terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Autarquias

Autarquia de Santarém assume dívida à Associação Scalabitana de Protecção dos Animais
A Câmara de Santarém informou hoje que assume a dívida que tem para com a Associação Scalabitana de Proteção dos Animais (ASPA), estimada por esta em 23 mil euros, mas alerta que, num momento de dificuldades, há outras prioridades.
Catarina Maia, vereadora com o pelouro financeiro, disse hoje à agência Lusa que o protocolo celebrado no passado com a ASPA, que prevê um pagamento mensal de 2.000 euros (3.000 nos meses de Junho e Novembro) é “irrazoável” e, no seu entender, tem que ser revisto.
“Pagar 400 contos por mês, em moeda antiga, para pagar a um funcionário e as vacinas, temos que convir que é demais. Não é razoável nem exequível”, afirmou, sublinhando que o protocolo, que incluiu a doação de um terreno de 288 mil euros, está a ser estudado para, quando houver uma proposta, ser discutido com a direcção da ASPA.
Vítor da Piedade, tesoureiro da associação, disse hoje à Lusa que a direcção da ASPA tem noção das dificuldades financeiras da autarquia e está disponível para rever o protocolo, mas lamenta a ausência de contacto por parte da Câmara Municipal.
Catarina Maia afirmou que uma carta enviada pela associação ao presidente da Câmara, Francisco Moita Flores, chegou quando este se encontrava de férias e só agora, com o seu regresso na segunda-feira, o assunto vai ser analisado.
A vereadora acrescentou que há um pagamento agendado que apenas aguarda autorização, mas sublinhou que, neste momento, a autarquia não tem condições para assumir uma calendarização de pagamentos.
“Todos os dias temos pais a baterem-nos à porta a pedir para não cortarmos as refeições dos filhos nas escolas porque deixaram de pagar. Provavelmente teremos que passar a ter os refeitórios escolares a funcionar em períodos de férias para atendermos à situação das nossas crianças. Não é que os animais não mereçam, mas temos prioridades”, afirmou.
Vítor da Piedade adiantou que a próxima assembleia geral, a realizar este mês, destinada à eleição dos novos corpos sociais, irá analisar a possibilidade da entrega da chave do canil à Câmara se se concluir pela impossibilidade financeira da associação.
O canil gerido pela ASPA, que acolhe actualmente 180 animais, funciona em complementaridade com o canil municipal, onde se encontram cerca de 60 animais e que não funciona aos fins-de-semana e feriados, disse.
“Só em Dezembro recolhemos mais 20 animais”, disse Vítor da Piedade, frisando que a associação tem sobrevivido graças ao apoio benemérito de algumas empresas e de particulares e à doação de desperdícios de rações ou rações em fim de prazo por parte das grandes superfícies comerciais.
Os próprios dirigentes da associação têm emprestado dinheiro para as despesas correntes, adiantou.
Vítor da Piedade disse ainda à Lusa que durante 2010 a autarquia transferiu 8.000 euros, 5.000 dos quais relativos ao ano de 2009, estando actualmente a dever um total de 23.000 euros à associação.
Segundo disse, a autarquia também não respondeu ainda ao pedido de declaração da associação como entidade de utilidade pública. “Estamos muito tristes, muito magoados”, afirmou.
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