quarta-feira, 21 de julho de 2010

Trânsito

Encerramento da Ponte de Constância originou um movimento extraordinário da travessia através de barco
O encerramento da ponte rodoviária sobre o Tejo, em Constância, originou um movimento inusitado no atravessamento do rio por barco, tendo o próprio presidente da autarquia sido obrigado a recorrer a este meio de transporte.
O encerramento da travessia, uma antiga estrutura ferroviária adaptada em 1988 e que liga Praia do Ribatejo a Constância sul, decorreu esta madrugada por falhas de segurança detectadas numa inspecção realizada no início do mês, criando “constrangimentos sérios” aos cerca de quatro mil utilizadores diários daquela infra-estrutura.
Com o encerramento da ponte e o concelho de Constância dividido ao meio pela passagem do Tejo, as alternativas mais próximas são as travessias em Chamusca e Abrantes, a cerca de 25 e 20 quilómetros respectivamente.
Máximo Ferreira, presidente da Câmara de Constância, foi uma das pessoas que esta manhã optou por fazer a passagem do rio no pequeno barco municipal, tendo afirmado à agência Lusa que o fez “por necessidade” de se deslocar para o seu local de trabalho.
O autarca, que chegou ao cais de embarque às 08:00, habita na margem sul do concelho e afirmou que a situação “implica como que um retrocedimento ao século XVII ou XVIII“, acrescentando que “a alternativa era fazer 50 quilómetros de carro, dando a volta pela ponte de Abrantes”.
A vereadora Manuela Arsénio, que habita em Santa Margarida, disse à Lusa ser “constrangedor” e “angustiante” ter de atravessar de barco pelo facto da ponte estar encerrada, considerando ser “um retrocesso” relativamente à actividade da vila “não haver alternativas de passagem sobre um rio que divide o concelho e dois”.
Anabela Menaia, 37 anos, por sua vez, disse “não gostar muito” de fazer a travessia de barco, tendo afirmado que atravessar o areal “suja os pés” e obriga a levar calçado suplementar.
Já Sara Oliveiros, 40 anos, disse à Lusa estar “revoltada pela privação” de utilizar a ponte, tendo afirmado ser “contrariada” que faz a passagem de barco para a outra margem.
“Se tivesse de dar a volta de carro todos os dias mais valia ficar em casa, que o dinheiro não dá para essa despesas”, advogou, acrescentando ser “um incómodo, pela areia que se mete nos pés e pelo pavor” que tem da água.
Outra atitude teve Bandeira Tavares, director da fábrica de Celulose do Caima, que optou por fazer a travessia a pé, pela ponte desactivada.
A falta da ponte “é um problema”, admitiu, afirmando que “inviabiliza o transporte de mercadorias, quer as produzidas na fábrica, quer para a recepção de matérias-primas para o processo de produção”.
“A zona sul tem carência de acessos, quer para a fábrica do Caima, quer para as infra-estruturas militares, parques de resíduos e populações em geral”, afirmou.
Com o encerramento da ponte sobre o rio Tejo, na zona de Constância, a autarquia reforçou o sistema de travessia do rio através do barco municipal, tendo sido aumentado o número de passagens, as quais decorrem entre as 07:30 e as 00:30, de meia em meia hora.
A ponte manter-se-á encerrada até que seja efectuada uma segunda inspecção com vista ao restabelecimento da circulação de viaturas ligeiras.
*Lusa
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