domingo, 6 de dezembro de 2009

Sociedade

A Comissão de Utentes da Saúde de Médio Tejo, sediada em Torres Novas, emitiu um comunicado, o qual transcrevemos na íntegra:
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COMISSÃO DE UTENTES DA SAÚDE do MÉDIO TEJO
(Membro do MUSP (Movimento de Utentes dos Serviços Públicos))
AO QUE ISTO CHEGOU! UTILIZAR A SAÚDE PARA VENDAS PODE EVENTUALMENTE NÃO SER ILEGAL, MAS É ÉTICAMENTE CONDENÁVEL
«O caso que relatamos a seguir passou-se nos primeiros dias de Dezembro no Concelho de Torres Novas e foi-nos transmitido por um utente. Recebeu uma chamada telefónica (rede fixa) de alguém que afirmou ser uma organização, com o apoio da Segurança Social, que iria no dia seguinte fazer rastreio à diabetes, que faria análises ao sangue e à urina e, também, exames ao coração e ao colesterol.
Na sua boa fé o utente acerta o local, data e hora onde se iria fazer o prometido rastreio.
Conforme o indicado lá estava o utente. Surpresas: atendimento por pessoas não identificadas; ausência de equipamento adequado para o rastreio prometido; os “agentes de saúde” não usavam qualquer vestuário que tivesse a ver com a prática de actos de saúde. Na sala já havia uma série de casais distribuídos por várias mesas e à conversa com promotores.
Depois de algumas perguntas e de ser medida a tensão arterial por um equipamento rudimentar, o interlocutor do utente, exclama: “Sra. Doutora, esta pessoa está prestes a ter um AVC. Se calhar era melhor chamar uma ambulância.” O utente assustado e perplexo é acompanhado a uma zona onde há colchões, cadeiras e balanças. Deitada numa das cadeiras o referido “doutor” diz-lhe que lhe vai fazer um tratamento no valor de sessenta euros.
Utilizando a boa fé e a vulnerabilidade de muitos cidadãos face à doença, uns tantos oportunistas tentam impingir produtos e equipamentos “milagrosos” para a resolução dos problemas de saúde que efectivamente têm ou são na hora inventados. Provavelmente criam nos meses imediatos uma patologia muito real: as depressões que começam a aparecer perante as dificuldades de pagamento dos produtos adquiridos.
Estamos em condições de indicar às autoridades responsáveis, as datas, horas, locais e pessoas intervenientes no episódio que relatamos.
Daremos conta desta situação à Assembleia da República, ao Ministério da Saúde e aos responsáveis locais do ACES “Serra d'Aire”, para que ajam em conformidade.
Os utentes já têm problemas suficientes com a falta de médicos de família, com o preço dos medicamentos, com o tempo de espera para consultas e cirurgias... não têm necessidade daqueles que os induzem (com aldrabices) a piorar a sua situação ».
A Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo
5 de Dezembro de 2009.
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