domingo, 10 de outubro de 2010

Política

Câmara de Alpiarça faz balanço do primeiro ano de mandato
O conhecimento do valor da dívida da autarquia dominou o debate político no primeiro ano de mandato de Mário Pereira (CDU) à frente da câmara municipal de Alpiarça.
Quando em Outubro de 2009 recuperou a autarquia após 12 anos de gestão socialista, Mário Pereira começou por pedir uma auditoria externa às contas, “descobrindo” uma dívida da ordem dos 13 milhões de euros que obrigou o seu executivo a elaborar um plano de saneamento que aguarda ainda parecer do Tribunal de Contas.
“Admito que numa alteração política como esta, em que obtivemos uma vitória com maioria absoluta, se crie em alguma base eleitoral de apoio algumas expectativas que não se cumpriram”, disse Mário Pereira à agência Lusa.
Contudo, frisou, “mesmo nestas condições difíceis, têm sido executados alguns aspectos importantes do programa eleitoral” da CDU.
A oposição socialista - liderada por Regina Ferreira já que a cabeça de lista, Sónia Sanfona, não chegou a tomar posse assumindo o cargo de governadora civil do distrito - acusa o actual executivo de “algum marasmo”, limitando-se a “dar continuidade a projectos que estavam em andamento” e a “uma ou outra iniciativa”.
Mário Pereira responde afirmando que os compromissos anteriormente assumidos e a situação financeira em que o PS deixou o município não deixaram “grande margem de manobra”.
O autarca lamenta que a oposição socialista não reconheça que as “duas grandes obras” lançadas pelo anterior executivo – a recuperação da Casa-Museu dos Patudos, no valor de 2,5 milhões de euros, e o centro escolar (1,1 milhões de euros) – têm todo o esforço de execução e pagamento neste mandato.
Por outro lado, refere como realizações deste primeiro ano o “desanuviamento do ambiente político”, com a oposição e com as várias instituições do concelho, a aposta na reabilitação de escolas, a realização de eventos com baixo investimento mas com impacto na promoção do município, como o Festival do Melão e a Alpiagra.
“Estamos ainda a tentar, através de pequenas obras, fazer uma ‘lavagem de cara’ à imagem muito degradada do património edificado do concelho”, disse à Lusa, referindo que está em curso um projecto para apoiar melhoramentos nos edifícios das colectividades, da igreja e de serviços públicos, que poderá vir a ser alargado aos particulares.
Como área de intervenção que ficou “muito aquém” das suas expectativas, o autarca apontou a área social.
“Tinha uma visão mais interventiva, mas, dadas as limitações financeiras e a dimensão das necessidades de grande parte da população, tem sido muito difícil”, afirmou.
Reconhecendo a situação difícil da autarquia, que justifica com o “investimento muito elevado em obra nos últimos 12 anos”, Regina Ferreira disse à Lusa sentir que “não há um projeto concreto de desenvolvimento” e criticou que a proposta de saneamento financeiro não especifique o que vai deixar de ser feito.
Lamentou ainda que, apesar da conjuntura difícil, não haja um esforço para captar investimentos e aproveitar o potencial do concelho, dando como exemplo a falta de visibilidade da Casa-Museu dos Patudos (doada ao município pelo homem que proclamou a República, José Relvas) no centenário da República.
Em 2009, a CDU recuperou o seu tradicional bastião, obtendo quatro dos sete lugares na vereação.
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