Imagem:A.Anacleto
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Jerónimo de Sousa participou esta tarde em Tomar numa acção de solidariedade social para com os trabalhadores do distrito
O secretário-geral do PCP declarou-se hoje convencido de que, “se puder”, o Governo irá aumentar impostos, em concreto o IVA, “em nome do combate ao défice”, podendo ser este “o ponto de divergência com a direita”.
Jerónimo de Sousa, que hoje participou, em Tomar numa acção de solidariedade para com os trabalhadores do distrito de Santarém, disse que, em matéria de Orçamento de Estado, era “inevitável” que, “no que é estruturante”, houvesse um acordo à direita.
Para o secretário-geral do PCP, com as pressões do Fundo Monetário Internacional (FMI) para que haja um aumento “do imposto mais cego, que atingindo todos, atinge sempre mais alguns, quem menos pode”, o IVA, o Governo se encontra “numa encruzilhada”.
“Não sabemos se vai acontecer, apesar dessa velha receita do FMI. Pode ser aqui o ponto divergência com a direita. Mas, se puder, o Governo fá-lo-á, em nome do combate ao défice, da dívida pública, coisa que nunca os preocupou durante quatro anos”, afirmou.
Jerónimo de Sousa sublinhou que, apesar de “divergências de opinião” do “parceiro ou dos parceiros” (PSD e CDS) que venham a ser escolhidos pelo Governo socialista para viabilizar o orçamento, “no que é estruturante” os três partidos estão de acordo.
“A direita vai ter o seu orçamento”, disse o secretário-geral do PCP, criticando a “grande encenação do apelo ao diálogo com todos”.
“A forma como estão a decorrer as negociações entre o PS e os partidos de direita é a prova provada que o convite para o diálogo com todos os partidos era pura encenação, para encobrir o desejo de prosseguir a política de direita de defesa dos interesses dos grandes grupos monopolistas que continuam a determinar as orientações essenciais das políticas económicas orçamentais”, afirmou.
Para Jerónimo de Sousa, mais do que um “beija-mão” ao primeiro-ministro, José Sócrates, pelos líderes do PSD, Manuela Ferreira Leite, e do CDS, Paulo Portas, estes estão “obrigados ao beija-mão ao poder económico”, sendo o Orçamento de Estado um “instrumento fundamental que define e direcciona essas políticas”.
“As alianças, acordos e entendimentos, formais ou tácitos, entre PS e CDS e PS e PSD são a nova fórmula de uma presidencial ‘concertação estratégica’ dos que nas últimas três décadas conduziram o país à situação de atraso, à sujeição e à voragem pelas ‘aves de rapina’ do grande capital nacional e internacional”, disse.
Na sessão em que participou em Tomar, no âmbito da campanha nacional que o partido está a desenvolver sob o lema “Lutar contra as injustiças, exigir uma vida melhor”, Jerónimo de Sousa ouviu os testemunhos de dois trabalhadores de duas empresas do concelho que se encontram em processo de insolvência.
António Basílio, um dos 200 trabalhadores da IFM/Platex, relatou as acções de luta que têm vindo a desenvolver para tentar salvar uma empresa que exportava 60 por cento do contraplacado que produzia e que foi sempre declarada como sendo viável.
Um dos 300 trabalhadores da construtora João Salvador, Francisco Lopes, subiu também ao palco do auditório da Biblioteca Municipal de Tomar para manifestar incompreensão com o processo que levou a empresa à insolvência e que o deixou com 11 meses de salários em atraso.
*Lusa
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