sábado, 15 de março de 2008

Desporto - Atletismo

Foto: A. Anacleto
CAMPEONATO NACIONAL CURTO DE CORTA MATO
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Hoje,marcámos presença em Porto de Mós, para realizar cobertura fotográfica dos Campeonatos Nacionais Curtos de Corta Mato.
Bastante participado por atletas de vários escalões, oriundos de várias regiões do país, teve como vencedores nos escalões máximos, Seniores Femininos: SARA MOREIRA do Maratona e MÁRIO TEIXEIRA do Sporting Club de Portugal no escalão de Seniores Masculinos.
Por lá encontrámos grandes vultos do Atletismo Nacional, entre os quais, destacamos o encontro do Presidente da Federação Portuguesa de Atletismo - Prof. Fernando Mota e a grande atleta olimpica de épocas remotas - Manuela Machado.
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MANUELA MACHADO
Maria Manuela Machado, nasceu próximo de Viana do Castelo, em 09/08/1963. Desde muito cedo, ingressou no Sporting de Braga, onde, integrada numa super equipa (Conceição Ferreira, Albertina Machado, Rosa Oliveira,...) foi várias vezes vencedora da Taça dos Campeões Europeus de Corta-Mato.

As Grandes Vitórias Individuais

Em, 1992, nos jogos Olímpicos de Barcelona, surge o primeiro sinal de glória, Manuela é sétima classificada na maratona, com 2:38:22
Em 1993, nos Mundiais de Estugarda, Manuela ganha a medalha de prata, fazendo 2:30:54.

Europeus de Helsínquia 1994

Depois da medalha de prata em Estugarda, nos Europeus de Helsínquia, Manuela conquista a sua primeira medalha de ouro em grandes competições com 2:29:54. Ao cortar a meta, Manuela beijou o tartan do estádio. " Ao contrário do costume, não dormi bem. Não, não eram os nervos, que isso nunca sinto, era medo de não acordar a horas. O beijo no chão foi instintivo. Depois corri em busca de uma bandeira que comprara em Viana e que pedira à Sameiro que guardasse em segredo."
Manuela Machado, com esta vitória, garantiu a continuidade do título Europeu da maratona em Portugal, depois de Rosa Mota ter ganho as três edições anteriores.
Mundiais de Gotemburgo -1995

A vitória nos Mundiais de Gutemburgo valeu a Manuela um Mercedes. " Mas que grande máquina! Vou escolher um verde garrafa, afinal sou do Sporting, só que também lhe digo que não é carro que faça muito o meu estilo, vai ser para o meu marido conduzir, eu vou ficar com o meu Opel Corsa."

Jogos Olímpicos de Atlanta-1996

Em Atlanta, Manuela Machado não conseguiu fazer melhor do que quatro anos antes, em Barcelona. Voltou a ficar em sétima na maratona Olímpica, fazendo 2:31:11

Mundiais de Atenas-1997
Nos Mundiais de Atenas, Manuela conquista a sua segunda medalha de prata em Campeonatos do Mundo. Torna-se a única maratonista a conquistar 3 medalhas em campeonatos do Mundo.
Europeus de Budapeste - 1998

A três dias do ataque à defesa do título de Campeã Europeia da Maratona, Manuela Machado começou a sentir picadelas na garganta e assustou-se. Tratada de urgência com antibióticos, a doença não lhe chegou à alma. Foi para a estrada e cumpriu o seu destino. Atacou aos 30 quilómetros, e " só não foi antes porque a Sameiro não me quis dar ordem de soltura até aí". Cortou a meta com os pés encharcados em sangue, com um novo record dos campeonatos 2:27:10, melhorando o tempo que Rosa Mota obteve em 1986.
A maratona em grandes campeonatos só se abriu às mulheres em 1982. De Atenas 1982 a Budapeste 1998 16 anos se passaram e o título Europeu nunca saiu de Portugal. Rosa Mota ganhou os três primeiros, Manuela os dois seguintes.

Jogos Olímpicos de Sidney - 2000
Em Sidney Manuela Machado foi traída pela doença que a atacou antes da prova. Terminou na vigésima primeira posição.
Manuela confessa que entrou na prova derrotada. “Sentia-me péssima, sem forças, transpirava por todos os lados, tinha febre e diarreia (certamente dos medicamentos que tomara). Na noite anterior não conseguira dormir, com dores de garganta e o nariz todo entupido.” Já nos dias anteriores Manuela sentira dores de garganta, mas apenas se queixou ao médico. No entanto, não tinha febre, que surgiu apenas na noite de sábado para domingo. “Acordei mesmo mal, sem forças...”
O percurso da maratona passa, nos seus quilómetros iniciais, a ponte mais famosa de Sydney, a ponte do porto. Depois, segue pelo centro da cidade, antes de sair em direcção ao estádio olímpico. “Não me lembro de nada. Falaram-me numa ponte e não me recordo de ter passado nenhuma. Falaram-me no centro da cidade e não me lembro de ver casas. Nem das pessoas ao longo do percurso. Eu só segui a linha azul que marca o percurso. E até achei o percurso fácil. Não senti nenhumas dores musculares. Ia lá só por ir, só para acabar a prova, sem lutar.”
Manuela confessa que muitas vezes pensou em desistir. “Sim, muitas, muitas. Mas, depois, como iria para casa, para a Aldeia? Por isso me fui deixando ir.” A parte final da prova, entre os 30 e os 40 km, foi percorrida em quase 40 minutos. “Não tenho noção nenhuma disso. Só sei que a dada altura, numa subida, cheguei a andar. Mas não tenho a noção em que parte da prova foi.”

Depois da prova, Manuela Machado foi conduzida à enfermaria do estádio, onde esteve mais de uma hora. “Foi horrível, estava com 39,7 graus de febre mas cheia de frio. Colocaram-me placas de gelo pelo corpo, para baixar a temperatura, e deram-me soro, dois litros.” Manuela diz não ter sentido medo. “Estive sempre consciente, embora bastante fraca e com dores horríveis na garganta. Mas senti-me confortada por ter o dr. Paulo Beckert a meu lado.” Manuela Machado, que nunca desistiu numa maratona, também nunca passara por uma enfermaria no final da prova. “Acontece aos melhores... Mas tenho a certeza de que muito poucos campeões do Mundo, no meu lugar, teriam corrido. Mas eu, nem que fosse para fazer só 10 ou 15 km, teria de partir. Nunca mais me iria sentir bem se não o fizesse.”