domingo, 20 de abril de 2008

Narrativas da Minha Aldeia!..



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“Comodidades e Higiene”

Até meados da década de sessenta, na aldeia louriceirense, as comodidades e a higiene eram mínimas.
Não existia electricidade nem água canalizada. Casas de banho, eram raras, apenas em algumas habitações das famílias Abastadas, existia essa comodidade. As necessidades fisiológicas eram feitas nos currais dos animais, nos pátios ou nos quintais das modestas habitações. A iluminação era feita através de candeias de azeite ou candeeiros a petróleo. O abastecimento de água era feito através de idas a poços ou às fontes comunitárias. Eram as mulheres, com cântaros à cabeça, que se deslocavam a aqueles locais, buscando água para as suas habitações. Em alguns casos era uma “romaria”, pois as mulheres e as moças, iam diariamente várias vezes a aqueles locais abastecerem-se.
Era nestes locais, que as mulheres, enquanto esperavam pela sua vez para encherem o cântaro, trocavam um “dedo de conversa”, e se davam a conhecer as “novidades” da aldeia. As moças, aproveitavam para se “cruzarem” com os namorados, já que na época só era permitido namorar à Quarta-feira e ao Domingo.
Era também durante estas idas à fonte, que os rapazes sem namorada, aproveitavam para trocar um olhar “maroto” às moças e, com alguma timidez lhe solicitarem o “namorico”.
A higiene, tanto corporal como da roupa era feita com sabão. Em algumas situações, também se utilizava a potassa. As famílias Mais Pobres, por vezes, tinham que recorrer a uma “barrela de cinzas” para a lavagem da roupa.
Em anos de seca, a situação complicava-se com a quantidade de água nas fontes e nos poços da aldeia. Voluntariamente, fazia-se racionamento no consumo da água.
Por vezes tinham que decidir: - “ou regar os legumes para subsistência da família, ou manter a higiene diária!”
Como se trabalhava nos campos de “sol a sol”, os pais saíam antes do nascer do sol para a faina, deixando os filhos em casa, muitos deles, não sabendo fazer minimamente a sua higiene pessoal!
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A. Anacleto