para apresentar mais tarde a artista de variedades ANA, que seria a atracção das festas. Espectáculo que se prolongou pela noite dentro, continuando depois o baile até ao raiar da madrugada.
- Terça-feira, último dia da festa do ano. Casados e solteiros juntaram-se uma vez mais no campo da Pedrinha para conviverem praticando futebol, enquanto outros mais idosos se concentravam no adro para iniciarem mais uma série de Jogos Tradicionais. Ao fim da tarde, houve teatro - o Grupo Cénico da freguesia subiu ao palco para representar uma peça, que foi do agrado da assistência. Á noite foi o final com a animação musical do agrupamento “Top Less”.
.....................................................
in "memórias das festas" - A. Anacleto

Estou Triste!...

Máquinas da central eléctrica vandalizadas: perda irreparável
para o património torrejano

Foi um choque quando se deu pelo sucedido na tarde de terça-feira. As máquinas da antiga central eléctrica, únicas no país, estavam totalmente esventradas pelos caçadores de cobre. As ruínas contíguas ao edifício foram a porta de entrada dos ladrões, que gozaram assim de total segurança visual e sonora, talvez durante meses, sem que ninguém da Câmara tivesse dado por isso.
Na tarde de terça-feira, uma pessoa que mora perto da antiga Central Eléctrica do Caldeirão achou estranho que um indivíduo se deslocasse para a zona das ruínas do lagar, com uma picareta na mão. Avisou a polícia, que se confrontou já só com um homem dentro do edifício da Central. A porta de entrada foi um buraco na parede feito na garagem, a partir das ruínas do lagar. Era por aí que os indivíduos entravam e faziam sair o material, para o lado do Almonda Parque. Muitas vezes foram vistos a entrar para as ruínas pela pessoa que falou ao JT, mas nunca se pensou que estava ali uma acção demorada e meticulosa de roubo do cobre dos vários maquinismos das turbinas e geradores da central.
Durante muito tempo, dois ou três meses, os indivíduos foram esventrando as máquinas para retirar o cobre, deixando-as totalmente destruídas em termos dos seus mecanismos eléctricos. O requinte chegou à situação de abrirem o chão à picareta para retirada de fios. Como as portas do edifício, à guarda da Câmara Municipal, estavam sempre fechadas, quem passasse pelo local nunca suspeitaria que havia gente a "trabalhar" lá dentro. Fonte da PSP disse ao JT que o indivíduo acabou por não ser detido porque não havia qualquer queixa do dono do edifício, embora tenha sido confrontado com fios de cobre na mão e ferramentas.

Património raro

Duas turbinas hidroeléctricas, uma de 1936 outra de 1937, foram destruídas nas suas componentes fundamentais, o que impede que sejam postas a funcionar. Também os dois geradores, um dos quais funcionou com a máquina a vapor da primeira central eléctrica do Matadouro, depois mudada para o Edifício Parque, da empresa de José Manuel Ferreira, mais antigo ainda que as turbinas, foram alvo da destruição.

Este conjunto foi considerado único no país quando o departamento de museologia da EDP o quis levar para a Central Tejo, em Lisboa, no início dos anos 80 do século passado, como demonstrativo das primeiras centrais eléctricas portuguesas ainda a funcionar, como explicou ao JT fonte da Associação de Património.

A destruição deste núcleo hidroeléctrico é, assim, um dos maiores golpes de sempre de que foi alvo o património industrial torrejano e constituía o conjunto nuclear do Centro de Ciência Viva previsto para o local. Sem este património, em bom estado e preparado para funcionar como demonstração, é o próprio Centro de Ciência Viva que poderá perder qualquer razão de ser.

Um cenário perfeito

O edifício estava sob a alçada da Câmara Municipal e as suas portas devidamente fechadas. No entanto, o facto de ninguém lá ter entrado há muito tempo, uma situação talvez anormal, permitiu que o vandalismo continuasse tranquilamente. Mas, tem de se dizer, este crime só foi possível pela existência das ruínas do lagar que ali permanecem impunemente há décadas. Elas foram a camuflagem para a entrada no edifício da central através do arrombamento da parede e para as entradas e saídas em perfeita segurança para os criminosos.
.........................................................
in Jornal "Torrejano" - edição online - 28.03.08
.........................................................
Estou triste pela destruição daquele valioso património.
A. Anacleto

Recordações da Minha Adolescência!...

… chegou a hora de fazer a barba a primeira vez! Desloquei-me com o Cardoso, à barbearia improvisada do Julião. Ainda mantenho o cheiro do “pó de arroz” que ele me colocou na face, após cortar a “fina pelugem”. Foi difícil fazer a barba ao Cardoso. Tinha cócegas e tremia o lábio superior, não deixando de sorrir. O que o Julião “sofreu”, com a navalha de barbear na mão!...
..............................................................
in "Meio Século de Vida! - Memórias" - A. Anacleto

quinta-feira, 27 de março de 2008

Tradições Populares



Márinho - 2º a contar da esquerda da fila de baixo.
.............................................................
Uma (v)ida sem rumo

Na escola era um bom aluno. Sempre muito bem atilado, menino da sua avó, que o tratava com desvelo e lhe substituía os pais, que mal conheceu.
Nada faltava ao Marinho. Bem vestido, bem calçado dono da melhor bola de futebol, fazia inveja aos outros putos.
Cresceu com a bola nos pés e a Louriceira conheceu naqueles idos anos 50 a melhor equipa de futebol de sempre. Zé Rui, Sá Tó, Zé dos Santos, Parreira, Marinho e outros da turma, arrancaram em cada Domingo uma taça, um troféu ou um simples símbolo de uma vitória.
Marinho vivia apenas para isto. Sua avó sempre pensou que se arranjaria em Lisboa um bom emprego para o seu menino. Afinal ele era um craque do futebol…
No entanto a sua 4ª classe nunca chegou para aquela ambição.
Chega a idade de ir à tropa e o Regimento de Caçadores atira-o para a primeira linha na guerra de Angola.
Marinho regressa dois anos depois, irreconhecível, doente, mentalmente destroçado, correndo sem rumo, de noite e de dia, as ruas da aldeia.
Sem apoio, porque a sua avó falecera, sem família, o ex-craque deambulou e desapareceu.
Muitos anos depois aparece na Louriceira, meio descalço, meio despido, cara escondida atrás duma barba de anos, sujo, de saco às costas, amparado a um pau. Logo que foi reconhecido sumiu-se…
Sabe-se hoje que é um dos muitos “sem abrigo” que vegetam por Lisboa. Aquela cidade sonhada para um bom emprego.
Não pede nada a ninguém. Vive (?) da caridade de quem lhe oferece. Demente, percorre a cidade sem paradeiro certo.
Necessita (necessitava, logo que regressou da guerra colonial) ser tratado da doença de que foi vítima.
Hoje, que tanto se fala de solidariedade, haverá por aí que cuide e trate do Mário Grilo?
Seria bem melhor do que nos ficarmos pelo ditado: “Quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga».
............................................................
in "Nossa Terra, Nossa Gente" - José da Luz Saramago
Publicado no Jornal "O Alviela" - 17.01.1997

quarta-feira, 26 de março de 2008

Recordações da Minha Adolescência!...

... olhando a janela do meu “local de refúgio”, medito ao recordar o meu inseparável “lenço de cor grenat”, o meu pulóver creme que faziam “furor” quando entrava nas salas de baile e o chapéu preto de aba larga, que usava no Carnaval e que me fazia inspirar nas récitas das quadras de amor às moças operárias das fábricas têxteis de Minde...
........................................
in "Meio Século de Vida - Memórias" - A. Anacleto

Louriceira - Recordando as Festas!...

Em 1986, foram assim as Festas de Verão no nosso burgo:
Dias 8, 9, 10, 11 e 12 de Agosto
- Sexta – feira à tarde, iniciaram-se os festejos deste ano com uma salva de morteiros. Á noite grande baile no arraial com o Grupo Musical que viajou de Queluz – “Arte & Manhas”, fizeram furor principalmente na juventude naquela noite.
- Sábado a população acordou com a salva de morteiros que dava início à alvorada. Chegou a Banda Filarmónica de Vilar dos Prazeres, após o içar da bandeira, deu-se início ao peditório. Após o almoço, iniciaram-se as solenidades religiosas com missa e procissão. Lá surgiram mais uma vez as fogaceiras com as fogaças à cabeça, muito bem ornamentadas e recheadas. Depois, foi o início do arraial popular, com concerto pela Filarmónica Vilarense e o animado leilão, enquanto um ou outro rapaz trocava um olhar e um piropo com alguma menina simpática que ia vendendo flores. Ao princípio da noite chegaram da Cova da Piedade os elementos do Conjunto Musical “Cosmos” que fizeram a animação nocturna.
- O Domingo foi um dia enorme de cultura musical. Depois de uma tarde bem passada no arraial, com comes e bebes e continuação do leilão, não faltando o bom movimento na quermesse, chegou a noite e subiu ao palco PEDRO BARROSO acompanhado dos músicos de elevada qualidade que proporcionaram uma noite musical de reconhecidos méritos. O adro estava repleto de assistência que vibrou com a qualidade do espectáculo. De seguida houve baile animado por um grupo de boa qualidade musical vindo de Tomar – “Herus”.
- Segunda – feira não deixou ficar mal a festa. Belo dia de verão. Depois da alvorada pela manhã, alguns louriceirenses não resistiram em ficarem deitados até um pouco mais tarde, para terem energias suficientes para participarem nos Jogos Tradicionais que se desenrolaram à tarde no recinto do arraial. Pelas vinte horas, mais uma vez houve muita alegria com a exibição de um Rancho Folclórico da lezíria ribatejana – Vale de Figueira. Mais tarde com a noite em temperatura amena, “Top Less” de Minde, animou as gentes da região com música adequada para um pézinho de dança.
- Terça – feira, último dia de festejos deste ano. Durante a tarde enquanto se desenrolavam os Jogos Tradicionais no adro da igreja, local do arraial, no campo da Pedrinha havia futebol. Jogo entre casados e solteiros. Depois foi a confraternização de camaradagem entre os participantes. Á noite o “Conjunto Típico da Região do Alviela” animou o serão com belos temas da música portuguesa.
..........................................................
Do livro "memórias das festas" - A. Anacleto

segunda-feira, 24 de março de 2008

Festas Tradicionais - Reportagem

Hoje, fizemos reportagem nas Festas em Honra de Nossa Senhora da Boa Viagem na Vila Histórica de Constância.
Em mais de 200 anos, pela primeira vez, uma bênção foi dada no próprio Tejo pelo sacerdote da paróquia a partir de uma embarcação, de entre as muitas dezenas que se encontravam nos rios.
Mantendo as seculares tradições, o percurso da Procissão em honra da padroeira dos marítimos foi feito por milhares de pessoas integralmente em terra, o que constituiu uma característica única entre os diversos locais do país que têm esta evocação a Nossa Senhora da Boa Viagem. Com este acto simbólico houve uma maior proximidade com a cerca de meia centena de embarcações que participaram neste grandioso cortejo fluvial.
As embarcações representativas da quase totalidade dos municípios ribeirinhos foram recebidas com salva de foguetes e saudação musical pela Banda da Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro.
Muitas tripulações das embarcações estavam trajadas de forma tradicional, lembrando os tempos em que os rios eram estradas e deles vinha o ganha-pão de grande parte da população.
..........................................
A. Anacleto

domingo, 23 de março de 2008

Tradições Populares



...........................................
"Ti Belmira com o Marido"
Não tiveram filhos, mas amavam as crianças!...
...........................................
"QUEBRANTO"
Quando um indivíduo tem, repentinamente, fortes dores de cabeça, boceja frequentemente, sente um mal-estar geral do organismo e uma moleza interior, atribui-se, nas nossas aldeias, muitas vezes, ao “mau-olhado”.
Estamos então na presença do “Quebranto”.
Nestes casos, costumam as pessoas dizer, que nenhum médico o curará, que só certas mulheres têm poder de tirar o “Quebranto”.
Na Louriceira à cerca de meia dúzia mas é, normalmente, à senhora Belmira que muita gente aflita recorre. Ela, que também endireita a espinhela, tem outras virtudes e sabe rezar o responso de Santo António.
Neste caso de “Quebranto”, a senhora Belmira coloca em frente do paciente um prato com água, onde deita três pingos de azeite e enceta a oração:
- Fulano (cita o nome do paciente) tem “quebranto”. Dois lho deram, dois lho tiraram. Pai e Espírito Santo.
Segue-se um Padre Nosso e uma Avé-Maria e repete a ladainha nove vezes. E continua:
- Em louvor do Santíssimo Sacramento o mal vai para fora e o bem para dentro.
- Todo o mal vá para o fundo do mar e o bem venha para casa de (cita o nome do doente). Os anjos do céu digam comigo “ámen, ámen, ámen”.
Toda a ladainha é repetida durante nove dias seguidos, ao que se segue a cura do paciente, ao mesmo tempo que se vão espalhando as três gotas de azeite que estavam no prato com água.
...........................................
in "Nossa Terra, Nossa Gente" - José da Luz Saramago
Publicado no Jornal "O Alviela" em 08.07.1990
...........................................
A. Anacleto

sábado, 22 de março de 2008

Louriceira - Recordando as Festas!



...........................................................
No Verão de 1983, foram assim as Festas no Adro da Igreja na Freguesia de Louriceira:
Dias 5, 6, 7 e 8 de Agosto
No dia cinco pela tarde, foi o início das festas deste ano com o lançamento de uma salva de morteiros e a abertura do bar. Á noite a animação esteve a cargo do Conjunto “Psicose” de Queluz.
No sábado pelas oito da manhã, ribombaram foguetes anunciando a alvorada. A Banda de Alcanede viajou uma vez mais a terras louriceirenses para fazerem parte nos festejos. Foi o peditório na sede da freguesia pela manhã. Á tarde. pelas 14 horas, iniciaram-se os actos religiosos com a celebração da missa solene e a procissão. Depois pelas 16 horas começou o arraial com o funcionamento da quermesse e do bar, onde não faltou o leilão das fogaças tudo ao som da música da Banda. A noite foi animada com o Conjunto “Europa” de Lisboa, que fizeram vibrar “velhos e novos” com a música variada que apresentaram naquela noite quente de verão no adro da igreja.
No Domingo mais uma vez as gentes da terra, tiveram que acordar ao som estridente dos foguetes lançados no alto do moinho que anunciavam a alvorada do dia. Pela manhã procedeu-se ao peditório no Carvalheiro. Á tarde houve animação no arraial com a continuação do leilão, quermesse, bar a funcionar em força e a animação do Rancho Folclórico que viajou do Covão do Coelho. Á noite subiu ao palco a Banda “Sinal” de Lisboa que animou as gentes locais e forasteiros com música variada de qualidade.
Na Segunda – Feira, último dia das festas deste ano, mais uma vez os louriceirenses, foram acordados pelo foguetório matinal, anunciando mais uma alvorada. Pela tarde, no arraial não faltaram os jogos tradicionais e as provas desportivas. À noite viajou de Santarém o conjunto “New Band” para animar o baile intercalado com o espectáculo de variedades no qual fez parte a artista FERNANDA do grupo “Cocktail” (actualmente esta artista tem o nome artístico de Ágata).
...................................................
in livro "Memórias das Festas" - A. Anacleto

sexta-feira, 21 de março de 2008

Semana Santa



...............................................
Hoje Sexta - Feira Santa, marcámos presença na Procissão do Senhor Morto, na Paróquia de Pernes.
...............................................
A. Anacleto

Recordações da Minha Infância!...

... recordo os jogos do pião, como a “Conicha” e a “Roda Bota e Fora”. O Cardoso primava-se pela apresentação dos melhores piões... não viesse ele de uma geração de carpinteiros e marceneiros! Recordo as brincadeiras no adro da igreja, quando caçava aranhões para travarem lutas ferozes e as “touradas improvisadas”. Na primavera, depois da saída da escola, lá partia com o Cardoso para o mato para a apanha do fruto do sargaço, (que denominávamos “apúticas")!. Também neste campo o Cardoso tinha arte na procura das mesmas... sempre colhia uma quantidade superior aos companheiros de infância!...
...................................................
in "Meio Século de Vida" - Memórias - A. Anacleto

quinta-feira, 20 de março de 2008

Tradições Populares

Pregões

De Espinheiro vinha o “Pistola” soprando na corneta e cantando: «sardinhas e carapaus»!...
O Cruz, de Pernes, na sua carroça, gritava: «Quem tem ovos e galinhas que queira vender»?...
Os pregões multiplicavam-se:
«Ferro velho, cêra ou lã. «Ourives à porta». «É barato, é barato, comprem. Trago Chita da tabela».
E quantas vezes os pregões se misturavam…
« Têm por aí trapos ou garrafas que queiram vender…»
«Chegou o homem da loiça, é tudo barato, é tudo barato!...»
A aldeia acordava ao som dos cânticos destes verdadeiros artistas, compositores das suas músicas e autores das letras dos seus pregões.
Era bonito de se ouvir e as pessoas tinham Às suas portas a satisfação das suas necessidades.
Se não tinham dinheiro, tinham fiado.
Se não compravam muito, contentavam-se com pouco.
O tempo era de uma sardinha “chegar” para três pessoas!...
«Deus dava o frio, conforme a roupa».
.................................................
in “NossaTerra… Nossa Gente” – José da Luz Saramago
Publicado no Jornal “O Alviela” – 04.07.1997

quarta-feira, 19 de março de 2008

Tradições Populares


As Mondas

Logo que a Primavera fazia brotar as ervas daninhas nas searas, as cachopas da nossa terra lá iam para a monda, contratadas pelas casas Ladeiras, Anastácio, Aníbal Machado, Domingos Bento, Joaquim Reis, entre outras, cantando alegremente as canções de todos os dias:

Olha o Laranjinha
Que caiu, caiu
Num regato d´água,
Nunca mais se viu.
A laranja foi à fonte
O limão foi atrás dela
A laranja bebeu água
E o limão, o sumo dela.

O almoço era constituído de sopas de pão com bacalhau num dia, no outro couves com feijões ou apenas pão com cebola frita, quando não com pão com azeitonas.
A jorna de 10$00 era pequena e o dia (do nascer ao pôr-do-sol), muito grande…. muito grande!
Mas as cachopas cantavam, ensainado as modas que iriam fazer o baile, de roda, na casa de ti-Ângelo, no domingo seguinte:

Fui ao jardim às flores
Com uma cestinha no braço
Encontrei o meu amor
Ai Jesus, daqui não passo.

Troca o par e passa à frente
Que o meu já vai trocado,
O amor qu´há-de ser meu
Já aqui vai ao meu lado.

Já aqui vai ao meu lado
Já cá vai à minha frente
O amor qu´há-de ser meu
Há-de sê-lo para sempre

De regresso a casa, já À noitinha, os rapazes esperavam-nas no largo.
A troca de olhares compensava o cansaço.
........................................
in "Nossa Terra… Nossa Gente"
José da Luz Saramago
Publicado no Jornal “O Alviela” – 20.06-1997

Louriceira - Recordando as Festas!...

12, 13 e 14 de Agosto
Os festejos louriceirenses deste ano, ficam nos pergaminhos da história das festas da freguesia, pela qualidade do programa elaborado. Ora vejamos:
O primeiro dia, começou pela tarde com o lançamento de uma salva de morteiros e a actuação da Fanfarra dos Bombeiros de Alcanena, anunciando pelas ruas da aldeia que estavam a iniciar os festejos populares do ano. À noite, o conjunto de Mira de Aire “Transe” animou a gentes no adro da igreja, onde se notava já boa alegria onde não faltava a boa pinga e o belo petisco servido no bar.
No sábado, logo pela manhã foi a alvorada e o içar da bandeira. Chegou a Banda de Azinhaga do Ribatejo, o qual se iniciou de imediato o peditório na sede da freguesia. Após o almoço, iniciaram-se as actividades religiosas com a habitual missa solene e procissão. Depois foi o início do arraial com muita alegria animado pelo concerto de qualidade da Banda Filarmónica. As estrelas da noite brilharam mais, quando subiu ao palco a Banda “Herus” de Tomar para animar o baile até de madrugada.
No Domingo, as gentes da terra mais uma vez quando estavam dormindo profundamente, acordaram algumas delas rabugentas com o rebentamento dos morteiros anunciando mais um dia de festa. As crianças sorriram ao assistirem à actuação do Teatrinho - Grupo de Teatro de Santarém que apresentou a peça “Era uma vez...”. Também os mais graúdos tiveram uma tarde animada com a actuação do Grupo de Musica Popular Portuguesa “Terra Brava” que fizeram vibrar a assistência. A noite iluminou-se com a actuação do conjunto vindo de Tomar “Templários” que animaram velhos e novos com a sua variada música.
A Segunda – Feira foi enorme com a presença do artista de renome internacional – PACO BANDEIRA. Chegou pela tarde à Louriceira com os elementos da sua banda, os quais conviveram com as gentes Louriceirenses, enquanto se realizavam os Jogos Tradicionais e o Torneio de Tiro ao Alvo. Á noite, foi a vez de subir ao palco o conjunto “Europa” que viajou de Almada para animar o baile. Pelas vinte e três horas actuou Paco Bandeira e a sua Banda, tendo realizado uma actuação memorável que ficou gravada nas memórias dos louriceirenses e forasteiros que se deslocaram à festa da nossa terra.
Na terça – feira, foi o culminar dos festejos com a realização á tarde dos Jogos Tradicionais o do Jogo de Futebol entre casados e solteiros. Á noite brilhou o conjunto “Top Less” de Minde.

sábado, 15 de março de 2008

Desporto - Atletismo

Foto: A. Anacleto
CAMPEONATO NACIONAL CURTO DE CORTA MATO
...................................

Hoje,marcámos presença em Porto de Mós, para realizar cobertura fotográfica dos Campeonatos Nacionais Curtos de Corta Mato.
Bastante participado por atletas de vários escalões, oriundos de várias regiões do país, teve como vencedores nos escalões máximos, Seniores Femininos: SARA MOREIRA do Maratona e MÁRIO TEIXEIRA do Sporting Club de Portugal no escalão de Seniores Masculinos.
Por lá encontrámos grandes vultos do Atletismo Nacional, entre os quais, destacamos o encontro do Presidente da Federação Portuguesa de Atletismo - Prof. Fernando Mota e a grande atleta olimpica de épocas remotas - Manuela Machado.
.............................
MANUELA MACHADO
Maria Manuela Machado, nasceu próximo de Viana do Castelo, em 09/08/1963. Desde muito cedo, ingressou no Sporting de Braga, onde, integrada numa super equipa (Conceição Ferreira, Albertina Machado, Rosa Oliveira,...) foi várias vezes vencedora da Taça dos Campeões Europeus de Corta-Mato.

As Grandes Vitórias Individuais

Em, 1992, nos jogos Olímpicos de Barcelona, surge o primeiro sinal de glória, Manuela é sétima classificada na maratona, com 2:38:22
Em 1993, nos Mundiais de Estugarda, Manuela ganha a medalha de prata, fazendo 2:30:54.

Europeus de Helsínquia 1994

Depois da medalha de prata em Estugarda, nos Europeus de Helsínquia, Manuela conquista a sua primeira medalha de ouro em grandes competições com 2:29:54. Ao cortar a meta, Manuela beijou o tartan do estádio. " Ao contrário do costume, não dormi bem. Não, não eram os nervos, que isso nunca sinto, era medo de não acordar a horas. O beijo no chão foi instintivo. Depois corri em busca de uma bandeira que comprara em Viana e que pedira à Sameiro que guardasse em segredo."
Manuela Machado, com esta vitória, garantiu a continuidade do título Europeu da maratona em Portugal, depois de Rosa Mota ter ganho as três edições anteriores.
Mundiais de Gotemburgo -1995

A vitória nos Mundiais de Gutemburgo valeu a Manuela um Mercedes. " Mas que grande máquina! Vou escolher um verde garrafa, afinal sou do Sporting, só que também lhe digo que não é carro que faça muito o meu estilo, vai ser para o meu marido conduzir, eu vou ficar com o meu Opel Corsa."

Jogos Olímpicos de Atlanta-1996

Em Atlanta, Manuela Machado não conseguiu fazer melhor do que quatro anos antes, em Barcelona. Voltou a ficar em sétima na maratona Olímpica, fazendo 2:31:11

Mundiais de Atenas-1997
Nos Mundiais de Atenas, Manuela conquista a sua segunda medalha de prata em Campeonatos do Mundo. Torna-se a única maratonista a conquistar 3 medalhas em campeonatos do Mundo.
Europeus de Budapeste - 1998

A três dias do ataque à defesa do título de Campeã Europeia da Maratona, Manuela Machado começou a sentir picadelas na garganta e assustou-se. Tratada de urgência com antibióticos, a doença não lhe chegou à alma. Foi para a estrada e cumpriu o seu destino. Atacou aos 30 quilómetros, e " só não foi antes porque a Sameiro não me quis dar ordem de soltura até aí". Cortou a meta com os pés encharcados em sangue, com um novo record dos campeonatos 2:27:10, melhorando o tempo que Rosa Mota obteve em 1986.
A maratona em grandes campeonatos só se abriu às mulheres em 1982. De Atenas 1982 a Budapeste 1998 16 anos se passaram e o título Europeu nunca saiu de Portugal. Rosa Mota ganhou os três primeiros, Manuela os dois seguintes.

Jogos Olímpicos de Sidney - 2000
Em Sidney Manuela Machado foi traída pela doença que a atacou antes da prova. Terminou na vigésima primeira posição.
Manuela confessa que entrou na prova derrotada. “Sentia-me péssima, sem forças, transpirava por todos os lados, tinha febre e diarreia (certamente dos medicamentos que tomara). Na noite anterior não conseguira dormir, com dores de garganta e o nariz todo entupido.” Já nos dias anteriores Manuela sentira dores de garganta, mas apenas se queixou ao médico. No entanto, não tinha febre, que surgiu apenas na noite de sábado para domingo. “Acordei mesmo mal, sem forças...”
O percurso da maratona passa, nos seus quilómetros iniciais, a ponte mais famosa de Sydney, a ponte do porto. Depois, segue pelo centro da cidade, antes de sair em direcção ao estádio olímpico. “Não me lembro de nada. Falaram-me numa ponte e não me recordo de ter passado nenhuma. Falaram-me no centro da cidade e não me lembro de ver casas. Nem das pessoas ao longo do percurso. Eu só segui a linha azul que marca o percurso. E até achei o percurso fácil. Não senti nenhumas dores musculares. Ia lá só por ir, só para acabar a prova, sem lutar.”
Manuela confessa que muitas vezes pensou em desistir. “Sim, muitas, muitas. Mas, depois, como iria para casa, para a Aldeia? Por isso me fui deixando ir.” A parte final da prova, entre os 30 e os 40 km, foi percorrida em quase 40 minutos. “Não tenho noção nenhuma disso. Só sei que a dada altura, numa subida, cheguei a andar. Mas não tenho a noção em que parte da prova foi.”

Depois da prova, Manuela Machado foi conduzida à enfermaria do estádio, onde esteve mais de uma hora. “Foi horrível, estava com 39,7 graus de febre mas cheia de frio. Colocaram-me placas de gelo pelo corpo, para baixar a temperatura, e deram-me soro, dois litros.” Manuela diz não ter sentido medo. “Estive sempre consciente, embora bastante fraca e com dores horríveis na garganta. Mas senti-me confortada por ter o dr. Paulo Beckert a meu lado.” Manuela Machado, que nunca desistiu numa maratona, também nunca passara por uma enfermaria no final da prova. “Acontece aos melhores... Mas tenho a certeza de que muito poucos campeões do Mundo, no meu lugar, teriam corrido. Mas eu, nem que fosse para fazer só 10 ou 15 km, teria de partir. Nunca mais me iria sentir bem se não o fizesse.”

sábado, 8 de março de 2008

Imagens da Região Louriceirense!...

Imagens propriedades do autor deste blogue, recolhidas na região Louriceirense.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Tradições Louriceirenses...



O “Bate – Certo”

Antes da proliferação das fábricas de curtumes no nosso concelho, os homens e mulheres da Louriceira ocupavam-se, quase exclusivamente, do trabalho agrícola.
Na Quinta de Alviela trabalhavam muitos dos nossos conterrâneos e deles se contam algumas estórias.
“Ti-Jaquim Bate-Certo” era um desses trabalhadores pacíficos, honestos e simples que caracterizavam os louriceirenses.
Nos sábados, à tardinha, ou já de noite, depois da “despega”, os rurais formavam uma fila para receber o salário.
Quando chegava a vez do Ti-Jaquim, este estendia os braços, aparando a sua féria com o barrete.
Certa vez o capataz perguntou-lhe porque razão nunca contava o dinheiro.
«Ora, senhor Januário, “nã” preciso. P´lo peso da carapuça logo vejo que bate certo».
E daqui lhe nasceu a alcunha.

José da Luz Saramago
in Jornal "O Alviela" - 20.12.1996

domingo, 2 de março de 2008

Recordando!...

As Sortes
.................................
- Ó Manel, já lá está o edital!... Vamos às sortes no dia 25!
- “Atão” temos que falar aos tocadores…
E, correndo de contentes, foram avisar o Joaquim, o António, o Zé e os outros rapazes que completavam vinte primaveras naquele ano de 1944.
Nessa altura não se falava de outra coisa.
As semanas, os dias e as horas pareciam demasiado lentas àqueles mancebos ansiosos por saber se iriam ter a honra de envergar a farda militar e livrar-se do trabalho no campo, de sol-a-sol, ou das oito horas a puxar coiros na fábrica.
Tudo andava numa fona:
Ele era o alfaiate que, para ter os fatinhos de fazenda prontos, trabalhava sem descanso até altas horas da madrugada.
Ele eram as reuniões para os preparativos da festa: acertar a sala para o baile, enfeitá-la, falar aos tocadores, mandar vir os foguetes, combinar o passeio…
Ele eram as raparigas, alegres, na certeza de estrearem o seu vestidinho, mesmo que a chita fosse…
Finalmente, chegou o dia. Pouco depois do sol-fora já a música do banjo do João Loureiro, da viola do Raul e do pífaro do Gaíto rompiam a manhã, alegrando as gentes e aguardando a malta que nesse dia ia Às sortes a Alcanena, no edifício dos Paços do Concelho, ali frente à antiga praça.
De regresso, mais tristes uns de fitinha verde ao peito – sinal de terem ficado livres – ou amarela, se esperados para o ano seguinte e radiantes os “heróis” de fita vermelha, no peito saliente, porque iriam ter a honra de envergar uma farda.
Uma volta à aldeia, sempre acompanhados do conjunto musical, deitando foguetes aqui e ali, parando à porta de cada taberna, obrigatoriamente, provando a pinga.
À noite, no baile, na casa do tio Mateus, já não se vislumbrava tristeza na cara daqueles que tinham ficado livres à tropa. Todos, todos, partilhavam a mesma alegria. O vinho, forte, tinha-lhes dado força para pularem e dançarem toda a noite, até acabar o carboreto que dava luz no gasómetro.

José da Luz Saramago
in Jornal "O Alviela" - 27.03.1997
...................................
Militares Louriceirense em épocas remotas!...

Lugares da Freguesia de Louriceira - Olhos de Água

Lugar dos Olhos de Água, está inserido na freguesia de Louriceira - Concelho de Alcanena. Além das nascentes do Rio Alviela, possuí Praia Fluvial, Parque de Campismo, Restaurante e Centro de Interpretação, no qual está inserido a Ciência Viva do Alviela, recentemente inaugurado pelo Presidente da República.

sábado, 1 de março de 2008

Recordando!...

Do Livro "Nossa Terra... Nossa Gente" - da Autoria de José da Luz Saramago, no qual, constam artigos publicados no Jornal "O Alviela" na década de 90, publicamos este, que descreve, como eram os Carnavais em épocas remotas no burgo Louriceirense.
................................
O Carnaval dos Anos 40
Carnaval, Carnaval português, o das cegadas, dos trapalhões mascarados que enfarinhavam quem por perto se chegasse; dos entronchados que, brincando, pregavam partidas aos mais desprevenidos. Carnaval dos confetes, das fitas, das caraças, das salas de baile enfeitadas.
De sábado gordo a quarta-feira de cinzas, era o pandemónio.
Deitar os entrudos, na segunda-feira gorda, constituía o quadro mais hilariante e, por isso, mais esperado da aldeia.
Ti-António Francisco recolhia durante todo o ano os lapsos dos conterrâneos de quem se sabia uma atitude anedótica, uma farsa involuntária.
Naquela noite percorria as ruas da Louriceira levando atrás de si meia população arrastada pela graça natural desta figura popular.
- Estás a pé ou a cavalo? – gritava Ti-António Francisco, no seu altifalante – um funil de grandes dimensões – ao primeiro visado da noite.
- Vem à janela para ouvires uma gaitada! Berra a música, rapaziada!
E as tampas das panelas, os latões e os penicos, qual orquestra afinada, chamavam o farsante para a frente da multidão a fim de ser julgado e poder desculpar-se.
- Com que então, levantaste-te, ainda de noite, para odenhares a cabra e, só depois de muito espremeres sem resultado é que deste conta de que não era a cabra, era o bode!... Tens direito a uma gaitada! Berra a música, rapaziada!
E, assim, de casa em casa, de gargalhada em gargalhada, se esgotava a noite de 2ª feira gorda.
É certo que o riso não matava a fome mas matava a tristeza.

JLS

Gente de Outros Burgos...


Sobreira Formosa, Freguesia do Distrito de Castela Branco - Beira Baixa.
Burgo da "Ti Maria Lopes". Conheceu um amor Louriceirense nos anos de 40 na sua terra. Casou e veio viver com seu amor no burgo Louriceirense.
Faleceu na década de oitenta.

Memórias Louriceirenses...

As Gentes, os Costumes e os Locais...
Imagens da freguesia de Louriceira entre as décadas trinta e sessenta do século XX!