terça-feira, 26 de abril de 2011

Cultura

Ministra da Cultura assinou protocolo para lançamento do “Museu Duarte Ferreira” no Tramagal
A ministra da Cultura defendeu hoje que os portugueses devem “deixar as coisas fúteis” e “agarrar nos bons exemplos do passado e projectá-los no futuro”, numa cerimónia de lançamento do futuro Museu da Duarte Ferreira, no Tramagal (Abrantes).
Em declarações à agência Lusa, Gabriela Canavilhas elogiou o trabalho de preservação do espólio da Metalúrgica Duarte Ferreira (MDF), uma das principais fábricas da indústria metalo-mecânica em Portugal, e “a memória e exemplos de vida” legados pelo seu fundador, Eduardo Duarte Ferreira (EDF), factores que norteiam a criação do Núcleo Museológico Industrial do Tramagal, hoje protocolado.
Com um investimento de 250 mil euros candidatado a fundos comunitários, o projecto resulta de uma parceria entre a Câmara de Abrantes, Junta de Tramagal e a empresa Diorama, que hoje opera no local a partir das instalações da antiga metalúrgica, e visam a recuperação integral do edifício onde funcionavam os antigos escritórios da MDF, local emblemático de uma empresa que chegou a ter 2.600 trabalhadores.
O edifício, de dois pisos, contará com um primeiro espaço onde serão instaladas as mostras expositivas e documentais da MDF, ficando o piso superior reservado para a construção de um pequeno centro cultural, com capacidade para acolher salas de reuniões, conferências ou outros eventos.
Paralelamente, será criado um percurso turístico de ar livre que fará a ligação do futuro Núcleo Museológico ao actual Museu “A Forja”, construído em 1980 por Charters de Almeida e que mostra os primeiros utensílios utilizados na empresa, a história da metalurgia e o desenvolvimento agrícola e industrial de Abrantes e do país.
Ao longo do percurso, com cerca de 300 metros, serão colocadas as máquinas de grande porte ali construídas ao longo do século XX, como debulhadoras, ceifeiras ou os célebres camiões Berliet, que equiparam o exército colonial português.
A ministra da Cultura disse à agência Lusa que “assim é que se faz”, numa alusão às dificuldades que o país atravessa.
“Devemos valorizar o que é importante e deixar o que é fútil e não beneficia as actuais gerações nem as vindouras”, disse a governante, tendo observado que o importante no exemplo dado por este projecto cultural é o “agarrar nos bons exemplos do passado e projectá-los no futuro”.
Na ocasião, foram lembradas várias das facetas de EDF (1856-1948) no campo social, desportivo e humanitário, de que são exemplos a criação em Tramagal da primeira Caixa de Previdência no país, bairros sociais, complexos desportivos ou colectividades de cultura e recreio.
Igualmente lembrado foi um pedido dos seus colaboradores para celebrar o 1º de Maio em festa paritária com patrões e administradores, um pedido “prontamente aceite” por EDF, sendo então, e desde 1901, um dia amplamente comemorado com o engalanar da fábrica e convívio festivo entre todos os trabalhadores e respectivos familiares.
Um “exemplo de uma visão de trabalho”, disse Gabriela Canavilhas, tendo afirmado que o projecto museológico em curso pode servir de “incentivo a outras regiões, a outros autarcas e a outros empresários para replicarem os bons exemplos e enriquecerem o nosso património cultural”.
*Lusa
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