quinta-feira, 4 de março de 2010

Sociedade

Três oficiais da EPT começaram a ser julgados no tribunal do Entroncamento
Três oficiais da Escola de Pára-quedistas de Tancos (EPT) estão a ser julgados no Tribunal do Entroncamento pelas acusações de crimes de ofensa à integridade física simples e coação na forma tentada sobre um aspirante.
Os factos remontam à noite de 10 de Maio de 2007, data em que o, na altura, aspirante Emanuel Fidalgo alega ter sido agredido por um capitão com um pontapé na cara, que lhe provocou lesões (fractura dos ossos do nariz e do pavimento da órbita direita) que afectaram a sua capacidade de trabalho durante 45 dias e o obrigaram a baixa por doença durante 241 dias.
Segundo a acusação do Ministério Público, os três oficiais arguidos no processo - um capitão, e dois tenentes, estavam no clube de oficiais da EPT, quando o capitão, alegadamente embriagado, pediu a um aspirante que fosse chamar Emanuel Fidalgo ao quarto, ordenando a este que bebesse uma cerveja e em seguida que fizesse flexões e outros exercícios físicos.
Quando executava esses exercícios, um dos oficiais terá desferido um pontapé na cabeça de Emanuel Fidalgo e, quando este se preparava para se levantar, o outro oficial tê-lo-á agarrado pelo pescoço, tendo nessa altura, sido cortado com uma faca a t-shirt que o queixoso trazia vestida.
Emanuel Fidalgo conseguiu fugir para o exterior quando os arguidos foram baixar os estores da sala, tendo-se refugiado na sua viatura, que estava no parque de estacionamento.
De acordo com o despacho de acusação, os três arguidos aproximaram-se da viatura, ordenando ao aspirante que saísse do carro. Como as portas estavam trancadas, um dos acusados terá arremessado uma pedra contra o vidro do lado contrário, não o tendo quebrado, e o outro terá batido duas vezes com a coronha da arma no vidro do lado do condutor.
Assim que conseguiu, Emanuel Fidalgo dirigiu-se à Casa da Guarda, acrescenta o despacho.
Na companhia de um oficial, Emanuel Fidalgo dirigiu-se depois ao Centro de Assistência Médica, onde a socorrista de serviço lhe prestou assistência.
No depoimento prestado hoje em Tribunal, a socorrista confirmou que Emanuel Fidalgo apareceu nessa noite com queixas de dores na vista, nariz e boca, tendo respondido à sua pergunta sobre o que tinha acontecido dizendo que tinha batido "numa porta ou num armário".
A testemunha afirmou que o queixoso se apresentou de tronco nu, com uma t-shirt enrolada na mão e calças de camuflado vestidas, situação que estranhou mas não questionou.
A outra testemunha a depor hoje, tenente Nuno Pires, disse ter estado com os oficiais Luís M. e Gonçalo C. na noite dos factos, assegurando que nada do que é descrito nos autos se passou.
Nuno Pires disse que viu o queixoso dentro do carro quando chegou à unidade cerca das 21:30, situação que estranhou e que comentou com os outros dois oficiais, tendo-se dirigido à viatura no sentido de saber se estava tudo bem.
Os arguidos, que negam os factos, são ainda acusados de, dias depois da ocorrência, terem abordado Emanuel Fidalgo para o forçar a retirar a queixa que entretanto apresentara.
Os Hospitais da Universidade de Coimbra constituíram-se também como autores no processo, exigindo dos arguidos o pagamento de 2.637 euros (mais juros de mora) pelos tratamentos médicos a Emanuel Fidalgo.
O julgamento prossegue no próximo dia 17.
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