sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Educação

Pais e Encarregados de Educação decidem encerrar estabelecimentos de ensino particular em Fátima
Pais e encarregados de educação de alunos dos três colégios de Fátima decidiram ontem à noite encerrar os estabelecimentos dias 27 e 28 se o Ministério da Educação não negociar o financiamento do ensino particular e cooperativo.
Em reuniões que decorreram em simultâneo no Centro de Estudos de Fátima (CEF) e nos colégios Sagrado Coração de Maria e São Miguel, onde estudam, na totalidade, 2800 alunos, centenas de pais aprovaram o fecho dos estabelecimentos como forma de protesto contra o corte no financiamento aos estabelecimentos com contrato de associação com o Estado.
“Nós só fechamos se o Ministério da Educação não se sentar à mesa com as partes envolvidas para negociar a revisão da portaria e do decreto-lei que determinam os cortes do financiamento ao ensino particular e as alterações impostas a este ensino”, disse à agência Lusa Eugénio Lucas, porta-voz da comissão de pais do CEF.
Eugénio Lucas adiantou que a decisão hoje tomada “está em consonância com o movimento nacional SOS Educação”, sendo previsível que pelo país outros estabelecimentos com contrato de associação também encerrem portas nestes dois dias.
“O que queremos é liberdade de escolha”, declarou Eugénio Lucas, considerando que “a diminuição em 30 por cento dos apoios financeiros inviabiliza colocar em prática qualquer projecto educativo”, pelo que o caminho é o “encerramento das escolas”.
O porta-voz lembrou que “foram tentadas todas as negociações possíveis”, mas a tutela “está irredutível”, o que obrigou os pais “a tomar decisões mais duras”.
Na reunião no CEF, onde estiveram mais de mil pessoas, representantes de cerca de 700 alunos, houve um voto contra o encerramento do colégio, mas não faltaram pedidos para medidas mais drásticas.
“Houve pais que pediram o boicote eleitoral, o corte da auto-estrada e deslocações ao Parlamento e ao ministério, mas estas propostas não foram votadas”, declarou o porta-voz.
O presidente da associação de pais do Colégio de São Miguel, Carlos Carreira, onde o encerramento da escola foi aprovado por unanimidade pelas cerca de mil pessoas presentes, afirmou à Lusa que a esperança reside agora no CDS-PP e no PSD, numa alusão ao pedido de apreciação parlamentar do diploma que altera o regime dos contratos de associação entre o Estado e o ensino particular e cooperativo.
Para João Graça, que integra a comissão de pais do Colégio Sagrado Coração de Maria, onde a esmagadora maioria dos 400 encarregados de educação votou pelo fecho da escola nos dois dias, a apreciação parlamentar é uma “luz ao fundo do túnel”.
“O que pedimos é que nos deixem escolher o projecto educativo para os nossos filhos”, exortou João Graça, garantindo que a ausência de negociações significa a manutenção dos protestos.
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