terça-feira, 4 de maio de 2010

Sociedade

Ex-Monitor do Lar dos Rapazes de Santarém acusado de práticas de abuso sexual vai a julgamento
Um ex-monitor do Lar dos Rapazes de Santarém começa na quarta-feira a ser julgado pela alegada prática de dois crimes continuados de abuso sexual de criança, acusações que o visado nega, assegurando tratar-se de uma "vingança".
O ex-monitor, com 47 anos, casado e pai de três filhos, é acusado pelo Ministério Público (MP) de, quando fazia os turnos da noite no lar, acariciar e deitar-se na cama de dois menores, masturbando-se, actos que terá praticado "com muita frequência", num caso entre 2004 e 2008 e no outro de 2006 a 2008.
A participação ao MP foi apresentada pela Santa Casa da Misericórdia de Santarém (SCMS), responsável pelo lar, em Novembro de 2008.
Dias antes, a senhora com quem um dos menores residente no lar passava alguns fins de semana, em Torres Vedras, tinha apresentado denúncia na sequência do relato feito pelo jovem numa das estadas em sua casa.
Uma primeira informação da directora técnica do lar, de Outubro de 2007, referindo os alegados abusos por parte do monitor não deu origem a qualquer processo disciplinar, tendo a instituição optado por prosseguir as diligências para apurar a veracidade dos fatos e por uma "vigilância" discreta sobre todos os intervenientes.
O MP considerou "adequada" a opção da SCMS, entendendo que não houve "violação do dever de vigilância".
Até porque os jovens só voltaram a falar do assunto um ano depois, na sequência de alegados abusos sexuais entre os menores (processos que deram origem a inquéritos tutelares educativos) e de conflitos físicos entre eles.
As novas referências ao monitor levaram a que este fosse transferido para o Centro de Actividades de Tempos Livres/Quinta do Boial, funções que deixou em Fevereiro de 2009, quando ocupou o lugar de um motorista que se reformou.
Só quando foi constituído arguido, em Junho de 2009, o ex-monitor foi impedido de transportar crianças, de contactar os dois menores alegadamente vítimas e de frequentar instituições que acolham crianças.
O homem alega que o relato dos menores se seguiu a uma discussão com um deles, de quem era encarregado de educação, por problemas do jovem com colegas na escola.
O Lar dos Rapazes de Santarém foi alvo de uma inspecção do Departamento de Fiscalização de Lisboa e Vale do Tejo do Instituto de Segurança Social, em Janeiro de 2009.
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