quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Sociedade

Moita Flores diz que é “folclore político” a constituição de Jorge Coelho como arguido no processo do CNEMA
O presidente da Câmara Municipal de Santarém disse hoje à Lusa que a constituição do ex-ministro socialista Jorge Coelho como arguido no processo do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA) "é uma história muito mal contada".
"É folclore político. Não tem a ver com o cerne da questão e não visa procurar saber a verdade que está nos negócios feitos então pela Câmara e pela direcção do CNEMA. É envolver quem não teve nada a ver com esses negócios, o que é feio, muito feio", disse Francisco Moita Flores à agência Lusa.
Moita Flores afirmou que, "depois de saber o que se está a passar, a Câmara Municipal de Santarém vai tornar-se assistente no processo, para os verdadeiros responsáveis serem chamados à pedra".
"É preciso recentrar o problema no essencial", disse.
Jorge Coelho, ex-ministro do Equipamento Social, e Luís Parreirão, ex-secretário de Estado das Obras Públicas no Governo de António Guterres, foram ouvidos pelas autoridades na investigação judicial à transferência de verbas para o Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, tendo sido constituídos arguidos no processo.
Em causa estão negociações ocorridas em 2001 entre o CNEMA, a Estradas de Portugal e a Câmara de Santarém, então presidida pelo socialista José Miguel Noras, com vista ao saneamento financeiro do centro de exposições.
Contactado hoje pela Lusa, José Miguel Noras, que já havia sido constituído arguido numa fase anterior, escusou-se a prestar declarações, alegando que o processo se encontra em segredo de justiça, acrescentando apenas não saber sequer se se trata do mesmo processo.
Em comunicado hoje divulgado, Jorge Coelho confirmou que recebeu o ex-líder da CAP, José Manuel Casqueiro (entretanto falecido), e o ex-autarca de Santarém para "procurar ajudar a resolver um problema que existia" entre as duas instituições e a Estradas de Portugal.
"Recebi formalmente as referidas entidades que me expuseram o seu problema e que, sendo a sua eventual resolução da responsabilidade da Estradas de Portugal o encaminhei para a área do Ministério que tutelava o respectivo organismo", refere Jorge Coelho.
"Em todas as peças do processo que me foram mostradas (…) não existe qualquer assinatura minha, quer em nenhum protocolo, quer em nenhum despacho ou onde quer que seja", acrescentou o ex-governante.
No documento, Jorge Coelho explicou que a reunião foi realizada a "pedido do senhor primeiro-ministro de então", António Guterres.
*Lusa
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