Das cidades ribeirinhas banhadas pelo Tejo, Santarém será a que mais tem vivido de costas para o rio, ignorando todo o potencial turístico que tem a seus pés, uma situação a que o presidente da autarquia assegura não se resignar.
Francisco Moita Flores disse à agência Lusa que não desistiu do projecto elaborado no seu primeiro mandato para transformar a frente ribeirinha da cidade (desde a Ribeira até Alfange), numa intervenção orçada em 100 milhões de euros articulada com a estabilização das encostas de Santarém e com o desvio da linha de caminho de ferro do Norte.
A suspensão do desvio da linha do Norte, por parte da Refer, “travou” o avanço do projecto, mas Moita Flores afirmou à Lusa que, embora a intervenção mais abrangente tenha ficado condicionada, a reabilitação urbanística da Ribeira vai avançar, através da empresa municipal STR.URBHIS.
Confiante de que a Refer acabará por retomar o projecto do desvio da linha, o autarca disse que, até lá, avançará no que for possível, acrescentando que Santarém está “muito envolvida no PólisRio que está aí a chegar e que irá alavancar o rio e promover a sua navegabilidade”.
Também o presidente da junta de freguesia da Ribeira de Santarém, Fernando Rodrigues, acredita que a Refer acabará por avançar com um processo que estava pronto a arrancar, porque o problema da sustentabilidade das encostas a isso obrigará.
Lamentando o abandono a que o rio está votado, Fernando Rodrigues disse à Lusa que com a suspensão do projecto e o não avanço da intervenção nas margens, anunciada há quatro anos pelo Governo, regressou o desânimo à freguesia.
“O património está a cair. Ninguém quer investir”, afirmou, assegurando, contudo, que mantém a esperança, porque “mesmo com a situação económica a cair, este é um projeto de desenvolvimento que traz riqueza ao país”.
Enfrentando enormes dificuldades, o Clube de Canoagem Scalabitano da Ribeira de Santarém vai sendo a única entidade a manter uma ligação ao rio.
Além de, quando solicitado, fazer percursos turísticos de canoa no rio, o clube trabalha actualmente essencialmente com jovens de duas escolas da cidade, com as quais celebrou protocolos que inserem esta actividade no desporto escolar.
“Durante muitos anos retirámos muitos jovens das ruas, conseguindo que concluíssem o ensino obrigatório e mesmo, em muitos casos, uma licenciatura”, disse à Lusa Pedro Cordeiro, lamentando as deficientes condições em que funciona o clube.
A relação de Santarém com o rio contrasta com a que é vivida em outras autarquias ribeirinhas do distrito, que têm vindo a investir no aproveitamento deste recurso como fonte de atracção turística e pólo de desenvolvimento local.
*Lusa
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