sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Sociedade



Imagem:A.Anacleto
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Psicóloga do Centro Hospitalar de Coimbra que acompanhou a menor Esmeralda Porto declarou ao Tribunal que a criança está em “sofrimento”

A psicóloga do Centro Hospitalar de Coimbra que acompanhou a menor Esmeralda Porto durante cerca de um ano, a partir de Março de 2007, declarou-se hoje convencida de que, apesar de apresentar um comportamento adequado, a criança está em "sofrimento".
Anabela Fazendeiro, que hoje começou a ser ouvida pelo Tribunal de Torres Novas, por vídeo-conferência, no âmbito do processo de pedido do poder paternal e guarda da menor interposto pela mãe, Aidida Porto, afirmou que as sequelas da ruptura sofrida pela criança se vão manifestar posteriormente, referindo que as alterações de comportamento se revelam frequentemente na adolescência.
A criança, que foi entregue pela mãe com três meses ao casal Luís Gomes e Adelina Lagarto, com quem viveu perto de seis anos, passou a viver com o pai, Baltazar Nunes, em Dezembro de 2008, tendo o Tribunal de Torres Novas confirmado o poder paternal e a guarda da criança ao pai em Março de 2009.
A advogada de Luís Gomes e Adelina Lagarto, Inês Sá, pediu a junção aos autos de documentos para “contraprova” às alegações feitas por José Luís Martins, mandatário de Baltazar Nunes, no outro processo, por considerar que foi questionada a “idoneidade e legalidade” com que o casal assumiu a guarda da menor.
Apesar da oposição de José Luís Martins à admissão dos documentos, por entender que estes se referem a procedimentos adoptados pelo casal há oito anos que, no seu entender, são alheios ao objecto da presente acção, o juiz Pedro Carrilho de Sousa aceitou a sua junção aos autos, sem prejuízo da apreciação, “em momento oportuno, da sua relevância provatória”.
Entretanto, outra psicóloga do Hospital de Santarém que acompanhou também a menor até esta ser entregue ao pai, em Dezembro de 2008, disse ao Tribunal de Torres Novas que a criança "não estava preparada" para essa mudança.
Sheila Sousa, a segunda técnica a acompanhar a menor na sequência da decisão do Tribunal de transferir o processo da equipa de pedopsiquiatria de Coimbra para a de Santarém, em Maio de 2008, disse hoje que deveria ter havido um trabalho “mais gradual”.
A perita depôs também hoje, na segunda audiência do processo de pedido do poder paternal e guarda da menor interposto pela mãe da criança, Aidida Porto.
Esmeralda Porto, entregue pela mãe aos três meses ao casal Luís Gomes e Adelina Lagarto, foi entregue pelo Tribunal à guarda do pai, Baltazar Nunes, em Dezembro de 2008.
“O calendário dos adultos não é o mesmo das crianças. A vida interna de uma criança não dá para agendar”, disse Sheila Sousa, assegurando que quando foi entregue ao pai, a 18 de Dezembro de 2008, Esmeralda “não estava preparada”.
“Com um trabalho mais gradual haveria uma maior aceitação”, disse, frisando que o que foi feito não foi o que havia sido combinado com a criança, que estava convencida de que iria passar uma semana com o pai.
No seu entender, as três semanas seguintes sem qualquer contacto com o casal com o qual mantinha uma vinculação parental segura e a recusa que a própria assumiu nos três meses seguintes de não os ver revelam o sentimento de que deixou de poder confiar nos adultos.
A técnica admitiu que a “clivagem total” feita em Dezembro, de mudança dos prestadores de cuidados, geográfica (de Torres Novas para a Sertã) e de envolvente sócio-cultural, tenha gerado “sofrimento” e um “sobreinvestimento escolar” que explica os bons resultados escolares.
Também a psicóloga do Centro Hospital de Coimbra, Anabela Fazendeiro, que depôs durante a manhã cerca de quatro horas, igualmente por vídeo-conferência, declarou perante o Tribunal estar convencida de que, apesar de apresentar um comportamento classificado como adequado, a criança “está em sofrimento”.
Tanto o advogado de Aidida Porto, Pedro Rocha Santos, como a mandatária do casal Luís Gomes e Adelina Lagarto, Inês Sá, têm questionado as peritas que acompanharam a menor sobre a possibilidade de a mãe ser a figura que melhor pode assegurar um relacionamento equilibrado da criança com os adultos que a disputam.
Os depoimentos têm coincidido na apresentação de Aidida como uma figura neutral, na qual a criança não vê uma ameaça para continuar a manter uma relação de proximidade com o casal que a criou.
José Luís Martins, advogado de Baltazar Nunes, tem procurado mostrar que a criança revela um comportamento adequado, sendo mesmo a melhor aluna da turma, ligando esse desempenho a bom ambiente familiar que lhe está a ser proporcionado.
A pedo-psiquiatra Ana Vasconcelos, que acompanha actualmente a criança nos contactos com a mãe e com o casal, defendeu, na primeira sessão de audiência, a opção por uma “responsabilidade parental conjunta”, que obriga à partilha de responsabilidades entre os dois progenitores.
Afirmando que nas sessões consigo Esmeralda revela o desejo de ir viver com a mãe, Ana Vasconcelos frisou ser importante ouvir a perita que tem acompanhado os contactos com o pai, Florbela Paulo, que será ouvida na sessão marcada para o próximo dia 03 de Fevereiro.
A criança, que foi entregue pela mãe com três meses ao casal Luís Gomes e Adelina Lagarto, com quem viveu perto de seis anos, passou a viver com o pai, Baltazar Nunes, em Dezembro de 2008, tendo o Tribunal de Torres Novas confirmado o poder paternal e a guarda da criança ao pai em Março de 2009.
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