quinta-feira, 20 de março de 2008

Tradições Populares

Pregões

De Espinheiro vinha o “Pistola” soprando na corneta e cantando: «sardinhas e carapaus»!...
O Cruz, de Pernes, na sua carroça, gritava: «Quem tem ovos e galinhas que queira vender»?...
Os pregões multiplicavam-se:
«Ferro velho, cêra ou lã. «Ourives à porta». «É barato, é barato, comprem. Trago Chita da tabela».
E quantas vezes os pregões se misturavam…
« Têm por aí trapos ou garrafas que queiram vender…»
«Chegou o homem da loiça, é tudo barato, é tudo barato!...»
A aldeia acordava ao som dos cânticos destes verdadeiros artistas, compositores das suas músicas e autores das letras dos seus pregões.
Era bonito de se ouvir e as pessoas tinham Às suas portas a satisfação das suas necessidades.
Se não tinham dinheiro, tinham fiado.
Se não compravam muito, contentavam-se com pouco.
O tempo era de uma sardinha “chegar” para três pessoas!...
«Deus dava o frio, conforme a roupa».
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in “NossaTerra… Nossa Gente” – José da Luz Saramago
Publicado no Jornal “O Alviela” – 04.07.1997