quinta-feira, 11 de março de 2010

Saúde

Falta de médicos no concelho de Benavente leva autarcas a reunirem-se
Os eleitos dos órgãos autárquicos de Benavente reúnem-se hoje em plenário para fazerem o diagnóstico da situação da Saúde no concelho e decidirem medidas a tomar, na expectativa da reunião marcada para segunda-feira pela ministra da Saúde.
O plenário foi convocado por deliberação da Câmara Municipal, no entendimento de que, como representantes das populações que se sentem afectadas pela carência de recursos humanos na área da Saúde, "todos devem estar unidos para o encontrar de soluções", disse à agência Lusa o presidente da autarquia.
António José Ganhão (CDU) disse à Lusa que o facto de a ministra da Saúde, Ana Jorge, ter marcado a reunião significa que está garantida a "plataforma de diálogo" que queriam criar "com quem tem responsabilidades".
O autarca solicitou em Novembro uma reunião com o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT), acabando, na ausência de resposta, por solicitar a audiência com Ana Jorge, num esforço para encontrar resposta para uma situação que, disse, está "próxima da ruptura".
Aos "mais de 4000 utentes" da vila de Benavente sem médico de família juntam-se mais de 2700 habitantes do Porto Alto, além dos residentes de Santo Estêvão (cujo médico de família se encontra de baixa por doença), pessoas que acorrem ao Serviço de Atendimento Permanente (SAP), cujo funcionamento é garantido por uma empresa contratada pela ARS-LVT.
A autarquia acusa esta empresa, a SELECT, de "falhar sistematicamente" no que toca aos médicos, "ou porque faltam ou porque não podem acudir a todos", o que gera "insatisfações que têm que ser muito rapidamente resolvidas", disse.
"É preciso corrigir rapidamente esta situação sob pena de criarmos um conflito social enorme", disse.
Para António José Ganhão, é preciso repensar a decisão de localizar a Unidade Básica de Saúde (UBS) no vizinho concelho de Coruche, um município com 19.000 habitantes e poucos utentes sem médico de família, quando Benavente tem uma população de 30.000 pessoas, sem contar com os residentes de Salvaterra de Magos que acorrem ao SAP de Benavente.
No seu entender, pretender que a UBS sirva os municípios de Coruche e Salvaterra de Magos "é de todo incompreensível e irracional, porque ninguém pode caminhar em sentido contrário para depois se aproximar do hospital de referência (Santarém ou Vila Franca de Xira).
"Tudo isto foi planeado sem nenhum critério, sem nenhuma razão e sem atender à localização da população naquilo que são os eixos urbanos consolidados que tendem a crescer", disse, sublinhando que nada o move contra Coruche.
"Quero o melhor para eles, não posso é aceitar que o melhor para eles signifique sacrificar Benavente", acrescentou.
António Ganhão disse à Lusa ter "grande expectativa” na reunião com Ana Jorge, acreditando que a ministra, pessoa “sensata” e “de visão”, será “sensível" aos argumentos "incombatíveis do ponto de vista da racionalidade dos recursos humanos que devem servir a Saúde e do que são as pretensões e a dinâmica das próprias comunidades".
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