domingo, 29 de novembro de 2009

Economia


Há condições fortes para o desenvolvimento do “turismo a cavalo”
O levantamento de percursos equestres foi feito em todo o país há uma década, mas o “turismo a cavalo” continua a não passar de uma ideia com forte potencial de atracção de visitantes, sobretudo do Norte da Europa.
“Falta o ‘clique’, porque tudo o resto nós temos”, confessou à agência Lusa o presidente da Associação Nacional de Turismo Equestre (ANTE), Vítor Vergamota.
Instalada na Golegã, desde que foi criada, em 1996, a ANTE cumpriu três dos seus principais objectivos – construiu instalações de excelência, criou uma escola de equitação e fez o levantamento de percursos equestres em todo o país.
Só que, numa década, e apesar dos 600 centros hípicos existentes no país, o turismo a cavalo - aquele em que as pessoas “desfrutam, tiram partido do cavalo”, como as rotas tão populares em França – continua a ser uma miragem.
Vítor Vergamota avança algumas explicações: “falta sensibilização dos agentes e uma entidade (que pode ser a ANTE, a Federação Equestre Portuguesa ou uma entidade tutelada pela Direcção-Geral do Turismo) que certifique os centros equestres e as empresas que se dedicam a esta área”.
“O turismo equestre tem que ter qualidade, instalações certificadas, animais suficientes e em condições e tem que ter guias, área em que temos vindo a dar alguns passos, desde que foi criada, há três anos, a Escola Nacional de Equitação”, disse à agência Lusa.
Os percursos equestres identificados estão agora desactualizados e as iniciativas e actividades turísticas nesta área são isoladas.
“Temos um potencial brutal em Portugal para fazer turismo equestre – bom clima, uma morfologia de terreno muito diversa (desde planícies, montanhas, mar, rios), um território maravilhoso e um animal, o cavalo lusitano, que é o melhor cavalo de sela do Mundo”, frisou o presidente da ANTE.
Também o presidente da Câmara Municipal da Golegã, José Veiga Maltez, que preside igualmente à sociedade anónima Lusitanus, Turismo Equestre, reconhece que as “bases” existem, mas falta concretizar em oferta “a quem nos visita e quer descobrir”.
No seu entender, a Golegã “cumpriu” o objectivo de promover o “turismo do cavalo” – aquele em que as pessoas se deslocam para assistir a eventos com cavalos -, ao construir um conjunto de infra-estruturas que incluem picadeiros, boxes e um centro científico e cultural, o Equuspolus, que conta a história do cavalo e divulga tudo o que está relacionado com o puro-sangue lusitano.
”Para o turismo a cavalo falta investir na aquisição de cavalos que possam proporcionar passeios localmente, regionalmente e até pelo país, com pontos de apoio, como apontava o trabalho desenvolvido pela ANTE”, disse à Lusa.
Vítor Vergamota sublinhou que muitos dos centros hípicos existentes no país ou não têm animais suficientes ou, se têm, não têm a qualidade exigida para receberem grupos de turistas, muitas vezes com experiências diferentes de equitação.
Admitiu que a ANTE terá de fazer a actualização dos percursos, mas frisou que não cabe à associação – que integra 40 associados colectivos e cerca de 30 individuais – a sua exploração.
“A ANTE representa os associados, faz divulgação, promoção, mas são os associados que recebem as pessoas que querem utilizar os percursos”, afirmou.
No seu entender, ao Estado caberia não dificultar a tarefa a quem quer trabalhar nesta área, coordenando as exigências dos vários departamentos envolvidos – Agricultura, Turismo e Desporto – e simplificando procedimentos.
“O cavalo é um produto económico. Falta sensibilidade da tutela que ainda não compreendeu totalmente que parte do produto interno bruto do país pode passar pela fileira do cavalo”, sublinhou por seu turno Veiga Maltez, que apontou os casos da Holanda – onde o cavalo remeteu as flores para segundo plano – ou da Irlanda, que não taxa o sector para promover o investimento.
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