domingo, 24 de abril de 2011

Cultura

Ministério da Cultura e Junta de Freguesia do Tramagal vão celebrar acordo para criação de “Núcleo Museológico Industrial”
A ministra da Cultura e a Junta do Tramagal, em Abrantes, vão celebrar um acordo na terça-feira para criar um Núcleo Museológico Industrial a partir do espólio legado pela Metalúrgica Duarte Ferreira, extinta em 1995.
O projecto de instalação do Museu resulta de parceria entre a Câmara de Abrantes, junta de freguesia de Tramagal e a empresa MDF, que hoje opera no local a par da Mitsubishi, e contará com espaços expositivos e documentais daquela que foi uma das principais empresas metalúrgicas do país.
A Duarte Ferreira, que produziu os célebres Unimog e Berliet que equiparam o exército colonial português, chegou a ter 2.600 trabalhadores antes de ter sido intervencionada pelo Estado após o 25 de Abril de 1974 e depois retalhada em pequenas empresas, muitas das quais viriam a falir.
Sem revelar o montante de investimento, a presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque (PS), disse à agência Lusa que o projecto foi candidatado a fundo comunitários e visa preservar a memória de um dos pioneiros da indústria metalo-mecânica em Portugal e fundador da Metalúrgica Duarte Ferreira (MDF), a par do espólio de uma “importante empresa de Abrantes e do país”.
Maria do Céu Albuquerque lembrou o “desejo antigo” de criar um pólo museológico que salvaguardasse “para o presente e para memória futura” parte do património industrial de uma empresa que foi uma “escola de vida”, e que meia dúzia de pessoas foi guardando, impedindo assim que documentos e peças históricas de grande valor arquitectónico desaparecessem.
Em homenagem ao trabalho da MDF, foi construído em 1980 um museu de ar livre em Tramagal que mostra os utensílios utilizados na empresa, fazendo o “Museu A Forja” a reconstrução da primeira oficina e relatando a história da metalurgia e o desenvolvimento agrícola e industrial de Abrantes e do país.
Nascido em Tramagal em 1856 no seio de uma família muito humilde, o fundador da fábrica, Eduardo Duarte Ferreira, começou por se dedicar ao fabrico de alfaias agrícolas, em especial charruas, estando a sua pequena forja unipessoal na génese daquela que viria a ser uma das maiores unidades industriais portuguesas, tendo adoptado como seu símbolo comercial e de marca uma borboleta.
Nos períodos de maior expansão económica, a MDF chegou a empregar mais de 2600 pessoas nas suas diversas áreas, que incluíam a produção de máquinas e utensílios para lagares, agricultura, adegas, serrações e até construção naval e construção civil.
“A MDF teve um gabinete de estudos para o fabrico de máquinas, foi uma das mais importantes fundições do País e a sua oficina de mecânica chegou a ser considerada a mais importante da Península Ibérica”, disse à Lusa o presidente da junta de freguesia de Tramagal.
Segundo Vítor Hugo, a história da MDF “ainda hoje se confunde muito com a história do Tramagal” nas vertentes do emprego, agricultura, saúde e cultura, mas também no sector das actividades desportivas e sociais.
*Lusa
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