quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sociedade

População prepara acções de protesto contra o encerramento da Ponte de Constância
A população da freguesia de Santa Margarida, em Constância, está a preparar acções públicas de “protesto” pelo encerramento da ponte rodoviária sobre o rio Tejo, que podem passar pelo corte da linha-férrea.
O encerramento da travessia decorreu quarta-feira por falhas de segurança detectadas numa inspecção realizada pela Refer - Rede Ferroviária Nacional, criando “constrangimentos sérios” aos cerca de quatro mil utilizadores diários daquela infra-estrutura, sendo as alternativas mais próximas as travessias em Chamusca e Abrantes, e que implicam um acréscimo na deslocação de entre 40 a 50 quilómetros.
Os cerca de 300 habitantes que estiveram hoje reunidos para debater os efeitos do encerramento da travessia, que liga Constância sul a Praia do Ribatejo, expressaram a sua “revolta e indignação” pelo “momento dramático” que dizem viver, tendo afirmado que o relatório da Refer, “por ter sido feito com base em instrumentos de medição de estruturas ferroviárias, não tem credibilidade”.
Responsáveis autárquicos, educativos e das forças de protecção civil estiveram também presentes na reunião, tendo o comandante dos Bombeiros de Constância afirmado que a Refer, “com a decisão que tomou, deixou a população isolada e desprotegida” ao nível da prestação de socorro de emergência médica, de protecção civil, combate a incêndios e até de acesso à própria GNR, que tem o seu quartel também no lado norte, na sede de concelho.
“Se a Refer anda a semear ventos vai colher tempestades”, afirmou Adelino Gomes, lembrando que a população corre “riscos acrescidos” neste momento “pela distância que é agora necessária percorrer”.
A população afirmou-se “pronta” para manifestações públicas de protesto tendo sido aprovada a ideia de “responder” à posição da Refer “na mesma moeda”.
“Se a ponte é da Refer e a Refer nos impede de circular no tabuleiro rodoviário, então nós vamos impedir que eles circulem e utilizem a ponte ferroviária”, defendem os populares.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da junta de freguesia de Santa Margarida afirmou que a população “está mesmo revoltada”, tendo admitido ser “difícil” que o presidente da Câmara, Máximo Ferreira, “segure as pessoas até uma decisão favorável de reabertura”.
“Apesar de tentarmos sensibilizar as pessoas para darem algum tempo, atendendo às negociações que estão em curso com o Governo, a revolta é muito grande porque é do lado de lá do rio que trabalham, que estudam, que têm acesso aos serviços públicos e a cuidados de saúde e segurança”, disse António Pinheiro, tendo admitido que “a ideia da população é unir-se e efectuar possíveis cortes de linha”.
Contactado pela agência Lusa, Máximo Ferreira, presidente da Câmara de Constância, disse “entender” a revolta da população de uma freguesia que ocupa 2/3 do território concelhio, tem mais de 1800 habitantes e que “está completamente desprotegida”.
“É uma situação dramática para esta gente mas já pedi alguma paciência e um compasso de espera antes de fazerem o que quer que seja porque ainda acredito que podemos resolver o problema de forma pacífica”, afirmou.
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