sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Sociedade

População do Granho no concelho de Salvaterra de Magos disposta a não votar em protesto pela falta de médicos
A população da freguesia do Granho, concelho de Salvaterra de Magos, está disposta a não votar nas eleições do próximo domingo, como forma de protesto pela falta de médicos de família na extensão de saúde.
Um folheto anónimo, distribuído pelas caixas do correio dos moradores, apela a que “todos os residentes do Granho não votem nas eleições de dia 23 de Janeiro”.
Em causa, está, segundo o folheto, o “desrespeito com esta população com a não colocação de médico de família e serviços de enfermagem no posto de saúde do Granho e com a possibilidade de encerramento cada vez mais evidente”.
A população concorda com o teor do documento e está disposta a não exercer o direito de voto.
“Penso que se isto levar a alguma coisa, as pessoas não devem votar”, referiu à Lusa Susana Batista, adiantando que “em princípio também não votará”.
A moradora considerou que “a situação é complicada principalmente para os mais idosos que precisam de medicamentos e de consultas”.
Uma opinião partilhada por Maria Gomes: “Nem pensar que vou votar, temos que fazer força de alguma maneira porque não temos condições. Não temos médico, não temos enfermeiro, vou votar para quê?”.
No mesmo sentido, Maria de Jesus interrogou-se: “se nós não somos merecedores de médico, porque havemos de ir votar”.
A extensão de saúde do Granho, juntamente com a da freguesia de Muge, também no concelho de Salvaterra de Magos, estão sem médico desde Outubro, quando o clínico contratado em prestação de serviços cessou funções.
A não resolução do problema leva o presidente da Junta de Freguesia, Joaquim Ferreira, a dizer que vai estar ao lado da população nesta luta.
“Irei estar ao lado das pessoas e também não vou votar, porque a saúde é um direito”, referiu à Lusa Joaquim Ferreira, acrescentando que a freguesia tem 870 eleitores.
O autarca realçou que, dos contactos que tem mantido com o Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria (ACES), tem-lhe sido dito que “estão à procura de uma solução”.
Um fax enviado pelo ACES às Juntas de Freguesia de Granho e Muge refere que “ainda não foi possível encontrar substituição, pelo que os utentes inscritos naquelas extensões de saúde serão atendidos na extensão de Glória do Ribatejo”.
“Contamos brevemente com a execução de uma nova prestação de serviços médicos que regularize o atendimento naquelas duas freguesias”, acrescenta o documento.
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