terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sociedade

Instituições de Santarém unem-se para ajudar pais a educar filhos para o optimismo
Várias instituições de Santarém juntaram-se para ajudar pais a educar os filhos para o optimismo e a desenvolverem um relacionamento positivo, num programa de educação parental que termina este mês a sua primeira etapa.
"Não é fácil. (As sessões com os pais) mexem muito com questões da vida privada, dum espaço reservado", disse à agência Lusa Cláudia Martins, psicóloga da Associação para o Desenvolvimento Social e Comunitário de Santarém (ADSCS).
A associação juntou-se a outras instituições do concelho - Santa Casa da Misericórdia, Centro Social Interparoquial, Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) e Gabinete de Psicologia da Câmara de Santarém - para desenvolverem um programa de educação parental.
"Sentíamos que o trabalho desenvolvido no âmbito do Rendimento Social de Inserção era incompleto e tínhamos consciência de que não seria fácil para as equipas desenvolverem este projecto com as famílias com que lidam diariamente", disse à Lusa Tânia Sousa, do Centro Social Interparoquial.
Foi assim que, na sequência de uma proposta da CPCJ para experimentação do programa "Ser Família", elaborado em 2003 por Maria José Ribeiro, da Universidade do Minho, foi criada uma "equipa de trabalho inter-serviços", que arrancou, em Setembro, com dois grupos piloto, um na cidade de Santarém e outro na freguesia de Alcanede, adiantou Susana Parente, da CPCJ.
"Os grupos têm evoluído e conseguido aumentar o grau de partilha. As sessões partem muito do seu próprio funcionamento como filhos", disseram as técnicas à Lusa, frisando que para muitas destas pessoas "o esforço de se sentirem bem com elas e com as famílias tem que ser redobrado", porque "muitas vezes nem as necessidades básicas têm satisfeitas".
As sessões, semanais, "ajudam a dar importância ao que dizemos ou fazemos com os nossos filhos. Acabamos por tirar ideias e ver o que passa mais despercebido", disse à Lusa Ana Oliveira, com dois filhos, de 13 e quatro anos.
"Agora, quando vou para ralhar penso primeiro. Às vezes estamos muito ocupadas e não lhes prestamos atenção quando pedem. Agora, paro o que estou a fazer e vejo primeiro o que me querem dizer", confessou.
"Antes (das sessões) fazia-lhes tudo, resolvia tudo por elas, agora não", disse Ana Silva, mãe de duas raparigas de 10 e 18 anos.
"Vamos aprendendo umas com as outras. Se éramos más ouvintes já não somos", afirmou Sandra Rodrigues, com três filhos, com 11, 12 e 16 anos.
O projecto "Conversas de Pais", que prosseguirá em Janeiro com mais dois grupos, procura levar os pais - as mães são as que mais participam, apenas um pai apareceu no grupo de Alcanede - a reflectir sobre as suas práticas educativas, a serem mais optimistas na relação consigo próprios, com os outros e com a vida, a perceberem como lidar com comportamentos "desafiantes" das crianças, a comunicarem de forma mais eficaz com os filhos.
Cada grupo, com uma média de 15 participantes, partilha experiências em 12 sessões onde são abordadas questões como a comunicação e os sentimentos na relação pais/filhos, estratégias para lidar com a criança, sentimentos positivos e educação para o optimismo.
Para permitir a participação dos pais, as instituições disponibilizam um serviço de "baby-sitting".
Eliseu Raimundo, presidente da CPCJ de Santarém, disse à Lusa que os casos que vêm parar à comissão geram grande preocupação e a noção da grande necessidade de os pais "terem tempo para as crianças".
*Lusa
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