quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sociedade

Pescadores de Ortiga querem comportas desactivadas para passagem da lampreia
Pescadores de lampreia de Ortiga, Mação, querem que a Câmara de Abrantes mantenha desactivadas as comportas do açude insuflável instalado no Tejo durante a campanha de pesca, para evitar "graves prejuízos financeiros".
Os pescadores, que esta semana fizeram chegar a sua preocupação à autarquia de Abrantes, alegam que as lampreias, se as comportas do açude não estiverem "em baixo", não conseguem passar o paredão e subir o rio.
Representantes de cerca de 30 famílias de Ortiga pediram que as comportas se mantenham abertas entre os meses de Dezembro e Maio, alegando que o açude insuflável construído no Tejo não permite que o peixe siga o seu percurso tradicional e chegue à aldeia ribeirinha para a desova, um facto que se tem repercutido em "graves prejuízos".
"Apresentámos o que entendemos ser uma proposta equilibrada e que deve ser viabilizada, até por uma questão de bom senso", disse à agência Lusa Sérgio Durão, porta voz dos pescadores e presidente da associação "Os Amigos da Estação", de Ortiga, acrescentando que a situação actual é "dramática para muitas famílias que têm na pesca um importante complemento às suas reformas e vencimentos".
A associação "Os Amigos da Estação" bate-se "pela defesa dos interesses e das tradições" da localidade de Ortiga, nomeadamente a pesca do sável e da lampreia, actividade que Sérgio Durão considera estar hoje "em riscos de morrer".
"Já tivemos mais de 80 barcos de pesca regularmente estacionados na barragem de Ortiga - Belver e hoje contam-se pelos dedos de uma mão", afirmou, acrescentando que muitos dos pescadores da localidade "tiveram de emigrar, agravando problemas de interioridade e de afirmação de um potencial tradicional".
"O problema está localizado no açude e afecta não só os profissionais da pesca de Ortiga, mas também as freguesias imediatamente a jusante, como Alvega, Concavada, Mouriscas e Pego", já em Abrantes.
Afirmando "não querer conflitos com ninguém", o representante da comunidade piscatória de Ortiga adiantou que, "se não houver bom senso", os pescadores e a comunidade estão "preparados para batalhar de outra forma, seja com abaixo assinados ou com outro tipo de manifestações".
Em declarações à agência Lusa, a presidente da Câmara de Abrantes, Céu Albuquerque afirmou ter "consciência das limitações" à actividade piscatória, acrescentando que, "antes de uma decisão, é necessário ponderar o impacto que a medida [preconizada pelos pescadores] terá junto dos turistas".
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