quarta-feira, 30 de abril de 2008

Recordações da Minha Juventude - Memórias

... surge a “rebeldia dos anos sessenta”. Tenho memorizado o sabor do primeiro cigarro que fumei. Está gravada na memória a ansiedade que senti, quando deixei crescer o meu cabelo (estávamos na época dos Beatles), a vaidade de vestir a primeira vez umas calças “à boca de sino”, e vestir uma camisa estampada, imitando flores de um jardim.
Tenho na mente, o momento que atravessei o rio Alviela no Areal, com o Cardoso, com o Loureiro e com o Salgueiro, todos do “mesmo ano” leais companheiros, para “mirar as moças” do outro lado do rio e fazer o primeiro “pézinho de dança” ao som do famoso acordeonista da região - Arlindo de Matos, num baile, numa tarde de Domingo, que se realizou na aldeia vizinha de Filhós…
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in"Meio Século de Vida" - Memórias
A. Anacleto

Espaço Poético...

Quadras Soltas
“Em Louriceira Vi Meu Amor...”

Em Louriceira vi meu amor
Numa rua muito sossegada
Quando a lua aparece
Vejo a minha namorada

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Em Louriceira vi meu amor
A cantar uma melodia
Eu disse-lhe com fervor
És uma santa… Maria

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Em Louriceira vi meu amor
Contemplando o firmamento
Transmiti-lhe o amor
Contido no meu sentimento

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Em Louriceira vi meu amor
Numa noite de magia
O frio fez-se em calor
E a noite em dia

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Em Louriceira vi meu amor
Junto ao adro passar
Que quadro mais bonito
Meu amor e o luar

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Em Louriceira vi meu amor
Algures numa rua
Tem um enorme valor
A doce luz que vem da lua

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Em Louriceira vi meu amor
Numa noite de tristeza
Lembro com saudade meu amor
Quando vi a tua beleza

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Em Louriceira vi meu amor
Bela com suas melenas
O Alviela corria com fulgor
Entre margens serenas
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in "Uma Aldeia... um Rio ...um Santo" - Quadras Soltas
Autor: A. Anacleto

terça-feira, 29 de abril de 2008

Louriceira - Vida Social, Desportiva e Cultural

Até finais do Século XX, foi assim a vida social, desportiva e cultural na freguesia de Louriceira:
"Vida Social, Desportiva e Cultural"

No ano de 1938 um grupo de jovens da freguesia decidiram criar um Grupo Desportivo na freguesia ao qual foi dado o nome “Os Belenenses”. Apesar das dificuldades na época para a prática desportiva, principalmente o futebol (não existia campo de futebol), lá iam praticando desporto aos Domingos em terrenos particulares, realizando jogos amigáveis com equipas de outras localidades vizinhas.
Em 1945 foi criada a Sociedade Recreativa Louriceirense Foot-Ball Club, a qual desenvolveu a prática do futebol naquela época.
No de 1955, o desporto na freguesia teve grande realce. Foi criado o Centro Instrutivo Louriceirense. Foi uma colectividade com grande dinâmica na área social, cultural e principalmente desportiva. A sede funcionava na Rua Direita. Em finais desta década, apesar de não existir energia eléctrica, esta colectividade adquiriu um televisor ( o 1º na freguesia) logo após o lançamento da televisão em Portugal. Era um motor movido a tractol que produzia a energia necessária para o funcionamento da iluminação da sede da colectividade. Todos os dias recebia um jornal diário – “O Século”. Possuía também uma pequena biblioteca.
Foi nesta época que se realizaram as obras de ampliação no campo de futebol que ficou denominado como “Campo da Pedrinha”.
Na modalidade de futebol, teve esta colectividade grandes pergaminhos. Tinha uma excelente equipa, praticamente constituída com a “prata da casa”, mas reforçada com alguns elementos de localidades vizinhas, principalmente de Vaqueiros. Fez furor nos diversos “Campeonatos das Aldeias” que se realizaram,na época, no antigo campo de futebol do Atlético Clube Alcanenense.
Nesta década, também se realizaram alguns circuitos de ciclismo. O atletismo, também marcou presença como modalidade desportiva, com a participação de alguns atletas em corridas de S. Silvestre que se realizavam em Alcanena.
Nas noites quentes de verão, gentes da Louriceira juntavam-se em confraternização em frente da sede da colectividade. De vez em quando, em grupo, realizavam-se umas corridas nocturnas, ou então iam praticar “natação nocturna” no Açude da Ferreira, no Rio Alviela. Tempos de lazer bastante saudáveis das gentes Louriceirenses. Na área da cultura popular, os bailaricos não faltavam de vez em quando, animados pelos melhores acordeonistas da região.
No início da década de setenta a nossa freguesia ficou mais pobre nestas áreas. “Morreu” o Centro Instrutivo Louriceirense.
Em 1984, um grupo de Louriceirense decidiram criar uma nova colectividade. O Centro Recreativo e Desportivo Louriceirense. Ficou a funcionar nas antigas instalações da padaria do Sr. João Guerra. Como era um espaço diminuto, a Junta de Freguesia passado algum tempo cedeu as instalações da antiga sede da Junta no Largo Luis Camões para funcionamento da sede da colectividade. Em 1990, com a abertura do Pavilhão Polivalente, ficou sediada naquelas instalações.
Esta colectividade tem desenvolvido ao longo dos anos um trabalho de elevada importância no desporto e na cultura.
Além do futebol de onze, com elevado realce nas participações em diversos torneios populares; destacamos as participações das equipas de futebol de cinco (masculina e feminina) nos campeonatos nacionais e regionais federados desta modalidade.
Foram de elevada qualidade os torneios de futebol de cinco organizados por esta colectividade durante diversos anos e realizados no Pavilhão Polivalente – chegou a ser considerado o melhor torneio popular do Ribatejo.
As modalidades de cicloturismo e atletismo também fizeram parte como secções desta colectividade, durante alguns anos.
Entre 1979 e 1990, realizaram-se as festas anuais em honra de Nossa Senhora da Conceição nos meses de Agosto. Eram o ponto de encontro das gentes de Louriceira e localidades limítrofes. Os emigrantes, faziam questão em marcar também presença neste período. Passaram nesta época pela Louriceira grandes nomes da musica portuguesa. Chegaram a ser consideradas as melhores festas de verão da região.
A Comissão Fabriqueira da Igreja realizava os festejos em honra de S. Vicente no dia 22 de Janeiro, para angariação de fundos para melhoramentos da igreja.
Foi criada também nesta década a Associação de Caçadores da freguesia. Hoje tem sede própria anexa ao Pavilhão Polivalente.
Em relação ao Carvalheiro não existe conhecimento de acções culturais e desportivas no historial do lugar.
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in "Louriceira - Freguesia Centenária" - Monografia
Autor: A. Anacleto

Tradições Populares

“Restaurante Alcanena”

Um passeio pela serra da Arrábida, mesmo de Inverno, é sempre revigorante para o corpo e inspirador para a alma.
A vegetação única, o mar, a paisagem, o clima, são factores que contribuem para o apelo a uma, mesmo que curta, visita.
De volta, entre Azeitão e Palmela, encontramos a Quinta do Anjo. À entrada, um enorme cartaz anuncia: Restaurante Alcanena a 500 metros.
Chegados, deparamo-nos com uma bela fachada, encimada por grandes caracteres dourados sobre fundo preto com o nome da casa.
Os ares da serra convidam-nos ao almoço e a curiosidade aguçam-nos a vontade de satisfazer ambos os desejos.
Descemos à cave, uma bela adega típica, artisticamente decorada. Presunto e vinho à discrição serve de “entrada” para o almoço.
Subindo à sala de refeições, aguarda-nos uma farta ementa.
Qualidade, abundância, higiene e preço, satisfazem.
Porquê o nome de Alcanena?
Um dia, ainda moço, o nosso conterrâneo Fernandes, pôs os pés a caminho à procura de trabalho, que só veio encontrar aqui. Guardou ovelhas o resto da vida. Entretanto, aqui casou e teve filhos. Toda a gente o conhecia por Alcanena. Aos filhos, também. Vieram os netos, o Joaquim e o Luís, mas continuam a ser os Alcanena. São os proprietários do restaurante. Que nome lhes haviam de por?
Naturalmente o nome porque são conhecidos: Alcanena.
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in "Nossa Terra, Nossa Gente" - José da Luz Saramago
Publicado no Jornal "O Alviela" - 22.11.1996

Espaço Poético...

Quadras Soltas
"Se teus olhos falassem"

Se teus olhos falassem
Corria o Alviela em sossego
Louriceira, se eles contassem
P´ra nós aquele segredo

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Se teus olhos falassem
Minha alma sentia amor
Se os meus também falassem
Aceitavas o meu doce amor

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Se teus olhos falassem
Como orquestra melodiosa
Diriam querida Louriceira
Que és a terra mais formosa

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Se teus olhos falassem
Tinham muito que dizer
Quando as festas da Louriceira
Eram de alegria e prazer

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Se teus olhos falassem
Das saudades que em ti vão
Talvez só a mim contasses
As mágoas do teu coração

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Se teus olhos falassem
As saudades que sentes
Talvez só a mim contasses
As mentiras que vão nas mentes

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Se teus olhos falassem
Dirias como a vida era bela
Se os verdes anos voltassem
Ao nosso rio Alviela

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Se teus olhos falassem
Te pedia com boa maneira
Meu amor vem
Às festas da Louriceira

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in "Uma Aldeia... um Rio... um Santo" - Quadras Soltas
Autor: A. Anacleto

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Espaço Poético...

Quadras Soltas
Louriceira tem um encanto...
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Louriceira tem um encanto
Num luar de claridade
Quando esse luar tem primor
Lembro a minha mocidade

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Louriceira tem um encanto
Nos traços do seu passado
Sua história em cada canto
Em cada canto o seu fado

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Louriceira tem um encanto
Quando em dias de solidão
Enxuga meigamente meu pranto
E embala meu coração

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Louriceira tem um encanto
E um panorama de magia
Escuta a poesia que eu canto
Com o Alviela por companhia

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Louriceira tem um encanto
De tal modo sedutor
Até o rouxinol com seu cante
Rende-lhe feitos de amor
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in "Uma Aldeia... um Rio... um Santo" - Quadras Soltas
Autor: A. Anacleto

domingo, 27 de abril de 2008

Música de Outras Épocas!...

Conjunto Típico da Região do Alviela

Este grupo musical, do qual faziam parte elementos Louriceirenses, fizeram furor durante épocas, na região e outros locais do país.
Recordamos nostálgicamente os acordes bem "repenicados" do pífaro do amigo e parente "Gaíto", vibrávamos com o som do banjo do amigo João Loureiro, nas festas, bailes e convívios na região.
Animavam gente do povo. Os lábios do "parente" Gaíto de vez em quando, lá tinham que ser "regados" com um "copito" do bom tinto, para a gaita de bambum, emitir os repenicados sons, aquando duma modinha tradicional do povo.
Outras épocas... outras músicas...
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A. Anacleto

sábado, 26 de abril de 2008

Tradições Populares

“Fonte do Vale”

Água, fonte de vida
Água da Fonte do Vale
Água daquela bebida
Afasta a gente do mal

Afasta a gente do mal
Diz o povo e tem razão
Se fores à Fonte do Vale
Deixas lá o teu coração

Deixas lá o teu coração
À espera de companheira
Fica-te escrito na mão
Casarás na Louriceira.

Zé Caixeiro
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in "Nossa Terra, Nossa Gente"
Publicado no Jornal "O Alviela" - 08.07.1991

Louriceira - Obras e Melhoramentos...

Até final do século XX, destacamos as principais obras e melhoramentos na Freguesia Louriceirense...
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"Obras e Melhoramentos"

Foi construido o primeiro cemitério na freguesia em 1844. As fontes do Lagartal e do Vale, tiveram em 1914, obras de melhoramento de elevado realce, para a melhoria de abastecimento de água à população. No ano de 1945 foi inaugurado o chafariz da Ferreira.
Em 1944 procedeu-se à construção do edifício da escola primária. Até meados da década de cinquenta, era um “tormento” durante o inverno em tempos de cheias, a travessia do Rio Alviela na Ferreira. Foi feito um aterro com a elevação da estrada junto à ponte antiga, a população da freguesia, teve um contributo importante na feitura desta obra. Foi considerada na época uma obra social importante, para o bem estar social e desenvolvimento da freguesia.
Salienta-se também as obras desenvolvidas a meio da década de sessenta, com o alargamento da rua principal, principalmente junto ao adro da igreja. A construção do novo cemitério da sede da freguesia, foi na data compreendida entre 1935 e 1938. Motivado pelas inúmeras compras de terreno por parte da população, procedeu-se à ampliação do mesmo no período entre 1994 e 1997.
Em 1958 foi adquirida uma habitação particular no largo principal (hoje Largo Luis de Camões), onde funcionou, após obras de remodelação, a sede da Junta de Freguesia durante cerca de três décadas.
A sede da freguesia passou a ter electricidade a partir do ano de 1970. No lugar do Carvalheiro este serviço público chegou alguns anos mais tarde.
A água canalizada começou a correr nas torneiras das habitações Louriceirenses a partir de Novembro de 1971. No Carvalheiro foi cerca de duas décadas mais tarde.
Destacamos as obras, na sede da freguesia na primeira metade da década de setenta (1970 – 1974), com o alargamento, cortes e asfaltamento de diversas ruas, inclusive o final da construção do jardim no Largo Luis Camões. Foi neste período, também, que se realizaram algumas obras de conservação nas ruas do Carvalheiro, incluindo a melhoria da estrada municipal de acesso àquele lugar.
Na década de oitenta, salientamos as obras realizadas no alargamento e asfaltamento de diversas ruas na freguesia, incluindo o largo e ruas circundantes à igreja matriz. Foram melhorados caminhos rurais com a colaboração do Regimento de Engenharia de Tancos e a montagem de uma ponte metálica na Azenha, facilitando imenso a ligação da Louriceira ao lugar de Filhós da freguesia de Bugalhos.
No ano de 1981 foi construído o cemitério no lugar do Carvalheiro. No ano de 1982 foi construída a nova ponte da Ferreira sobre o Rio Alviela e a construção do novo traçado da estrada municipal entre a nova ponte e a entrada da sede da freguesia. Em 1987 procedeu-se à abertura da Rua 25 de Abril para ligar a Rua da Alonga à Rua da Barroca. Foi também nesta década, 1988, que foi inaugurada a nova sede da Junta de Freguesia.
Na década de noventa também merece destaque algumas obras. A partir do ano de 1991 as crianças da sede da freguesia passaram a ter um espaço próprio de lazer, com a construção do Parque Infantil.
Louriceira passou a ter saneamento básico a partir do ano de 1992. O lugar do Carvalheiro não possuí este bem público.
Em 1993 procedeu-se à abertura da Rua José Clemente Francisco que veio resolver o transito de acesso de veículos pesados a uma unidade industrial de moagem situada no lugar do Moseiro.
Em 1997 foi inaugurado o Pavilhão Polivalente. Este espaço já vinha sendo a ser utilizado desde de 1990 no desenvolvimento da cultura e do desporto na freguesia. O mesmo foi construído, além de outros subsídios, com os fundos angariados durante as festas anuais da freguesia que se realizaram desde o ano de 1979 até ao ano de 1990.
Também se destaca no ano de 1997 a obra de restauro do adro da igreja, com colocação de calçada portuguesa, na qual foram aplicados alguns do lucros das festas anuais de 1995.
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in "Louriceira - Freguesia Centenária" - Monografia
A. Anacleto

sexta-feira, 25 de abril de 2008

25 de Abril

Cavaco Silva «impressionado» com ignorância dos jovens!

O Presidente da República, mostrou-se «impressionado» com a ignorância de muitos jovens sobre o 25 de Abril e o seu significado, tendo denunciado uma «notória insatisfação» dos portugueses com o funcionamento da democracia.
No seu discurso na sessão comemorativa do 25 de Abril, no Parlamento, Cavaco Silva, que mais uma ves não levou um cravo na lapela, divulgou extractos de um estudo que mandou realizar sobre o alheamento da juventude face à política, e atribuiu parte da responsabilidade aos partidos políticos.
O Presidente considerou «não ser justo» para aqueles que se bateram pela liberdade, tantas vezes arriscando a própria vida, que a geração responsável por manter viva a memória de Abril persista em esquecer que a revolução foi um projecto de futuro.
«Os mais novos, quando interrogados sobre o que sucedeu em 25 de Abril de 1974 produzem afirmações que surpreendem pela ignorância de quem foram os principais protagonistas, pelo total alheamento relativamente ao que era viver num regime autoritário».
O Presidente da República, recordou que, quando o 25 de Abril ocorreu, uma parcela substancial da população não tinha ainda nascido e lamentou que quem viveu a revolução tenha a tendência para não se lembrar disso, julgando que essa data, fixada no tempo, possui uma perenidade eterna: «Um regime político não pode esquecer as suas origens», disse, acrescentando «não ser saudável que a nossa democracia despreze o seu código genético e as promessas que nele estiveram inscritas».
Para Cavaco Silva, «num certo sentido, o 25 de Abril continua por realizar».
O Presidente destacou que «ainda há um longo caminho a percorrer» naquilo que o 25 de Abril continha em termos de ambição de uma sociedade mais justa, no que exigia de maior empenhamento cívico dos cidadãos, e naquilo que implicava de uma nova atitude da classe política.
Insatisfação dos portugueses
Após recordar que já em 2006 procurou suscitar a reflexão sobre o sentido a dar a esta efeméride, e que ele próprio reflectiu sobre que sentido faz hoje evocar o 25 de Abril, o Presidente disse que, como sempre defendeu que os agentes políticos devem prestar contas do que fazem, apresentou-se no parlamento para dizer aos Portugueses que «continua convencido» de que a juventude é o horizonte de qualquer comemoração do 25 de Abril verdadeiramente digna desse nome.
O Chefe de Estado fez eco da «notória a insatisfação dos Portugueses com o funcionamento da democracia, assim como a existência de atitudes favoráveis a reformas profundas na sociedade portuguesa».
Cavaco Silva disse aos deputados e convidados da sessão solene do 25 de Abril ser seu propósito promover em breve um encontro com representantes de organizações de juventude, tendo por objectivo colher a sua opinião sobre o distanciamento dos jovens em relação à política e sobre as medidas que possam contribuir para minorar ou inverter esta situação: «Em vez de nos interrogarmos tanto sobre o que o futuro nos trará, seria melhor que nos concentrássemos sobre o que poderemos trazer ao presente».
Para Cavaco Silva, «o futuro começa agora» e será o que dele fizermos hoje, nas nossas vidas profissionais e pessoais, nos nossos comportamentos cívicos, nas nossas atitudes perante os outros.
«Ao invés de imaginar o dia de amanhã, em lugar de procurarmos sinais nas estrelas de um futuro incerto, construamos hoje mesmo o que queremos para um Portugal melhor», afirmou, declarando que é esse o espírito com que exerce as funções em que foi investido.
«Sou Presidente da República porque não me resignei», afirmou, sublinhando que não se resigna, acima de tudo, porque acredita em Portugal e nos seus cidadãos.
Cavaco Silva concluiu o discurso comemorativo do 25 de Abril renovando o seu apelo aos portugueses, sobretudo aos jovens, para não se resignarem, porque só assim «serão dignos» da memória do 25 de Abril.
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Fonte Lusa / Jornal "Portugal Diário"
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A. Anacleto

quinta-feira, 24 de abril de 2008

25 de Abril



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Como é nosso apanágio, saudamos a data gloriosa do 25 de Abril. Viva a Democracia!... Viva a Liberdade!...
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A. Anacleto

Narrativas da Minha Aldeia



“A Educação”

O analfabetismo era predominante nas aldeias até à década de cinquenta. Louriceira integrava-se também nesse princípio.
As poucas pessoas que não eram analfabetas, pertenciam quase na generalidade às famílias Abastadas.
Louriceira passou a ter escola primária a partir da década de quarenta.
A maioria dos filhos das gentes pobres ou muito pobres, não frequentavam a escola. Em vez de se afastarem do analfabetismo, iam trabalhar nos campos para ajudar a família com a uma mísera jorna. Havia a mentalidade nas gentes daquelas épocas, que estudar não era necessário! O importante era ter dois braços para trabalhar! Os que não iam trabalhar para os campos, os pais estipulavam tarefas caseiras, tais como, guardar gado, buscar água para a casa, carregar lenha para a lareira e ainda cuidar dos irmãos mais novos. Era o crescer para o analfabetismo!
Os que iam para a escola, também tinham outros tormentos. Em muitas situações, o ensino era ministrado com pancada física. A vara e a régua, fazia parte dos instrumentos da escola. O puxar as orelhas também era comum naquelas épocas.
Obviamente, estes métodos de ensino, originavam medo nas mentes das crianças. Muitas por esse motivo abandonavam a escola.
O grau escolar ia até à quarta classe. Vários alunos não aguentavam a pressão, e acabavam apenas no 3º grau (terceira classe).
Quase sempre, os filhos dos mais Abastados, tinham um tratamento mais brando por parte das professoras ou professores! Era o respeito, e talvez o medo pelo poder, que estas famílias exerciam na comunidade.
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A. Anacleto

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Tradições Populares

“Pão Caseiro”

Passar uns dias, de vez em quando, no Barreiro, em casa dos filhos, é sempre agradável. Rever e abraçar amigos de algumas décadas, é consolador.
Há dias, a uma refeição, serviram-me pão caseiro da “Louriceira”. E que luxo de pão! Aveludado, gostoso…
Da Louriceira e ainda quente? – indaguei.
- Uns chamam-lhe da Louriceira, outros, pão alentejano, mas o que é certo é que é aqui fabricado, perto de Alhos Vedros.
Desfazer o enigma, impunha-se. A curiosidade era muita.
Carro a caminho, eis-nos na localidade de Arroteias.
Moradia estilo alentejano (não fosse pertença de um casal de alentejanos). Um magote de gente esperava pela última fornada.
Meti conversa e perguntei se o pão seria bom.
- Não há, aqui na região, melhor que o pão da Louriceira.
- Como, da Louriceira, se aqui é fabricado?
- Chamamos-lhe pão da Louriceira, e há, até, quem lhe chame alentejano. Para mim o que importa é que é bom e não como outro.
Um portão largo conduzia-nos a um pátio de paredes caiadas, onde pargas de lenha de pinho se arrumavam. Ao fundo, um grande forno e a azáfama de quatro pessoas. Mais ao lado, um armazém com pilhas de sacos da farinha nos quais estava gravado a letras vermelhas: “António Raimundo & Filhos – Louriceira”.
Estava desfeito o enredo. «Gato escondido com o rabo de fora».
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in “Nossa Terra, Nosas Gente” – José da Luz Saramago
Publicado no Jornal “O Alviela” – 06.12.1996

Narrativas da Minha Aldeia!..

“A Alimentação das Famílias”

Em épocas de outrora, mais concretamente até finais da década de cinquenta, a alimentação das gentes louriceirenses, era feita à base de produtos criados na terra, como a fava, a ervilha, o feijão, o grão, o chícharo, a couve, a batatas e outros legumes.
Os mais abastados ou menos pobres, acompanhavam com arroz, massa e alguma carne.
A primeira refeição do dia, era feita à base destes alimentos.
Os mais abastados, tinham uma alimentação mais avantajada, já que tinham possibilidades de criarem a galinha, o cabrito, o borrego e o porco, e possuíam as terras próprias agrícolas. Os pobres viviam praticamente da sopa de hortaliça cozida, regada com algum azeite e pão. Em algumas situações de pobreza, apenas comiam carne nos dias festivos do ano, como o Natal e a Páscoa. Os muito pobres, esses, por vezes, recorriam a apanha de caracóis e cardos para sobreviverem. Nos Invernos prolongados, era tormentoso para esta gente se alimentar. Recorriam muitas vezes à pesca no Rio Alviela, para se sustentarem.
Do Espinheiro, vinham uma ou duas vezes por semana, os “sardinheiros” (vendedores de peixe), com as canastas do peixe ao ombro. O peixe que estes homens vendiam, era o mais barato, tal como a sardinha, a chaputa ou o chicharro. Muitas famílias, nem sempre podiam comprar. Quando o faziam, e se a sardinha fosse grande, uma, teria que dar para duas ou três pessoas da família.
Os homens pobres, depois de comerem a sopa, pegavam num naco de pão com azeitonas e iam à taberna beber um copo de vinho, quando ainda possuíam alguns centavos!
Alguns antes do sol nascer, comiam uma “macheia” de figos secos e bebiam um cálice de aguardente. Diziam que aquecia o estômago e dava força para irem trabalhar nas fainas do campo.
Mesmo nas casas mais pobres, o vinho e a aguardente devia existir. Diziam, se um homem não bebesse um copo de vinho, e que não fosse ao Domingo à taberna, era considerado um fraco!
Hábitos, costumes e mentalidades de outras épocas!...
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A. Anacleto

domingo, 20 de abril de 2008

Lares: Donativos «compram» vagas!
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Segurança Social sabe da prática, mas admite ter dificuldade em actuar!
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Há lares sem fins lucrativos apoiados pelo Estado que «vendem» vagas em troca de avultados donativos, deixando em lista de espera os idosos mais carenciados, noticia a Lusa.
A própria confederação que representa as instituições de solidariedade reconhece que alguns lares «se vêem forçados a recorrer a esses estratagemas» para fazer face aos custos. A Segurança Social sabe da prática, que pode constituir um crime de burla, mas admite ter dificuldade em actuar.
No final de 2006, Graça (nome fictício) tentou pôr a mãe, então com 92 anos, no lar da Santa Casa da Misericórdia de uma vila transmontana, onde lhe pediram 15 mil euros. Disseram-lhe que «havia uma longa lista de espera e que se não pagasse davam a vaga a outra pessoa».
Perante a situação, os familiares decidiram procurar outros lares. Numa instituição de solidariedade social da área metropolitana do Porto, a mãe ficou em lista de espera, a aguardar uma resposta da direcção.
Passados alguns meses, Graça voltou a contactar a instituição de beneficência apoiada pelo Estado. A resposta já não a surpreendeu: «Disseram-me que iam ser francos, que havia pessoas em lista de espera dispostas a pagar cinco mil euros. Ficou decidido que se eu desse essa quantia, a minha mãe tinha uma vaga. Paguei mil contos, deram-me um recibo a dizer donativo e ela entrou logo».
Uma entre muitas
A história de Graça é apenas uma entre muitas, segundo a Rede Internacional de Prevenção da Violência Contra a Pessoa Idosa, que garante que situações como esta são generalizadas em Portugal.
«Não tenho nenhuma dúvida de que isso acontece em larga escala e que precisa de uma investigação judicial», disse José Ferreira Alves, representante português nesta rede internacional, classificando estes casos como «uma pouca-vergonha».
O próprio representante de Portugal também tem uma história para contar. Há cerca de 15 anos, o seu pai precisou de ir para um lar e, já na altura, teve de «dar mil e tal contos só para poder entrar».
«Não ficou nada registado, ficou tudo no segredo dos deuses», relata, adiantando que «a situação ainda acontece muito nas Misericórdias e nas instituições particulares de solidariedade social (IPSS)».
«Crime de burla»
O presidente do Instituto da Segurança Social (ISS), Edmundo Martinho, sublinhou que «a pressão para dar donativos em troca de uma vaga é completamente ilegal e constitui um crime de burla».
«A grande maioria das instituições não utiliza essas práticas, mas sabemos que essa realidade existe. Já nos chegaram cartas, algumas das quais anónimas, a relatar essas situações», afirmou o responsável do ISS.
Edmundo Martinho garante que o instituto tentou investigar os casos, mas afirma que «é difícil provar que os idosos foram pressionados a fazer um donativo para assegurar a vaga e que só entraram porque deram esse dinheiro».
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in Jornal "Portugal Diário" - edição online - 20.04.07
A. Anacleto

Peripécias da Minha Juventude - Memórias...

… numa noite, durante um baile em Moitas Venda, despi a minha inseparável "amiga de Inverno" – Samarra, a fim de dançar uma “moda” ao som do acordeonista Moreira de Minde. Pedi, simpaticamente à mãe da moça, que aceitou a dança, e se encontrava, tal como outras mulheres, sentada numa das tábuas que delimitava o recinto de dança, se “guardava” a samarra. A senhora simpaticamente aceitou o meu pedido. Entretanto, dê-lhe conhecimento que o bolso interno do agasalho, continha uma “telefonia!”, por isso tivesse cuidado! Enquanto dançava com a filha, notava o cuidado da senhora protegendo a samarra para que não acontecesse nenhum acidente com a “caixinha da música!”
A “telefonia”, era uma “pilha de formato quadrado!”, que eu levava, para uma eventual avaria nocturna nas “pasteleiras” (bicicletas) que nos faziamos transportar…
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in "Meio Século de Vida - Memórias" - A. Anacleto

Narrativas da Minha Aldeia!..

“A Honra das Gentes”

Até finais da década de cinquenta, a Honra, era algo que tinha ligação quase com tudo da vida das pessoas e que mais valor tinha, nas gentes das aldeias. No burgo louriceirense não se fugia à regra.
Uma ofensa que fosse considerada grave pela população, era em alguns casos selado com uma rixa.
Se uma mulher fosse infiel ao marido, ele próprio, quase podia fazer justiça por mão própria, para salvar a sua honra.
A virgindade de uma rapariga era sua honra ao casar. Caso isto não acontecesse podia ser devolvida à família e passava a ser “apontada” por toda a aldeia!
Se uma moça, fosse surpreendida a beijar um rapaz, tinha de casar com ele. Se porventura, não acontecesse, jamais, conseguia o matrimónio, porque mais nenhum moço, a procurava para casamento, sendo considerada uma rapariga sem honra! No entanto, se algum rapaz, «desonrasse» uma rapariga e fosse descoberto pela população, era obrigado a casar com ela, mesmo que não a amasse. Caso contrário, seria participado às autoridades e era julgado pelo feito.
Hábitos e Tradições das gentes de outras épocas!...
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A. Anacleto

Narrativas da Minha Aldeia!..



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“Comodidades e Higiene”

Até meados da década de sessenta, na aldeia louriceirense, as comodidades e a higiene eram mínimas.
Não existia electricidade nem água canalizada. Casas de banho, eram raras, apenas em algumas habitações das famílias Abastadas, existia essa comodidade. As necessidades fisiológicas eram feitas nos currais dos animais, nos pátios ou nos quintais das modestas habitações. A iluminação era feita através de candeias de azeite ou candeeiros a petróleo. O abastecimento de água era feito através de idas a poços ou às fontes comunitárias. Eram as mulheres, com cântaros à cabeça, que se deslocavam a aqueles locais, buscando água para as suas habitações. Em alguns casos era uma “romaria”, pois as mulheres e as moças, iam diariamente várias vezes a aqueles locais abastecerem-se.
Era nestes locais, que as mulheres, enquanto esperavam pela sua vez para encherem o cântaro, trocavam um “dedo de conversa”, e se davam a conhecer as “novidades” da aldeia. As moças, aproveitavam para se “cruzarem” com os namorados, já que na época só era permitido namorar à Quarta-feira e ao Domingo.
Era também durante estas idas à fonte, que os rapazes sem namorada, aproveitavam para trocar um olhar “maroto” às moças e, com alguma timidez lhe solicitarem o “namorico”.
A higiene, tanto corporal como da roupa era feita com sabão. Em algumas situações, também se utilizava a potassa. As famílias Mais Pobres, por vezes, tinham que recorrer a uma “barrela de cinzas” para a lavagem da roupa.
Em anos de seca, a situação complicava-se com a quantidade de água nas fontes e nos poços da aldeia. Voluntariamente, fazia-se racionamento no consumo da água.
Por vezes tinham que decidir: - “ou regar os legumes para subsistência da família, ou manter a higiene diária!”
Como se trabalhava nos campos de “sol a sol”, os pais saíam antes do nascer do sol para a faina, deixando os filhos em casa, muitos deles, não sabendo fazer minimamente a sua higiene pessoal!
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A. Anacleto

Tradições Populares

“Matança do Porco”

Era Domingo.
Antes do sol nascer já os convidados da família alargada do Ti João Duarte entrava no pátio de estrume e mato, coberto de tojo e alecrim.
“A arte da matança não é p´ra qualquer um”, dizia o Ti João Duarte, que dava ordens ao Julião para ir buscar a banca e ao Joaquim para trazer a corda, a roldana e o chambaril.
O dono da casa continuava a dar ordens a toda a gente e gritava:
“Ó Jaquina, trás lá os alguidares, a colher de pau, a cebola, o sal e o vinagre!”
E resmungava: “Raio das mulheres qu´é preciso dizer-lhes tudo!”
Era uma roda viva.
O Julião, o Jaquim e o Mateus foram buscar o porco à pocilga, preso por uma corda a um pé, e conduziram-no até à banca.
Ali, amarraram-no de pés e mãos, com a ajuda dos homens mais valentes, e içaram o animal para cima daquele estrado da morte.
O bruto, de algumas arrobas, grunhia e esperneava como que adivinhasse o fim que o esperava.
As mulheres cavavam um buraco no chão do pátio para onde acarretavam tojo, mato e lenha.
Ti João Duarte, de calças justas, jaleca e barrete enfiado na cabeça, lavava, com água quente, a goela do porco, que não parava de guinchar, apertado, no patíbulo, por quatro homens de mangas arregaçadas.
Ti Jaquina coloca debaixo da banca o alguidar de barro onde havia posto o vinagre, o sal e a cebola.
O magarefe, agora com um avental a tapar-lhe a jaleca e as calças apertadas, e de grandes panos atados à cintura, depois de afiar o facalhão de dois gumes no fuzil, crava-o, num gesto rápido e frio, na goela do animal.
O sangue esguicha para o alguidar onde é mexido com a colher de pau pela mão da Ti Jaquina. O porco guinchou, guinchou, até que deu as últimas.
Julião, de forquilha em punho, acarreta o tojo a arder para cima do morto, a fim de o chamuscar.
Outros homens, com facas e cacos de telha, raspam o porco que vai ficando mais limpo.
Descalçam-lhe as unhas, lavam-no com água bem quente e, por fim, cortam-lhe as orelhas e o rabo.
De volta da fogueira, agora com ignição, o grupo assiste à assada.
Os cachopos furam por entre as pernas dos adultos, na esperança de lhes calhar um quinhão.
No barracão, uma mesa muito grande com pão caseiro, azeitonas e água-pé, vai ser o centro da festança.
Enquanto isto, Mateus e Julião enfiam o chambaril nos pernis do sacrificado, a uma ordem do Ti João Duarte e, puxando pela corda, através da roldana, presa na trave do barracão, penduram o animal que ali fica a escorrer para dentro dum “tinajo”, depois de ser aberto e de lhe tirarem a bexiga, disputada pela rapaziada para fazer de bola de futebol; o fígado, os bofes, os rins, o baço, o coração e a toalha das tripas, tudo migadinho para dentro duma sertã com azeite, vinho tinto e temperos a fim de preparar o almoço a que dão o nome de cachola; as tripas que hão-de ser lavadas com sal e limão no Rio Alviela, numa corrente de água cristalina, com a ajuda de uma vara fininha.
Uma balança de pilão, presa à trave, ao lado do porco, reza o peso limpo.
A cachola já cheira bem.
Há alegria estampada no rosto de toda a gente.
A grafonola ajuda. A pinga, também.
Dois homens fazem cigarros com tabaco «Duque» e mortalhas de papel «Zig-Zag».
As raparigas, numa roda, dançam e cantam:
- O Saramago é que atrasa
- A seara ao lavrador
- Bem atrasada qu´eu ando
- De falar ao meu amor.
Ti João Duarte pega na concertina de duas escalas e toca um corridinho que faz toda a gente andar numa fona.
“Todos prá mesa” – grita a dona da casa.
E lá se vão chegando, deixando a testeira para o Ti João Duarte.
Falam todos ao mesmo tempo, euforicamente.
Conta-se o que foi a vida daquele animal e das canseiras que deu, animal sacrificado para a legria do grupo e o sustento de luxo daquela família.
O resto do dia é acompanhado com água-pé nos intervalos dos preparativos para a tarefa da desmancha que há-de ocorrer no dia seguinte.
Estamos na segunda-feira, e porque é dia de trabalho, o grupo só volta a reunir-se à noitinha para o jantar de febras fritas, no azeite, com louro e alho.
“Jaquina” – chamou o marido – “onde raio puseste tu o serrote e o cutelo?”
Finalmente o porco começa a ser desmanchado.
Separam-se as diversas partes.
O toucinho, depois de preparado, vai para a salgadeira.
A banha para fazer, ainda hoje, as farinheiras.
As carnes negras de sangue são migadas para a feitura do chouriço negro que leva vinho tinto, sangue, cominhos, cravo de cabeça, pimenta e sal, tudo de marinada durante quatro dias num alguidar de barro.
As carnes magras são, igualmente, cortadas em pedacinhos para fazer o chouriço de carne e colocam-se noutro alguidar com vinho branco, pimentão, louro, alhos e sal, até que ao fim de cinco dias hão-de encher a tripa.
Chega-se a quarta-feira. É dia de encher os negros, atar e pôr no fumeiro.
As mulheres pegam na tripa e enfiam nela uma enchedeira – género de funil – por onde empurram as carnes negras, com a ajuda dos polegares.
O resto, a que chamam o caldo dos negros, será o jantar de amanhã, de novo, para toda a família, tal como aconteceu hoje e que foi constituído de tripas com arroz e nabiça, manjar delicioso, a julgar pela sofreguidão de todos.
Ti João Duarte faz o balanço destes quatro dias bem passados e marca a data para comprar no mercado de Pernes, o leitão que há-de fazer a festa igual, daqui a um ano.
Nessa altura lá estarão todos, Outra vez. No mesmo ritual.
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in “Nossa Terra, Nossa Gente” – José da Luz Saramago
Publicado no Jornal "O Alviela" - 08-07-1991

sábado, 19 de abril de 2008

Narrativas da Minha Aldeia!..

“ A Vida Económica e Social das Famílias da Aldeia”

As famílias louriceirenses em épocas remotas (até finais da década de cinquenta), dividiam-se em quatro classes:
- Famílias Abastadas, rodariam cerca de 5 % da população;
- Famílias Médias, seriam cerca de 15%;
- Famílias Pobres, rodariam 65%;
- Famílias Muito Pobres, seriam cerca de 15%
Estas percentagens, são um mero cálculo, pelas recordações que tenho da vida social de então na aldeia.
Era notório a diferenciação social de cada família. Notava-se na demonstração dos bens próprios.
As famílias Abastadas, possuíam bens próprios já elevados, que denotavam alguma riqueza. Eram estas famílias que garantiam a sobrevivência às famílias Pobres e Muito Pobres, dando-lhes trabalho à jorna durante quase todo o ano. No entanto, em alguns casos, existiam algumas discriminações - se decidissem deixar algum pobre sem trabalho, assim o faziam! Estes, vendo os filhos com fome e sem solução para o problema, partiam, indo procurar jorna em locais distantes da aldeia.
As famílias Médias, possuíam também bens próprios, mas em menor quantidade que as Famílias Abastadas. Além de prestarem as próprias tarefas nas suas terras, em alguns casos ainda iam fazer algum trabalho para as famílias Abastadas.
As famílias Pobres, viviam em casas com medíocre condições. Em alguns casos, possuíam algumas pequenas parcelas de terrenos aráveis, além de possuírem um burro, duas ou três cabeças de gado caprino ou ovino e algumas aves de capoeira. Viviam na generalidade do trabalho agrícola à jorna.
As famílias Muito Pobres, viviam numa situação mesmo complicada. As condições das suas habituações eram mínimas, não possuíam qualquer parcela de terreno de cultivo nem possuíam animais. Viviam do trabalho à jorna e em algumas situações da ajuda de alguma família mais abastada.
Nas famílias Pobres e Muito Pobres, o “chefe da família”, era o principal responsável pela sobrevivência da mesma. Mas regra geral, seria a família toda a trabalhar à jorna, inclusive os filhos, que em muitos casos nem a escola frequentavam! A fome, o frio, e até os “parasitas”, eram a companhia destas crianças. A maioria passavam o tempo na rua, enquanto os pais trabalhavam nos campos, roubando fruta para um melhor equilíbrio nutricional. Enquanto os meninos Abastados ou Médios, já tinham um ou outro brinquedo, os das famílias Pobres, não os possuíam. Eram eles com imaginação que faziam os próprios, a partir de pedaços de arame, de aros ferrugentos ou de velhos trapos abandonados pelos mais abastados.
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A. Anacleto

Narrativas da Minha Aldeia!..

"As Autoridades Locais"

Antes, durante e depois da minha infância, mais concretamente até ao ano de 1974 (Ano da Revolução dos Cravos), não se realizavam eleições livres para os cargos mais importantes da freguesia.
Esses cargos eram na altura desempenhados por pessoas que tinham “boas referências”, junto das altas instâncias concelhias e distritais.
O Padre, naqueles tempos tinha uma decisão importante nos destinos da terra. Além do cargo religioso, era um personagem escutado em situações consideradas importantes para a freguesia. Em algumas situações era ele, que dava o veredicto final.
Outra autoridade importante da freguesia era o Regedor. As competências deste, era a coordenação da “ordem” na aldeia, no campo administrativo, dava despacho a documentos necessários para a resolução de algumas “situações” que surgiam no burgo!
A Junta de Freguesia era constituída por três elementos, que coordenavam algumas obras locais. Era frequente naqueles tempos, este órgão, passar atestados de pobreza às famílias que viviam sem quaisquer recursos de subsistência, quando algum elemento da família necessitava de internamento hospitalar ou dar uma “informação abonatória” a favor de algum habitante local.
Outra autoridade local, era o “Cabo da Ordem”. Como autoridade civil, e como o nome indica, competia a este elemento manter a “ordem”, coordenados pelo Regedor. Tinha inclusivamente autoridade para dar ordem de prisão, caso entendessem necessário! Após a detenção, tinha de conduzir o detido até à prisão concelhia, que ficaria à ordem das autoridades oficiais, no caso era a Guarda Nacional Republicana.
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A. Anacleto

Opinião!...

"A Dificuldade de Ser Jovem!...

Nos tempos actuais, a maioria dos jovens encontram-se numa situação inquietante, em relação ao acesso de um emprego.
Os que decidem completar os estudos secundários e ingressar num curso superior, dedicam uma parte espinhosa da sua vida para conseguirem o tão almejado diploma.
Para obterem esse mesmo diploma, muitos acabam por se endividarem, em alguns casos ainda antes de auferirem o primeiro ordenado, contraindo empréstimos para pagarem cada vez mais elevadas propinas e materiais escolares, de uma educação que está determinada na constituição como pública e gratuita.
A maioria desses jovens, cedo começam a perceber que a realidade do mercado do trabalho é bem mais árdua do que alguma vez imaginaram.
O mercado de trabalho está saturado para muitos dos cursos superiores. Os governos ao longo dos anos, pouco ou nada têm feito, no alerta para este facto e simultaneamente disponibilizar outras saídas com mais garantias de empregabilidade.
São mais pelotões de jovens a engrossar as filas nos centros de emprego, nos quais são embutidos estágios, fazendo com que eles, jovens, trabalhem por “metade do preço”, não existindo nenhum vínculo contratual com as empresas onde efectuam os estágios.
Actualmente, entrar para o “mundo do trabalho”, através de trabalho temporário ou através de falsos recibos verdes, começa a ser incutido nas mentes dos jovens, como uma situação meramente natural, sendo visto, inclusive por alguns, como única forma de se conseguir trabalho. Fica a ideia de que os contratos precários são a regra geral e não a excepção à regra, quando a lei para esta matéria é bastante clara: “para um posto de trabalho efectivo deverá existir um vínculo contratual efectivo”.
A precariedade está mesmo criada. São os salários baixos da maioria dos jovens, são as deficientes condições de trabalho, são as reduções de direitos adquiridos, são as discriminações sociais e laborais.
Em suma, não nos consideramos pessimistas, mas no fundo somos realistas. A nossa mente, neste campo problemático, tranmite-nos algo pouco feliz para a maioria da juventude deste país!
Perguntamos? Onde estão os milhares de postos de trabalho que foram prometidos?!
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A. Anacleto

Tradições Populares

“O Homem da Loiça”

Ao longe ouve-se uma música de feira, que se vem aproximando.
O camião pára no largo.
O altifalante canta, pela voz de Amália Rodrigues.:
“… São os caracóis, são caracolitos
São os espanhóis, são espanholitos…”
E logo interrompe para gritar:
“Venham ver a loiça”.
“São os copos de vidro, alguidares de barro, vasos, jarros de vidro e muin...ta, muin…ta loiça”.
“É tudo barato…”
“Venham ver!”
“É o homem da loiça”.
“Venham ver a loiça!”
As mulheres juntam-se em frente do camião das surpresas e, aos poucos, vão apreciando.
Tudo faz falta: copos, canecas, pratos e muita, muin…ta loiça.
Tudo o que ali está faz grelar o olho. Porque não se tem ou, simplesmente, para substituir peças já muito usadas.
No entanto o negócio do homem da loiça é fraco. E logo parte para outras terras porque tem que vender tudo.
Tudo barato.
Porque ainda tem muin…ta loiça.
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in "Nossa Terra, Nossa Gente" - José da Luz Saramago
Publicado no Jornal "O Alviela" - 08.07.1991

Louriceira - Recordando as Festas!...

Anos de 1991, 1992, 1993 e 1994

Neste período não se realizaram os festejos na freguesia.
Já se notava alguma falta de mobilização nas gentes desta aldeia para a realização dos festejos. Mais tarde, uma “Filarmónica” tocaria mesmo a “marcha fúnebre” em memória das grandiosas “FESTAS DA LOURICEIRA”!
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No Ano de 1995 foi o regresso das Festas De Verão, infelizmente por um ano!
Dias 4, 5, 6 e 7 de Agosto

•Sexta-feira, início das últimas estas deste ciclo das décadas de setenta, oitenta e noventa. Houve foguetório ao final da tarde para dar início aos festejos com a abertura da quermesse. Á noite houve magia com o ilusionista “Mister Mário” que viajou de terras beirãs – Tortosendo. O serão foi animado musicalmente pelo conjunto de renome nacional “Os 6 de Portugal”, que viajou da capital.
•Sábado, a alvorada foi enorme e a Banda Filarmónica da Azinhaga participou no içar da bandeira. Seguiu-se de imediato o peditório acompanhado pelo fogueteiro que não deixava por mãos alheias os foguetes que tão bem eram lançados. Á tarde foi a actividade solene religiosa com a habitual missa e procissão na qual participou a Filarmónica. Depois foi a euforia da compra das rifas na quermesse, o saborear do petisco no bar e o leilão das fogaças para serem saboreadas por quem mais licitou. A noite foi preenchida alegremente pelo conjunto musical alfacinha “Star Band” que não deixaram descansar os pés dos foliões.
•O Domingo aqueceu com a elevada temperatura climatérica, com o calor dos foguetes e com o calor das máquinas que aceleraram na Prova Perícia Automóvel. No arraial, era a voz do leiloeiro que mais se notava com a inspiração na licitação das prendas. A jovem artista ADÍLIA PEDROSO natural da freguesia vizinha de Moitas Venda, actuou com elevada qualidade para o vasto público presente. A noite teve cultura popular com a exibição das “Cantadeiras de Caria”, que viajaram de terras de Belmonte para trazerem a cultura do seu povo aos ribatejanos, enquanto o célebre conjunto “Níger” de Torres Novas sobressaía com uma actuação extraordinária ao apresentar música de baile com mais incidência dos anos sessenta.
•Segunda-feira, foi o último dia. Último dia dos festejos do ano e deste ciclo. Até à actual data jamais se realizaram na nossa aldeia louriceirense. Pareceu-nos que se adivinhava este fim, já se notava alguma tristeza nas gentes desta simpática aldeia. Mas mesmo assim, a alvorada ainda foi forte, os Jogos Tradicionais à tarde ainda se realizaram com entusiasmo e a noite foi grandiosa com a actuação do artista de renome internacional EMANUEL que foi acompanhado pelas bailarinas privativas as quais criaram um excelente cenário no palco da última festa da Louriceira. Completou o serão musical o conjunto “Costa Azul” que viajou da região de Lisboa para deixar saudade nas gentes louriceirenses. Raiou naquela madrugada uma estrela que trazia uma triste mensagem: “FOI O FIM DAS FESTAS NESTA SIMPÁTICA ALDEIA LOURICEIRENSE”!
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in "memórias das festas" - A. Anacleto

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Épocas de Outrora...



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Nas imagens reproduzidas, estão os personagens que constam nos excertos do livro “Meio Século de Vida – Memórias” que o autor tem vindo a reproduzir neste espaço.
São quatro jovens, nascidos nos finais da década de quarenta. Fizeram a adolescência n a década de sessenta. Década, na qual, se deram enormes e importantes transformações sociais na Europa e no mundo em geral, tal como, as lutas estudantis e operárias em Paris (1968). No campo musical, surgiram enormes grupos pop, dos quais destacamos os Beatles, Roling Stones, Doors e outros. Por cá, destacamos os Sheikes, Gatos Negros, Conchas e Conj. Académico de João Paulo.
Temos consciência, que contribuímos, para transformações profundas nos preconceitos que até então existiam, como exemplo o namoro à porta, à janela ou ao postigo da habitação dos pais da futura noiva, ou não ser permitido o beijo (símbolo do amor) em público.
Sempre namorámos em casa das nossas namoradas, (hoje nossas esposas) e beijámos com respeito e dignidade as nossas amadas.
Lutámos pela extinção e vencemos no preceito, do “dançar à distância” nos bailaricos populares da terra. Vestimos as nossas primeiras calças de ganga, que deram mais força à nossa frutuosa “rebeldia”!
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A. Anacleto

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Tradições Populares

"O Lobisomen"

Regressando de um bailarico no Malhou, naqueles anos quarenta em que as noites de luar tinham mais mistério, um grupo de jovens ao passar pelo adro da igreja de Louriceira, deparou-se com um burro a pastar.
Logo apostaram em quem, nele montado, fizesse a volta mais rápida em torno da igreja e do cemitério.
Um minuto foi o tempo que o Jorge levou. Cinquenta segundos para o Manuel, cinquenta e cinco para o Chico… e chegou a vez do António que, tendo-se em conta de ser o mais esperto, tirou o cinto das calças e passou-o pelo pescoço do animal, a fim de tirar proveito para uma corrida mais rápida.
Dada a partida, logo o asno e o seu jóquei desapareceram na esquina pardacenta do cemitério. Mas porque o tempo corria muito para além do previsto e o cavaleiro não aparecesse, o grupo resolveu ir procurá-lo.
O jumento tinha-se sumido, mas o António ali estava estendido no chão, atrás do cemitério, inanimado. Chapada daqui, chapada do outro lado, o rapaz lá acordou e logo indagou do burro e do seu vistoso cinto, que tinha estreado pelas sortes.
Qual cinto, qual carapuça, procuraram, procuraram, mas nada.
No dia seguinte, na taberna do Bernardo, como sempre lá estava o Ti-Jaquim Maior, encostado ao balcão. Mas desta vez com o bonito cinto do António a apertar-lhe as calças.
Que teria acontecido?
Claro que só poderia haver uma explicação: o Ti-Jaquim Maior seria o tal lobisomen de quem muito se falava e temia e que, enquanto burro naquela noite, teria levado consigo, preso ao pescoço, o precioso cinto.
E daí ficou a “certeza” de que Ti-Jaquim Maior, às Sextas – Feiras, pela meia-noite, saía de casa e logo se transformava no animal de cuja pegada tinha pisado no primeiro cruzamento de ruas que encontrasse.
Então o infeliz seria burro, cão ou boi durante toda a noite até que uma alma caridosa pegasse numa vara com aguilhão e o picasse para se transformar, de novo, em ser humano.
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in “Nossa Terra, Nossa Gente” – José da Luz Saramago
Publicado no Jornal “O Alviela” em 09.05.1997
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E assim vivia o povo com as peripécias, contos e histórias populares em épocas remotas!...

Louriceira - Recordando as Festas!...

Em 1990, foram assim as Festas de Verão:
- Dias 3, 4, 5, 6 e 7 de Agosto -

•Sexta-feira, após uma grandiosa salva de morteiros, a quermesse começou a funcionar, enquanto algumas pessoas se juntavam no adro da igreja, para matarem a sede com uma boa cerveja, já que a tarde estava quente em termos de temperatura. O conjunto “Templários”, viajou uma vez mais da cidade de Tomar até terras do Alviela, para animarem o serão. Boa música de dança nos foi transmitida por aquele agrupamento.
•No Sábado as gentes da terra, cedo se ergueram para a folia. Ainda soavam os sons dos foguetes, quando chegou a Banda Filarmónica do Xartinho para animar este dia de festejos. Durante a tarde, depois das actividades religiosas, foi o funcionamento da quermesse e o leilão das fogaças, enquanto algumas fogaceiras escutavam os acordes musicais transmitidos pela Filarmónica. Á noite o sentido obrigatório era de facto o arraial da festa. Foi isso que o conjunto musical nos transmitiu com o seu nome próprio “Sentido Obrigatório” que veio de terras alfacinhas. O povo mais uma vez divertiu-se imenso, enquanto trocavam um pé de dança.
•No Domingo á tarde houve leilão forte enquanto as raparigas iam vendendo as rifas na quermesse. “Top Less”, mais uma vez foi o conjunto seleccionado para a animação do serão.
•Segunda-feira, dia e noite fortes em termos de qualidade de programação. O leilão das prendas ofertadas foi enorme, que levou mesmo o leiloeiro a solicitar diversas vezes aplausos para o povo que estava a corresponder com a licitação das peças. Os artistas da rádio e televisão ARMANDO GAMA e VALENTINA TORRES, foram o prato forte da noite em conjunto com o agrupamento musical “Herus” de Torres Novas.
•Na Terça-feira, durante a tarde desenrolaram-se os tradicionais Jogos Populares. A noite foi animada com o grupo musical “FH5” da cidade do Nabão.
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in "memórias das festas" - A. Anacleto

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Efeitos do Tornado

Metalúrgica Olimar de Alcanena continua a laborar a céu aberto para não comprometer carteira de clientes
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Sem a cobertura, a empresa Olimar, afectada pelo tornado de há uma semana, continua a laborar para não comprometer uma carteira de clientes que inclui grandes empresas como a Cimpor ou a Somague.
Maria Olívia Ramilo diz que só teme o regresso da chuva, anunciada para o fim do dia de hoje.
"Se chove, temos mesmo de parar", disse à agência Lusa, confessando que o inventário dos estragos provocados pelo tornado de há uma semana está longe de estar completo.
Além da cobertura da fundição, que voou com os fortes ventos, as chuvas daquele dia afectaram a parte eléctrica da iluminação, as pontes rolantes e grande parte dos moldes, sobretudo os feitos em madeira.
"A situação nunca estará remediada antes de dois a três meses", disse, sublinhando que, além da cobertura, também as paredes "têm de ser repostas".
Além dos estragos na fábrica, há ainda viaturas dos funcionários e de vizinhos danificadas, disse, adiantando que o seguro apenas cobre parte dos estragos.
A Olimar emprega 52 pessoas, havendo outra empresa no mesmo espaço com mais quatro funcionários, afirmou.
Esta é a segunda vez que a Olimar fica a trabalhar a céu aberto.
Em 1996, um incêndio destruiu a cobertura da fábrica, "mas como era Verão pudemos continuar a trabalhar e os moldes não foram afectados", afirmou Olívia Ramilo
A laborar desde 1946, a Olimar, sociedade familiar, além do fabrico de máquinas para trabalhar (cortar e polir) mármore e granito, faz a manutenção dos redutores de grandes empresas e barragens.
Segundo aquela empresária, a empresa exporta máquinas para Espanha, Brasil, Marrocos, Tunísia, Estados Unidos, Reino Unido (sobretudo máquinas para polir mármores), Brunei e está "a entrar em Angola".
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Fonte Lusa
A.A.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Louriceira - Recordando as Festas!...



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Em 1989, as Festas de Verão foram assim:
- Dias 4, 5, 6, 7 e 8 de Agosto -

Os festejos deste ano, também ficam na história da cultura popular da freguesia, pela qualidade de espectáculos e actividades diversificadas que foram organizadas com um grau elevado de inteligência, por parte dos festeiros e festeiras que fizeram parte da Comissão de Festas deste ano. Ora vejamos:
•Sexta-feira, a meio da tarde após uma grande salva de morteiros, iniciou-se a Arruada com a colaboração da Fanfarra dos Bombeiros de Alcanena, enquanto no recinto do arraial, era o início de iniciativas inéditas na história dos festejos louriceirenses, com trabalho ao vivo realizado por artesãos da região, exposição literária e exposição do pintor plástico João Esteves. Estas exposições, estiveram patentes ao público durante todos os dias dos festejos. Durante a noite, houve alegria por parte do povo residente e forasteiro, com a exibição de música de baile do conjunto “Hob Nob”.
•No Sábado, após o acordar da alvorada, chegou a Filarmónica de Alcanede mais uma vez à nossa terra. Cumprimentaram com uma música os presentes, enquanto o fogueteiro com a sua mestria lançava mais uns foguetes, foi içada a bandeira e iniciou-se o peditório na freguesia. Á tarde foram as solenidades religiosas com a missa e a procissão, depois, como costume iniciou-se a venda das rifas na quermesse e das flores com a colaboração de gentis e simpáticas meninas da terra. O leiloeiro preparava-se em cima do palco para leiloar as belas fogaças e a filarmónica apresentava com uma boa interpretação musical um concerto inolvidável. Ao fim da tarde, enquanto o povo ia confraternizando no bar, subiu ao palco o Rancho Folclórico de Pinheiro Grande – Chamusca que interpretou “modas e danças” do povo ribatejano. A noite foi quente, tanto em termos de temperatura, como pela qualidade do concerto proporcionado pelo conjunto “Ferro e Fogo”.
•No Domingo, pela manhã após o estrondear do “foguetório” o desporto marcou presença com a realização do Grande Prémio de Atletismo, que contou com a presença de grande número de atletas, seguindo-se depois uma extraordinária exibição de uma classe de Karaté da Associação Amicale Portuguesa. Após o almoço no bar, o qual foi muito participado, os mais pequenos tiveram a sua tarde com a exibição de palhaços que vieram propositadamente do Circo Mariano. Enquanto estes se divertiam com o espectáculo proporcionado, os mais graúdos iam praticando alguns Jogos Tradicionais. À noite, as estrelas brilharam com o espectáculo de variedades proporcionado pela artista da rádio e TV – MARIA DILAR com apresentação e animação do locutor da rádio nacional PAULO MEDEIROS. O conjunto “Psicose” animou o baile.
•Se os dias anteriores foram de qualidade, a Segunda-feira que foi dedicado ao concelho, também teve primor em termos de qualidade festiva. Assim durante a tarde realizaram-se as finais dos Jogos Tradicionais, o leilão de inúmeras prendas de qualidade foi um êxito, até o leiloeiro perdeu a voz... Inéditamente a Poluição na região também foi discutida. Realizou-se um Colóquio com grande participação, no qual estiveram presentes técnicos e médicos que falaram sobre a problemática ambiental. A noite foi animada pelo conjunto musical “Street Band”, o qual animou o grande número de foliões até alta madrugada.
•Terça-feira, dia da Família Louriceirense, houve alvorada forte logo pela manhã. Á tarde, enquanto alguns praticavam os Jogos Tradicionais, outros, casados e solteiros, conviviam uma vez mais no “pelado” da Pedrinha, realizando o habitual jogo de futebol. A Gincana de Bicicletas, também marcou presença este ano nos festejos da terra e uma vez mais, o Grupo Cénico do CRDL, representou uma peça de qualidade para as suas gentes e forasteiros. Durante a noite foi o culminar, das festas de qualidade deste ano. O grupo musical de Minde “Top Less” fez as despedidas das festas deste ano, proporcionando um bom serão de lazer e convívio com belos acordes musicais.
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in "memórias das festas" - A. Anacleto

A Nossa Terra!...



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A arquitectura do Largo Luís Camões, na Freguesia de Louriceira, ao longo das épocas.
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A. Anacleto

domingo, 13 de abril de 2008

Recordações da Minha Infância - Memórias

…está na minha rememoração, as idas com minha mãe no verão ao Rio Alviela. Enquanto ela e outras mães, lavavam a roupa nas águas cristalinas de então, nós os meninos tomávamos uma “banhoca”, brincando com as rãs.
Era lindo, ver a brancura da roupa, enxugando ao sol nos relvados verdejantes das margens do Alviela.
Nas noites frias de Inverno, ficava feliz sentado ao lume na chaminé, entre os meus pais.
Enquanto nos aquecíamos, o pai, contava alguns contos e a mãe, assava nas brasas, algumas bolotas ou castanhas.
Nas tardes de Domingo, meu pai, “vaidoso”, levava-me a passear na velha bicicleta, pelas estradas da região em má conservação. Recordo as dores que na altura sentia, quando a “pasteleira” passava por um buraco mais profundo, ou saltava por cima de uma pedra mais sobressaída, nas estradas tortuosas do concelho e arredores!….
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in "Meio Século de Vida" - Memórias
A. Anacleto

sábado, 12 de abril de 2008

Recordações da Minha Juventude - Memórias

…lembro a alegria do Loureiro, quando fez a aquisição do “avião” (nova motorizada), que passados uns dias não fugiu à tentação de “acelerar a fundo”, fazendo o “baptismo” da mesma – felizmente não sofreu grandes mazelas!
Vejo na minha parede de fundo, a imagem feliz do Salgueiro quando nos apresentou a “nova máquina” – Sachs V5, de facto uma “bomba” para a época. Fiz a “estreia” da mesma, com uma queda na estrada esburacada do Vale das Vides, junto à “Soja dos Quartos”, sofrendo algumas escoriações!
Foi-me útil, o pano para limpeza do calçado, que sempre nos acompanhava para limpar a lama ou o pó dos mesmos, antes da entrada nas salas de baile. As “flausinas”, contemplavam as calças à “boca de sino” e o brilho dos sapatos!...

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in "Meio Século de Vida" - Memórias
A. Anacleto

Louriceira - Recordando as Festas!...

Em 1988, o verão festeiro em Louriceira,foi assim:
Dias 5, 6, 7, 8 e 9 de Agosto

•O primeiro dia das festas deste ano, Sexta-feira, iniciou-se com uma salva de morteiros ao fim da tarde. Á noite houve luar de prata com a interpretação do grupo musical “FH5” que viajou da cidade dos Templários para animar a juventude louriceirense e arredores, enquanto os mais idosos saboreavam o petisco no bar do arraial.
•No dia seguinte, Sábado, a alvorada foi “cedinho” para não se perder tempo com a azáfama que ia ser longa até madrugada. Assim, a Filarmónica 1º de Dezembro da Azinhaga do Ribatejo chegou à aldeia pela manhã, que saudou os festeiros e acompanhou no içar da bandeira. Depois do peditório à população, houve o almoço para armazenar algumas energias para a tarefa da tarde. Cerca das quinze horas iniciou-se a missa solene, seguindo-se a habitual procissão pelas ruas principais da freguesia. Após a chegada da procissão à igreja, iniciou-se o movimento da quermesse, aliás muito bem recheada de prendas, algumas meninas iam vendendo flores e alguns festeiros procediam a mais um peditório desta vez aos forasteiros que nos visitavam. A inspiração do leiloeiro era enorme no leilão das fogaças. O fogueteiro não parava com a azáfama do lançamento dos foguetes, a banda de vez em quando lá ia tocando uma “marchinha ou um paso doble” para animar o povo. A noite aproximava-se, e os técnicos privativos do conjunto “Ar & Vento” que viajou de Leiria para animar as gentes da terra e arredores, enquanto uns faziam um pé de dança outros saboreavam no bar os deliciosos petiscos regados com a boa pinga.
•No Domingo lá partiram os festeiros cedo para o lugar do Carvalheiro para procederem ao peditório naquele lugar, enquanto na Louriceira havia mais foguetório para anunciar mais um dia de festa. A tarde deste terceiro dia de festa foi de qualidade. Houve palhaços para os mais pequenos, João Esteves expôs a sua obra de pintura na sua terra natal, e o folclore marcou presença com a exibição do Rancho Folclórico da Azinhaga do Ribatejo. Se a tarde foi enorme em termos de qualidade de espectáculos a noite não escureceu, o conjunto “Hob Nob” entusiasmou novos e menos novos ao realizarem um belíssimo concerto musical animando o baile naquela noite de estrelas. Quando JOSÉ MALHOA subiu ao palco com a sua filha ANA MALHOA, o arraial ficou ao rubro com a exibição daqueles artistas de renome internacional. A alegria marcava presença no bar e no restaurante.
•Na Segunda-feira, os louriceirenses após dormirem poucas horas, mais uma vez acordaram ao som dos foguetes lançados do ponto mais alto do lugar. Durante a tarde enquanto se leiloavam diversas prendas algumas delas de elevado valor, procedia-se aos Jogos Tradicionais (Corrida de Sacos, Matança do Galo e Jogo do Burro), enquanto outros participavam com entusiasmo no Torneio de Tiro ao Alvo. A noite teve luminosidade com o grande concerto do conjunto “Arte & Manhas” que veio de Queluz para brilharem em terras do Ribatejo. O fado também marcou presença nesta noite, enquanto os espectadores bebiam o copo de tinto e saboreavam o chouriço assado, MARIA ADELAIDE, EMÍLIO SERRA e JOSÉ ALBANO acompanhados pelo guitarrista Raimundo e pelo viola Velez cantavam primorosamente que até os pássaros nocturnos vieram pousar na torre da igreja.
•Terça-feira, último dia de festa deste ano. O povo quando acordou já sentia nostalgia, pensando que seria o último dia de festas. Durante a tarde marcou presença no adro o Jogo do Chinquilho, enquanto lá pelas bandas da guarita, no campo da Pedrinha os “artistas da bola”, casados e solteiros iam convivendo no jogo de futebol. Após o jogo, foi outra confraternização no bar do arraial com o jantar de convívio, enquanto o conjunto Mindense “Top Less” tocava no último baile da festa popular.
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in "memórias das festas" - A. Anacleto

Outros Tempos... Outras Épocas...

O “Salto” Mortal

Na década de sessenta, muitos foram os nossos conterrâneos que “deram o salto”. Assim se designava, popularmente, a emigração clandestina.
Pedia-se dinheiro emprestado, a juro, a um qualquer usuário para se entregar ao engajador que podia ser o “Trinta” ou o “Catanha”.
Estes conduziam os pretensos emigrantes até à fronteira e, quantas vezes, ali mesmo, os abandonavam. Pelas prisões de Vilar Formoso e de outras terras arraianas passaram muitos dos nossos conterrâneos que viram frustrados os seus intentos e perdido todo o seu dinheiro que, pelas suas contas, deveria chegar até arranjarem trabalho em França.
Quando a fronteira portuguesa não constituía maior obstáculo, ei-los escondidos noites e dias em camiões como qualquer mercadoria, outras vezes a pé por vales e serras, cansados, esfaimados, ansiosos.
Só por isto o emigrante português merecia um monumento em sua honra.
Chegados, também a vida não era fácil: o alojamento na barraca de um amigo, a língua, adaptação ao meio, os transportes, tudo! Tudo era diferente, tudo era desigual.
Muitas estórias para contar mas um drama para salientar:
Um grupo de louriceirenses vivia em comum numa casa gélida. Na noite de 16 de Fevereiro de 1965, Joaquim Russo acendeu a braseira e os gases desta viriam a matar o Jorge Vieira, o seu primo Domingos e outro português, além de pôr em risco de vida outros companheiros, como o Aquiles e o Zé Rato.
Na sequência desta tragédia, Joaquim Simão (vulgo Joaquim Russo) pôs termo à vida. O desespero de quem se terá julgado culpado da morte dos seus amigos.
Anos terríveis que os nossos conterrâneos enfrentaram mas compensados pela melhoria da qualidade de vida que hoje desfrutam.
Uns regressaram e vemo-los bem. Outros, ainda lá, sempre com a sua terra no coração, à espera do Agosto que nunca mais chega, de todos os Agostos para, num salto, virem abraçar as raízes.
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in "Nossa Terra, Nossa Gente" - José da Luz Saramago
Publicado no jornal "O Alviela" - 11.04.1997

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Temporal

Rasto de destruição na região de Alcanena e Amiais de Baixo - Ribatejo - Portugal, motivado por um Tornado.
As imagens retratam a destruição na Praia Fluvial dos Olhos de Água - Nascentes do Rio Alviela, Freguesia de Louriceira.
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A. Anacleto

Temporal

Ventos fortes e chuva intensa, atingiram esta manhã a região de Alcanena provocando seis feridos ligeiros, quedas de árvores, diversas estradas cortadas e dificuldades de acesso a algumas localidades, segundo fonte da Autoridade Nacional de Protecção Civil.
O mau tempo fez-se sentir com maior intensidade em Pernes, Amiais de Baixo, Zibreira Vila Moreira e Alcanena, tendo algumas estradas de acesso a estas localidades sido cortadas devido a quedas de árvores e arrasto de objectos para a via pública.
Dos seis feridos ligeiros, três foram transportados para o hospital distrital de Santarém e os restantes foram assistidos no local pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e pelos bombeiros voluntários.
A mesma fonte do INEM referiu ter conhecimento da existência de mais feridos, mas não soube precisar quantos nem qual o seu estado. Os feridos estão a ser concentrados no quartel dos bombeiros de Pernes para prestação de primeiros socorros.

Telhados levantados
O porta-voz do INEM referiu que o mau tempo causou o levantamento de "muitos telhados" numa zona de fábricas e de acesso difícil.
Uma testemunha em Alcanena relatou que o "mau tempo causou estragos" nesta localidade. "Telhados de escolas e fábricas foram levantados" por aquilo que descreveu como "uma espécie de tornado. Árvores foram arrancadas e caíram em cima de carros", descreveu a testemunha.
No local encontram-se 28 bombeiros, apoiados por nove viaturas, incluindo ambulâncias, coordenados pelo segundo comandante distrital de operações de socorro, Rui Natário, além de três viaturas e um helicóptero do INEM e de uma viatura de intervenção em catástrofe. Está também no local uma equipa de psicólogos. Contudo, "não foi necessário accionar qualquer plano de emergência", disse fonte da Autoridade Nacional de Protecção Civil.
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Fonte Lusa

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Recordações da Minha Juventude - Memórias

… no ano de mil novecentos e setenta, foi o meu ingresso no serviço militar. Fui incorporado em Março desse mesmo ano, num dos quartéis da cidade raiana de Elvas. Foi com desabrimento que me sentei na cadeira de um dos barbeiros da cidade Elvense, para me cortarem o meu “estimado cabelo”, ao modo militar. Sinceramente senti repugnância. Sofri imenso com uma “ordem unida”, para preparação de uma eventual campanha em terras de África – na Guerra Colonial. Por lá, fiz a recruta durante dois meses. Aos fins-de-semana, sentava-me nas muralhas da cidade e mirava terras de Espanha com Badajoz à vista, recordando o “meu amor” que estava tão distante, lá para as bandas do Ribatejo!
Foi neste aquartelamento, que fui encontrar o Loureiro, doente e abalado, após ter levada a vacina, que nós na gíria militar designávamos por “vacina de cavalo”. Notava-se na fisionomia dele, uma nostalgia da terra e uma profunda saudade do seu amor. Ajudei-o e animei-o, dentro das minhas possibilidades…
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in livro "Meio Século de Vida" - Memórias - A. Anacleto

sábado, 5 de abril de 2008

Recordações da Minha Infância - Memórias

… no verão, após a chegada da máquina debulhadora às eiras da freguesia, éramos meninos alegres, brincando nos corredores de palha enfardada. Depois das debulhas, vinham as descamisadas do milho nas eiras. Nossas mães, lá se juntavam ao início da noite, para desenvolverem um trabalho agrícola comunitário. Elas, alegremente, lá iam cantando umas “modinhas” populares, enquanto nós meninos, parecíamos "bandos de pardais nocturnos", mirando as estrelas no horizonte. Apontávamos o “homem na lua com um feixe de lenha ás costas!...”,recordávamos as histórias que nossos avós contavam!...
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in livro "meio século de vida" - memórias - A. Anacleto

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Peripécias da Minha Juventude - Memórias...

… muitas coisas são “baptizadas”!, a gabardina do LOUREIRO, não podia fugir à regra! Assim aconteceu. Após um petisco bem regado com a boa pinga ribatejana, ao início da noite entrámos no recinto da Feira de Pernes. O Loureiro, calçando uma boa bota “tipo ribatejana”, quando subia a calçada de acesso ao largo da feira, escorregou e foi cair dentro de um dos alguidares que continha a massa para a confecção das farturas (não fazia vento, mas estava uma chuvinha que perturbava a concentração das memórias!...). Recordo-me, quando ele se aproximou de mim trocando um ou outro passo e me disse tristemente: “Óh Anacleto, olha como eu estou!... O que aconteceu “”?!! Eram as costas da “fina gabardina decorada com a massa branca das farturas”! – Felizmente, teve sorte, não cair dentro do “caldeirão do azeite para a fritura”, seria o “Segundo João Ratão!”...
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in "Meio Século de Vida - Memórias - A. Anacleto