segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sociedade

Presidente do Instituto da Segurança Social diz que não é com cortes nos apoios sociais que se resolve problema da crise financeira
O presidente do Instituto da Segurança Social (ISS), Edmundo Martinho, afirmou hoje que o problema da crise económica e financeira “não se resolve” com cortes nos apoios sociais.
Edmundo Martinho, que participou na apresentação do projecto “(Re)Ver a Pobreza”, em Santarém, afirmou que “o combate à crise não pode comprometer o combate à pobreza e à exclusão social”.
“Não é cortando nos apoios sociais que se combate a crise”, salientou ainda o presidente do ISS, em resposta a algumas críticas de responsáveis de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) da região e do presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), Sousa Gomes, sobre o que consideram ser casos de “falsa pobreza”.
Sousa Gomes, que também participou nesta sessão, chegou mesmo a apelar aos organismos públicos e à comunidade para “denunciarem casos de oportunismos” no acesso a apoios sociais.
Para o também presidente da Câmara de Almeirim existem “os pobres estruturais” (aqueles que sempre foram pobres e que vivem em condições disfuncionais na sociedade), “os novos pobres” (que estão em situações de desemprego e que foram afetados pela crise mais recente) e ainda os “falsos pobres” (aqueles que não deveriam receber apoios por estarem a “falsear os sistema”).
Edmundo Martinho afirmou que se devem combater os eventuais abusos no acesso aos apoios sociais mas salientou que, por exemplo, no caso do Rendimento Social de Inserção (RSI) existe “muita fiscalização”.
O presidente do ISS referiu ainda que o tempo médio de permanência neste sistema de apoios é de 22 meses e rejeitou que os beneficiários do RSI tenham de prestar serviços à comunidade enquanto recebem esta prestação social, afirmando que as pessoas nesta situação “devem ser estimuladas a procurar trabalho remunerado que lhes permita deixar de receber apoios públicos”.
“Os pobres e desempregados não podem ser bodes expiatórios de empresas que sabem organizar-se”, disse ainda Edmundo Martinho, criticando os “responsáveis pela crise que continuam a querer estar na crista da onda, a procurar ter uma palavra sobre as soluções para o problema que criaram”.
Nesta sessão foram ainda entregues os prémios do concurso de desenhos, fotografias e textos que está integrado no projecto “(Re)Ver a Pobreza”, uma iniciativa que, a nível do distrito de Santarém, é coordenada pelo núcleo da Rede Europeia Anti-Pobreza (REAPN).
Apresentaram-se ao concurso 75 trabalhos mas, segundo o coordenador do núcleo distrital da REAPN, o objetivo é chegar aos 500. Participam neste projecto os 11 concelhos da Lezíria do Tejo.
A iniciativa tem um financiamento nacional de 600 mil euros, dos quais 300 mil são provenientes de fundos comunitários europeus.
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