sábado, 19 de abril de 2008

Narrativas da Minha Aldeia!..

“ A Vida Económica e Social das Famílias da Aldeia”

As famílias louriceirenses em épocas remotas (até finais da década de cinquenta), dividiam-se em quatro classes:
- Famílias Abastadas, rodariam cerca de 5 % da população;
- Famílias Médias, seriam cerca de 15%;
- Famílias Pobres, rodariam 65%;
- Famílias Muito Pobres, seriam cerca de 15%
Estas percentagens, são um mero cálculo, pelas recordações que tenho da vida social de então na aldeia.
Era notório a diferenciação social de cada família. Notava-se na demonstração dos bens próprios.
As famílias Abastadas, possuíam bens próprios já elevados, que denotavam alguma riqueza. Eram estas famílias que garantiam a sobrevivência às famílias Pobres e Muito Pobres, dando-lhes trabalho à jorna durante quase todo o ano. No entanto, em alguns casos, existiam algumas discriminações - se decidissem deixar algum pobre sem trabalho, assim o faziam! Estes, vendo os filhos com fome e sem solução para o problema, partiam, indo procurar jorna em locais distantes da aldeia.
As famílias Médias, possuíam também bens próprios, mas em menor quantidade que as Famílias Abastadas. Além de prestarem as próprias tarefas nas suas terras, em alguns casos ainda iam fazer algum trabalho para as famílias Abastadas.
As famílias Pobres, viviam em casas com medíocre condições. Em alguns casos, possuíam algumas pequenas parcelas de terrenos aráveis, além de possuírem um burro, duas ou três cabeças de gado caprino ou ovino e algumas aves de capoeira. Viviam na generalidade do trabalho agrícola à jorna.
As famílias Muito Pobres, viviam numa situação mesmo complicada. As condições das suas habituações eram mínimas, não possuíam qualquer parcela de terreno de cultivo nem possuíam animais. Viviam do trabalho à jorna e em algumas situações da ajuda de alguma família mais abastada.
Nas famílias Pobres e Muito Pobres, o “chefe da família”, era o principal responsável pela sobrevivência da mesma. Mas regra geral, seria a família toda a trabalhar à jorna, inclusive os filhos, que em muitos casos nem a escola frequentavam! A fome, o frio, e até os “parasitas”, eram a companhia destas crianças. A maioria passavam o tempo na rua, enquanto os pais trabalhavam nos campos, roubando fruta para um melhor equilíbrio nutricional. Enquanto os meninos Abastados ou Médios, já tinham um ou outro brinquedo, os das famílias Pobres, não os possuíam. Eram eles com imaginação que faziam os próprios, a partir de pedaços de arame, de aros ferrugentos ou de velhos trapos abandonados pelos mais abastados.
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A. Anacleto