domingo, 30 de janeiro de 2011

Sociedade

Administrador da CP diz que ligação ferroviária entre Setil e Coruche não tem sustentabilidade de continuidade do serviço
A ligação ferroviária entre Setil e Coruche não tem níveis de procura que sustentem a continuidade do serviço, afirmou o administrador da CP Nuno Moreira, em entrevista à agência Lusa.
"A CP não poderá suportar um défice tão grande de exploração numa linha tão pequena (ligação Setil-Coruche). Neste momento, não existe procura que sustente a continuidade do serviço", disse o administrador responsável pelos serviços regional e de longo curso da CP.
No entanto, Nuno Moreira afirmou que, se a empresa tiver "luz verde para continuar a ter despesa com esta ligação, não tem nada contra" a continuidade do serviço.
A circulação de comboios entre Coruche e Setil, cuja suspensão chegou a ser anunciada para o próximo dia 01 de Fevereiro, será mantida pelo menos até Setembro, depois de a CP e as autarquias terem chegado a um acordo para estudar formas para reduzir custos.
"O serviço vai ser reposto até Setembro, altura em que vamos reunir novamente com os municípios e discutir a continuidade do serviço", explicou.
Nuno Moreira afirmou que fazer parcerias com os municípios para explorar as linhas menos rentáveis seria "a solução ideal". O transporte ferroviário "serve as populações locais e são os próprios municípios que devem entender que têm um meio disponível e que podem tirar partido desse mesmo transporte, agora têm é de se empenhar no seu desenvolvimento", disse.
Quando anunciou a suspensão da circulação a CP invocou o incumprimento por parte das autarquias do pagamento acordado no protocolo, existindo uma dívida acumulada de 250 mil euros, segundo o administrador da empresa.
O protocolo celebrado entre as autarquias e a CP estabelecia que os custos de exploração não cobertos pela receita seriam repartidos entre a empresa (50 por cento) e as três câmaras envolvidas: Coruche, Cartaxo e Salvaterra de Magos (50 por cento).
No entanto, os autarcas de Coruche e do Cartaxo acreditam que haverá condições para assegurar a continuidade do serviço depois de Setembro. Paulo Caldas (Cartaxo) sublinhou a “abertura” demonstrada pelo responsável pelas linhas regionais enquanto que Dionísio Mendes (Coruche) destacou que esta cooperação na gestão do transporte ferroviário é “pioneira”
Segundo os autarcas, em cima da mesa está o estudo da redução de custos (nomeadamente revendo os horários e evitando que equipas maquinista/revisor tenham que pernoitar em Coruche), o alargamento do conceito de comboio suburbano da Azambuja até ao Setil, a utilização de um único passe para todo o trajecto e formas de promoção deste meio de transporte para atrair mais passageiros.
Paulo Caldas disse ainda que foi proposto o aumento do número de paragens de comboios inter-regionais no Setil, podendo o conceito de suburbano ser estendido até esta estação quando o protocolo for revisto em Setembro.
“Se se olhar meramente para a rentabilidade económica sem atender ao serviço que é prestado às populações temos que analisar se vale a pena continuar”, afirmou.
*Lusa
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