domingo, 14 de fevereiro de 2010

Desporto - Homenagem

Manuel Bento recordado e homenageado na terra natal
O Benfica e o Goleganense “ofereceram” hoje um “dia feliz” ao falecido Manuel Galrinho Bento, que dá nome ao estádio local, durante a celebração do 45.º aniversário do emblema ribatejano.
“Hoje não está entre nós, mas é, de certeza, um dia muito feliz para ele, porque estão aqui, na terra onde nasceu, reunidos todos os nossos amigos”, afirmou a viúva do antigo guarda-redes dos “encarnados”.
Gertrudes Bento recordou os “olhos muito bonitos e o sorriso radiante” de Bento, “ainda sem bigode”, que a apaixonaram de imediato, depois de o conhecer “no futebol”, enquanto via os jogos do Barreirense com o pai.
O 45.º aniversário do clube foi o mote para cumprir uma promessa feita ainda em vida a Bento, o de baptizar o antigo estádio Municipal das Ademas, com relvado sintético e pista de atletismo desde Setembro de 2009, com o nome do “filho pródigo” da Golegã, que morreu a 01 de Março de 2007, com 58 anos.
Rogério Bento, um dos dois filhos do ex-guarda-redes do Benfica e da selecção portuguesa, ainda defendeu a baliza das velhas guardas do Goleganense, no encontro inaugural frente às “glórias” do Benfica, que incluíam, entre outros, Pereirinha e Chiquinho Carlos.
“Hoje, realizou-se um sonho que data de 2006”, frisou Rogério Bento, destacando a “humildade” do pai, reconhecendo-o como “uma pessoa cinco estrelas”.
Já o irmão de Rogério, Miguel Bento, apesar do gosto pela modalidade, justificou a falta de aposta na prática com a pressão: “Não segui as pisadas do meu pai, muito por causa do medo de ter o nome Bento nas costas”.
“O meu pai foi muito maior como homem do que como desportista, acho que a placa que o evoca tem muita expressão, tem a imagem do meu pai, com um rosto agressivo e o espírito do trabalho”, admitiu Miguel Bento, aludindo à peça escultórica hoje inaugurada pelo presidente da Câmara Municipal da Golegã, José Veiga Maltez, pelo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e pela família do antigo guarda-redes.
O autor da obra, o escultor goleganense Rui Fernandes, explicou à Lusa que quis “mostrar as fases do trabalho de Bento”, integrando-o em “três círculos sobrepostos”, ligados por uma linha vermelha.
O antigo capitão dos “encarnados” António Veloso, o único representante dos finalistas da Taça UEFA de 1983 presentes, destacou “o coração muito grande” de Bento, elogiando-o como “um dos grandes do futebol português e um símbolo do Benfica”.
O “magriço” José Augusto puxou a si a responsabilidade da transferência do Barreirense para a Luz, afiançando que terá sido “o melhor guarda-redes que o Benfica teve nos seus 100 anos de história”.
Além de “patrono” do estádio, Bento foi reconhecido como o único sócio de mérito do Goleganense, sendo-lhe ainda atribuída a título póstumo a medalha de ouro do clube, que vai distinguir também os seus fundadores.
Antes de morrer, o antigo guarda-redes apadrinhou o regresso do Goleganense à competição sénior em 2006/07, depois de 11 anos de inactividade.
Bento somou 63 internacionalizações “AA”, tendo representado a selecção portuguesa no Europeu de 1984, quando conquistou o terceiro lugar, e no Mundial de 1986, no México, onde realizou apenas o primeiro jogo, antes de fracturar uma perna num treino.
Considerado um dos melhores guarda-redes de sempre do futebol português, o goleganense notabilizou-se ao serviço do Benfica, defendendo a baliza “encarnada” entre 1972 e 1992, conquistando oito títulos de campeão nacional, seis Taças de Portugal e três Supertaças, tendo ainda sido finalista da Taça UEFA em 1983.
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