terça-feira, 24 de novembro de 2009

Necrologia

Morreu o oftalmologista Joaquim Gonçalves Isabelinha
O ex-futebolista e sócio número um da Académica de Coimbra, Joaquim Gonçalves Isabelinha, morreu hoje em Santarém, com 100 anos, disse à Lusa o seu filho José Isabelinha.
Médico oftalmologista reformado há cinco anos estava internado no Hospital Distrital de Santarém desde quarta-feira e praticamente já não se alimentava, disse José Isabelinha, acrescentando que a morte ocorreu hoje de manhã "por volta das 10:30".
O antigo interior direito, sócio da "Briosa" há 80 anos, nasceu a 05 de Dezembro de 1908, em Almeirim, tendo estudado no liceu de Santarém antes de rumar a Coimbra, na década de 30 do século passado.
Antes de alinhar na Académica, enquanto estudante de Medicina na Universidade de Coimbra, até terminar o curso e rumar a Lisboa para se especializar em oftalmologia, Isabelinha jogou no Almerinense e, durante o liceu, em Santarém, alinhou pelo Leões de Santarém.
Segundo o arquivo dos Veteranos da Académica na Internet, Isabelinha estreou-se na "briosa" com 21 anos, a 30 de Março de 1930, na derrota frente ao Sporting, por 7-1, tendo marcado o golo solitário dos "estudantes", cuja camisola envergou 25 jogos, ao longo de sete épocas.
Após a final da Taça de Portugal de 1939, que a Académica venceu depois de bater o Benfica, por 4-3, Isabelinha, quando instado a discursar, apenas disse: "Viva a malta".
"Desportista sempre correcto. Figura mais querida da Academia. Não só pelos seus méritos de jogador, mas, sobretudo, pelo seu porte nobre, grandioso e incapaz de cometer uma deslealdade com o adversário", descreveu a publicação "Voz Desportiva", quando Isabelinha abandonou os "estudantes".
Em 2008, por ocasião do centésimo aniversário de Isabelinha, a Casa da Académica de Lisboa, Académica de Santarém, Grupo "Guitarra e Canto de Coimbra" e Associação Académica de Coimbra/OAF, entre outras entidades, organizaram um almoço comemorativo no CNEMA, em Santarém, que juntou cerca de 550 pessoas.
Na ocasião, a Ordem dos Médicos atribuiu-lhe a medalha de mérito da classe e o presidente da Académica comparou o "relevo para a briosa" do sócio número um à de Pinto da Costa, Eusébio e Moniz Pereira, para FC Porto, Benfica e Sporting.
"Muitos deixaram a sua marca, mas ninguém como o dr. Isabelinha, quer pelo 'fair-play', quer pela faceta João Semana", frisou José Eduardo Simões, perante o reitor da Universidade de Coimbra, Seabra Santos, dos presidentes das Câmaras Municipais de Coimbra, Carlos Encarnação, Santarém, Francisco Moita Flores, e Almeirim, José Sousa Gomes.
Em Santarém, onde instalou o seu consultório, no Largo do Seminário, Isabelinha é reconhecido por ter ajudado muitos dos seus pacientes mais carenciados: não cobrava consultas e tratamentos aos mais pobres e dava-lhes dinheiro para comprarem os medicamentos que receitava.
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