sábado, 22 de janeiro de 2011

Ambiente

Rebanho de cabras utilizado para salvar espécie “gralha-de-bico-vermelho” em vias de extinção na Serra dos Candeeiros
Um rebanho de 150 cabras serranas “esforça-se” por devorar carrascal e alecrim, plantas que predominam no alto da Serra dos Candeeiros, na esperança de atrair casais de gralhas-de-bico-vermelho, ave ameaçada de extinção que se alimenta de insectos em vegetação rasteira.
O rebanho é, para já, a única parte visível de uma iniciativa desenvolvida há dois anos e meio pela associação ambientalista Quercus com a cooperativa de desenvolvimento local Terra Chã, sob “apadrinhamento” da Vodafone Portugal, que concedeu um financiamento de 150.000 euros para os cinco anos do projecto.
Sem certezas de que a gralha-de-bico-vermelho volte um dia a uma zona onde era muito vista no passado, o projecto quer pelo menos garantir que o pastoreio regresse à Serra dos Candeeiros, repondo os habitats adequados à permanência desta ave.
“Não sabemos se a gralha-de-bico-vermelho voltará a nidificar aqui. Isso cabe à própria natureza. Estamos a dar uma ajuda para que isso possa acontecer, mas não temos garantias”, disse Paulo Lucas, da Quercus, à agência Lusa.
Mais optimista, António Frazão, da cooperativa Terra Chã, confia que esta primavera se irá repetir o episódio ocorrido em 2010, em que um casal da espécie acompanhado das crias foi visto durante um mês na área de intervenção do projecto (400 hectares de terreno no topo da Serra dos Candeeiros).
Segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICN-B), que gere o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, na última década registou-se uma quebra de 50 a 80 por cento da população portuguesa da gralha-de-bico-vermelho, estimando-se que existam 500 indivíduos em todo o país.
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