segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Desporto

Coruchense regulariza dívidas ao fisco
O GD Coruchense anunciou hoje a regularização das dívidas ao fisco e o reinício da actividade futebolística do emblema ribatejano na próxima época.
“O GD Coruchense foi mais um clube que passou por momentos difíceis com as Finanças, mas vencemos esta batalha e acho que estamos todos de parabéns”, disse à Agência Lusa o presidente do clube, Ricardo Santos.
As dívidas do clube, que, segundo o dirigente, “rondavam em Setembro cerca de 330 mil euros”, ficaram saldadas no passado 23 de Dezembro, com a “entrega do valor da sede do clube, pela Câmara Municipal de Coruche, às Finanças”.
“Em vez de recebermos a sede, esse dinheiro transitou directamente para o pagamento destas dívidas e o clube ainda vai receber o valor remanescente”, disse Ricardo Santos, acrescentando que o GD Coruchense terá uma Assembleia-Geral a 08 de Janeiro “para reiniciar a actividade no futebol na próxima época, e retomar a secção de pesca já em Fevereiro”.
Na sequência do “desaparecimento” do GD Coruchense, a 18 de Agosto de 2008, alguns dos antigos responsáveis pelo emblema ribatejano fundaram o Amigos do Grupo Desportivo Coruchense - Associação Desportiva, que, além dos escalões de formação, participa na II Divisão distrital da Associação de Futebol de Santarém, em seniores.
“Concluída a época desportiva, vão ser encerradas as contas e será extinto”, frisou.
Em Maio último, 16 antigos dirigentes do GD Coruchense foram notificados para o pagamento de dívidas tributárias do clube, num valor superior a 800 mil euros, referentes a IVA e IRC, agravadas com multas e juros.
Em causa estava a permuta de um terreno, com cerca de 6,8 hectares, em Montinho do Brito, com a Câmara Municipal de Coruche para a construção de um complexo desportivo em troca de uma sede, tendo em vista a substituição do antigo campo Horta da Nora que estava alugado ao clube e entretanto foi vendido pelo proprietário.
No entanto, apesar de acordada a permuta, a escritura descrevia a transferência do terreno como uma “doação”, que conferiu um agravamento da tributação.
Na altura, já com dívidas fiscais, o GD Coruchense não dispunha do estatuto de entidade pública, ficando assim afastada a possibilidade de se candidatar a financiamentos, daí que tenha doado o terreno à autarquia para que construísse o estádio e edificasse uma sede para o clube.
Neste terreno, a Câmara de Coruche custeou as obras de terraplanagem e fundações, num valor de cerca de 750 mil euros, no entanto foi o clube que deduziu IVA sobre as facturas passadas ao empreiteiro.
Após a transferência para a autarquia, o montante de IVA deduzido pela intervenção teria de ser devolvido, facto que não ocorreu, tendo o clube sido alvo de várias coimas, às quais se têm acumulado juros.
Apesar do investimento neste terreno, a Câmara de Coruche acabou por construir o Estádio Municipal José Peseiro, inaugurado a 25 de Abril de 2007, em Santo Antonino, atribuindo usufruto prioritário ao clube.
Mesmo sem qualquer actividade desportiva actualmente, o GD Coruchense, que foi fundado em 1948 e conquistou o título de campeão da III Divisão nacional em 1953/54, constava, em Novembro último, na lista de devedores da Direcção-Geral das Finanças, com dívidas situadas entre 100.001 euros a 500.000 euros.
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