Bloco de Esquerda diz-se preocupado com futuro da “Fernave” do Entroncamento
O Bloco de Esquerda mostrou-se hoje preocupado com o futuro da Fernave, empresa de formação detida pela CP, Refer e Metro de Lisboa, e critica o desinvestimento ocorrido nos últimos anos no sector ferroviário em Portugal.
António Gomes, coordenador do Bloco de Esquerda no distrito de Santarém, disse à agência Lusa que entrou e saiu preocupado da reunião que teve hoje, no Entroncamento, juntamente com o deputado do BE eleito por Santarém, José Gusmão, com a administração da Fernave.
O responsável do BE disse à Lusa que a administração da empresa disse que não há ainda qualquer decisão quanto à saída da Fernave do Entroncamento e que está a tentar encontrar uma solução.
Para António Gomes, as várias empresas accionistas têm mostrado dificuldade em “encontrar um caminho”, lamentando o património imobiliário que tem vindo a ser abandonado, além de ficar em risco todo um património intelectual.
Frisando o papel que a Fernave teve na formação do pessoal que trabalha no sector ferroviário – o complexo do Entroncamento possui um edifício de sete andares com 200 quartos que acolhia os formandos -, António Gomes lamentou que as empresas do sector nem sequer cumpram actualmente as 30 horas de formação anual dos trabalhadores a que estão obrigadas.
O complexo, que possui salas de aula, laboratórios, auditório, espaços desportivos está “em grande parte abandonado”, estando parcialmente alugado à Fernave (atualmente com 80 formandos, 60 dos quais em cursos mais especializados) e à cooperativa de ensino Gustavo Eiffel.
Compreendendo a “conjuntura complicada” que se vive no país, António Gomes frisou o risco de se “perder boa parte da cultura ferroviária e de todo um património” se a opção for transferir a responsabilidade da formação que actualmente compete à Fernave para privados.
Contactado pela agência Lusa, o presidente da câmara municipal do Entroncamento, Jaime Ramos (PSD), apelou a uma definição por parte da Refer sobre o que pretende fazer das inúmeras instalações que têm vindo a ser desactivadas na cidade.
“Como está não pode continuar”, disse, frisando que os edifícios se estão a degradar e que é necessário dar-lhes um destino.
Além da reunião com a administração da Fernave, os responsáveis do BE visitaram ainda o Lar dos Ferroviários, uma instituição que, segundo António Gomes, apresenta “boas condições”, mas que também atravessa dificuldades.
*Lusa
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