domingo, 10 de abril de 2011

Ambiente

Maus cheiros” e problemas de circulação levam a população de Carregueira no concelho da Chamusca a reclamar acessos alternativos aos CIRVER
Temendo problemas de segurança e cansada de maus cheiros devido à circulação de camiões com resíduos perigosos pelo interior da localidade, a população de Carregueira, Chamusca, reclama a construção de um outro acesso aos CIRVER ali instalados.
Além dos dois Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Industriais Perigosos (CIRVER), os únicos existentes no país, o Ecoparque do Relvão tem vindo a acolher resíduos de vários tipos, incluindo os industriais perigosos, além das restantes empresas e infraestruturas que se dedicam à reciclagem e ao reaproveitamento desses resíduos e que se têm vindo a instalar no parque.
Inaugurados há três anos, os dois CIRVER recebem diariamente dezenas de camiões provenientes de todo o país atravessando o interior da povoação de Carregueira, com cerca de 2500 habitantes, e diversas outras localidades, como Alpiarça, Almeirim, Constância ou Chamusca.
Uma situação que “incomoda muito”, segundo disse à agência Lusa Natália Rodrigues, residente, tendo acrescentado que as viaturas pesadas passam “a qualquer hora do dia ou da noite e deixam um rasto de casas estaladas e os beirais dos telhados partidos, além de trazerem um cheiro que não se aguenta”.
Luís Freire, empresário no ramo da hotelaria, disse por sua vez que a actual situação é “fonte de preocupação e causa muitos incómodos”.
A passagem dos camiões, alegou, impede que mantenha abertas as portas e janelas do restaurante que gere pelos “cheiros horríveis que alguns dos camiões deixam” à sua passagem.
“Primeiro devia-se ter pensado e executado os caminhos alternativos e só depois os CIRVER e a sua entrada em funcionamento”, defendeu.
Contactado pela agência Lusa, o presidente da junta de Carregueira assegurou “não existir um sentimento negativo” relativamente à presença dos CIRVER na localidade, “antes uma preocupação pela manutenção da saúde pública e da qualidade de vida das populações” que, afirmou “piorou drasticamente”.
“O EcoParque na Carregueira ajuda a resolver um problema nacional”, observou Joel Marques, defendendo a conclusão do IC3 e da nova ponte prevista sobre o Tejo ou a criação de uma rota alternativa” para tirar os camiões de dentro da localidade.
Rui Berkmeier, especialista em resíduos da associação ambientalista Quercus, disse à Lusa que a passagem dos camiões “causa grande impacto às populações, à sua segurança e património”.
Considerando ser “de todo desaconselhável” que os camiões continuem a circular por dentro das localidades, aquele responsável disse ainda que a actual situação “pode originar um problema grave”, em caso de acidente ou derrame das substâncias transportadas, como hidrocarbonetos, óleos usados, soluções com ácidos e substâncias químicas.
O Ministério das Obras Públicas reiterou as declarações proferidas à agência Lusa em Dezembro de 2010, quando questionado sobre as acessibilidades naquela região e sobre a suspensão do IC3 e IC9.
“A concretização dessas infraestruturas (…) está subordinada à evolução da própria situação financeira do país”, disse o ministro António Mendonça.
Também a governadora civil de Santarém defendeu a criação de percursos alternativos como medida de segurança para a população que se vê confrontada com a passagem de camiões, carregados de resíduos perigosos, no interior das localidades.
Sónia Sanfona afirmou em declarações à Lusa “não ter dúvidas que a falta de conclusão de duas infraestruturas rodoviárias reputadas da maior importância para o desenvolvimento do distrito de Santarém”, o IC3 e IC9, “constitui uma dificuldade electiva ao reforço da garantia da segurança no transporte de resíduos” com destino aos centros integrados de recuperação, valorização e eliminação de resíduos perigosos (CIRVER) da Chamusca.
 “Percebendo as dificuldades que o país atravessa e conjugando-as com a necessidade de garantirmos segurança às populações, parece-me que só uma possibilidade se mostra exequível, e que passa pela criação de percursos alternativos para este tipo de cargas, que permita retirar dos aglomerados urbanos os veículos que transportem este tipo de cargas”, sustentou.
*Lusa
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