quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Sociedade

Bombeiros de Benavente queixam-se do SAP por enviar doentes para a porta do quartel
Os bombeiros de Benavente queixam-se de que, na passada sexta feira, o Serviço de Atendimento Permanente (SAP) enviou doentes para a porta do quartel por não ter médicos, situação que a Administração Regional de Saúde assegurou hoje ser pontual.
A situação, relatada num fax enviado pelos responsáveis da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Benavente à Câmara Municipal, foi abordada na reunião do executivo autárquico realizada esta semana.
"Esta situação (de falta de médicos) está a ser resolvida pelos funcionários do SAP, remetendo os doentes para a porta do nosso quartel, indicando que esta instituição lhes resolverá o problema", afirmava o fax lido na reunião de Câmara, referindo não ser a primeira vez que tal ocorria.
Em resposta à agência Lusa, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) disse hoje que a empresa que assegura o funcionamento do SAP de Benavente, a SELECT, de facto, não conseguiu assegurar o médico na passada sexta feira, situação que já havia ocorrido "num turno da manhã do passado dia 18 de dezembro".
"Trata-se de situações isoladas e felizmente pouco frequentes", assegura a ARS-LVT, anunciando que na próxima semana a direção executiva do Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria se vai reunir com os responsáveis da SELECT "no sentido de procurar que estas situações não se voltem a repetir".
O presidente da Câmara de Benavente, António José Ganhão, já havia apelado à ARS-LVT para "apurar o que se passa" no SAP, que assegura o atendimento entre as 08:00 e as 20:00, "porque os doentes acabam por recorrer sempre aos médicos da noite, contratados pela Santa Casa da Misericórdia desde há 10 anos", ao abrigo de um protocolo com a Administração Regional de Saúde.
"Um médico chega para o turno da noite e tem já 20 doentes inscritos", estando os clínicos a denunciar os contratos, dada a "carga de trabalho", afirma um comunicado da autarquia, citando o presidente da Câmara.
O autarca classifica de "irracional" a criação da Unidade Básica de Emergência Médica em Coruche, "onde foram afetos médicos e meios de diagnóstico" que servem uma população de 19.000 pessoas, quando no eixo Marinhais, Salvaterra de Magos, Benavente, Samora Correia residem 50.000 habitantes.
José António Ganhão pediu já audiências ao presidente da ARS-LVT (em novembro de 2009) e à ministra da Saúde (em janeiro último), sem que tenha ainda obtido resposta.
Também a concelhia e os eleitos do PSD no município de Benavente declararam, em comunicado, "tristeza e revolta pelo estado em que se encontra a saúde" no concelho, exigindo que o Ministério da Saúde, a ARS-LVT e o Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria "olhem com mais respeito e dignidade para esta situação".
O executivo camarário pediu aos presidentes das juntas de freguesia do concelho para que façam um diagnóstico da situação de cada freguesia.
Na posse desses diagnósticos, o executivo camarário irá promover um plenário de todos os eleitos, na tentativa de se procurarem soluções para um problema que a autarquia classifica de "gravíssimo para as populações".
"Se não fosse a existência de uma Unidade de Saúde Familiar em Samora Correia, estaríamos em desgraça completa", sublinhou o autarca.
Na resposta enviada à Lusa, a ARS-LVT assegura que está a acompanhar a situação.
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