quinta-feira, 22 de julho de 2010

Política

Concelhia do PS do Cartaxo não comenta desvinculação de Paulo Caldas do partido
A Concelhia socialista do Cartaxo escusa-se a comentar a desvinculação do partido do actual presidente da Câmara, Paulo Caldas, que no início do mês entregou o seu cartão de militante, gesto em que foi acompanhado pela mulher.
Pedro Ribeiro, presidente da Concelhia do PS/Cartaxo, disse hoje à agência Lusa que a situação foi “discutida” na reunião da comissão política realizada a semana passada, mas que não foi tomada nenhuma posição pública por “desconhecimento das razões que estiveram na base da decisão” de Paulo Caldas.
Paulo Caldas disse à Lusa que, para já, apenas pode adiantar que o gesto em que foi acompanhado pela mulher se prendeu com “razões pessoais, familiares e políticas” e que, “com o tempo, saber-se-á o porquê” desta decisão.
Invocando “razões de consciência”, o autarca admitiu que a sua decisão está “interligada” com os acontecimentos dos últimos meses, em particular com os ocorridos em 18 de Maio, dia em que a sua residência e o seu gabinete na autarquia foram alvo de buscas pela Polícia Judiciária e em que foi detido por posse ilegal de arma.
“Saio do PS magoado com algumas pessoas, quadros e dirigentes do PS a nível nacional”, disse, frisando que o seu gesto não pode ter apenas a leitura de falta de solidariedade.
“Pode haver outras circunstâncias”, afirmou, sublinhando que a sua passagem à condição de independente em nada interfere com o projeto para o concelho.
“Manterei o mesmo empenho e dedicação e todo o esforço que tenho dedicado” à câmara municipal, disse, acrescentando acreditar que não existem motivos para que o PS local deixe de apoiar a liderança e a equipa que gere a autarquia.
Pedro Ribeiro confirmou à Lusa esse apoio, sublinhando que “o quadro político não se alterou”, até porque a equipa de Paulo Caldas já integrava dois independentes, sendo que a única vereadora militante do PS, Rita Gameiro, nem sequer tem pelouros atribuídos.
“Quisemos dar à população um sinal de serenidade e responsabilidade”, disse, frisando que, independentemente da condição de independentes, os eleitos que gerem o concelho “foram eleitos pelo Partido Socialista”.
Paulo Caldas garantiu que, apesar desta tomada de posição, se mantém ideologicamente de raiz socialista e que, a regressar um dia à militância partidária, “será sempre ao PS”.
Na sequência da assembleia municipal extraordinária realizada esta semana, a pedido da oposição, para analisar o relatório de execução do Plano de Saneamento Financeiro 2008/2023, o Bloco de Esquerda pediu a Paulo Caldas que seja “consequente com os seus últimos atos” e que se demita do cargo “para o qual foi eleito sob a sigla do PS”.
Por seu turno, o PSD continua a alertar para a “dimensão do buraco financeiro” da autarquia, referindo que o município atingiu “a maior dívida a pagar de sempre”, da ordem dos 38 milhões de euros, estando a “hipotecar as gerações futuras”.
Também a CDU não esconde a preocupação perante o “notório e significativo aumento dos empréstimos obtidos”, considerando que “o excesso de 9,9 milhões de euros no endividamento de médio e longo prazo” confirma “a hipoteca do futuro financeiro do município”.
Paulo Caldas assegura que o Cartaxo “iniciou um novo ciclo de investimentos”, com obra em curso no valor de 30 milhões de euros, num clima de “estabilidade financeira” e com “solvabilidade para sustentar e pagar o serviço da dívida dos empréstimos e acordos de regularização de dívida”.
*Lusa
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