quarta-feira, 5 de março de 2008

Tradições Louriceirenses...



O “Bate – Certo”

Antes da proliferação das fábricas de curtumes no nosso concelho, os homens e mulheres da Louriceira ocupavam-se, quase exclusivamente, do trabalho agrícola.
Na Quinta de Alviela trabalhavam muitos dos nossos conterrâneos e deles se contam algumas estórias.
“Ti-Jaquim Bate-Certo” era um desses trabalhadores pacíficos, honestos e simples que caracterizavam os louriceirenses.
Nos sábados, à tardinha, ou já de noite, depois da “despega”, os rurais formavam uma fila para receber o salário.
Quando chegava a vez do Ti-Jaquim, este estendia os braços, aparando a sua féria com o barrete.
Certa vez o capataz perguntou-lhe porque razão nunca contava o dinheiro.
«Ora, senhor Januário, “nã” preciso. P´lo peso da carapuça logo vejo que bate certo».
E daqui lhe nasceu a alcunha.

José da Luz Saramago
in Jornal "O Alviela" - 20.12.1996