Imagem:A.Anacleto
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Centenas de veículos transitaram em marcha lenta entre Amiais de Cima e Alcanede em protesto pelo estado degradado da Estrada Regional 361
Centenas de populares e veículos ligeiros e pesados participaram hoje numa marcha lenta de protesto, entre as povoações de Amiais de Cima e Alcanede (Santarém), para reclamarem o arranjo da estrada regional 361.
Na manifestação, que decorreu num troço da estrada com aproximadamente sete quilómetros, estiveram largas dezenas de veículos, sobretudo camiões de empresas locais, que entupiram por completo a circulação nesta zona durante quase duas horas, numa fila de veículos.
Entre buzinadelas, gritos e cartazes de protesto, a marcha lenta teve o objectivo de alertar para o mau estado desta estrada, que liga Alcanena a Alcanede, e cujo pavimento está degradado há mais de uma década, segundo disse à Lusa Paulo Coelho, um dos organizadores locais da iniciativa.
“Este movimento cívico, que não tem ligações a partidos ou poderes, limitou-se a viabilizar um protesto que as populações desta zona já há muito queriam fazer”, referiu à Lusa Luís Ferreira, outro dos coordenadores do movimento.
“Quisemos dar uma mostra de força popular às entidades competentes e mostrar que as pessoas desta zona não estão a dormir e estão fartas desta situação”, referiu ainda Luís Ferreira, afirmando também que as populações da zona “já não acreditam em promessas de obras que têm vindo a ser feitas há vários anos”.
Esta estrada serve uma população de quase 9000 habitantes, segundo cálculos da organização do movimento, nomeadamente das freguesias de Alcanede, Gançaria, Abrã e Amiais de Baixo. Na zona existe ainda alguma indústria, nomeadamente o Grupo JJ Louro e a fábrica de curtumes Inducol.
O presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores, que não esteve na manifestação, disse à Lusa que está “totalmente solidário” com o protesto e considera “inadmissível como nesta situação única, a decisão dos técnicos do Parque [das Serras d’Aire e Candeeiros – PNSAC] têm mais poder de decisão do que o próprio Ministério das Obras Públicas, que já há muito tempo tem intenção de fazer esta obra”.
Moita Flores referia-se à questão do troço entre Amiais de Cima e Alcanena, cujo traçado terá de ser corrigido, nomeadamente nalgumas curvas, e cujas obras necessitam de parecer prévio do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB), visto que esta zona está em perímetro do Parque Natural das Serras d’Aire e Candeeiros.
O movimento promotor do protesto diz ter recebido esta semana outra comunicação da empresa Estradas de Portugal (EP), responsável pela estrada, referindo que será lançado em breve o concurso para a primeira fase da obra, que irá decorrer entre Alcanede e Amiais de Cima, num custo previsto de 1,5 milhões de euros, segundo dados adiantados a Luís Ferreira pela delegação regional de Santarém da EP.
A segunda fase da obra, que necessita de parecer prévio do ICNB, vai ligar Amiais de Cima a Alcanena e tem um custo previsto de 2 milhões de euros, segundo a mesma fonte.
Relacionado ainda com o protesto esteve a circular na Internet e em papel uma petição para exigir obras naquela estrada regional. Foram recolhidas 4404 assinaturas válidas, segundo garantiu também à Lusa o coordenador do movimento de protesto, Luís Ferreira.
Estas assinaturas e a petição vão ser enviadas à Assembleia da República na próxima semana, com o pedido de que o assunto seja debatido em plenário.
A petição vai ainda ser enviada ao Instituto de Infraestruturas Rodoviárias, entidade que fiscaliza a empresa Estradas de Portugal (EP), responsável pela estrada regional 361. Serão também enviadas cópias à EP, ao Governo Civil de Santarém, à Câmara Municipal de Santarém e aos deputados eleitos pelo distrito na Assembleia da República.
"Não vamos parar com este movimento até que a estrada seja arranjada", salientou Luís Ferreira, garantido que vai haver outras acções, entre as quais a instalação de um contador no Portal de Alcanede, que fará a contagem dos dias entre a manifestação de hoje e o início das obras.
"De três em três meses, vamos fazer outras acções no terreno, que ainda não estão definidas, e não vamos deixar morrer este assunto", adiantou o coordenador da acção.
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