domingo, 14 de novembro de 2010

Cultura


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Lobo Antunes regressou à cidade de Tomar

Três meses depois de ter recusado participar numa sessão em Tomar, por alegado “aproveitamento indevido” da sua imagem, o escritor António Lobo Antunes regressou hoje sem polémica à cidade que há quarenta anos o viu partir para Angola, para prestar serviço militar.
A visita, que serviu para apresentação do livro “Sôbolos Rios Que Vão”, era encarada com alguma expectativa após Lobo Antunes, em Agosto último, ter faltado à última hora a um convite da Entidade de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo por considerar que tinha existido um “aproveitamento indevido” da sua ida por parte da organização.
Seguiu-se uma polémica ainda maior, quando o vereador da Cultura da Câmara de Tomar, Luís Ferreira, teceu considerações menos abonatórias sobre o escritor na rede social facebook, o que levou inclusive a que a Assembleia Municipal de Tomar aprovasse no final de Setembro uma moção de censura relativa ao seu comportamento e lhe retirasse os pelouros que detinha.
Hoje, no auditório da biblioteca municipal de Tomar e perante cerca de 100 pessoas, num registo pacífico, intimista e sem polémica, o escritor afirmou-se “grato” por regressar à cidade onde exerceu a condição de médico no hospital da localidade, em 1970, “antes de ir para África”.
Depois, disse, “com a ida para Angola, a felicidade acabou”.
Lobo Antunes recordou com nostalgia os meses de primavera e verão de 70 passados em Tomar, tendo lembrado “o sol, as flores, os cheiros, os passeios de barco no rio Nabão, as mulheres bonitas”.
O escritor de 68 anos afirmou ainda ter-se “comovido” com o regresso de hoje a Tomar.
“Comovi-me, mas para dentro. Como as grutas. Para dentro”, disse António Lobo Antunes, que anunciou o lançamento do próximo livro “para daqui a dois anos”.
“Já trabalho nele há 8, 9 meses e, se tudo correr bem, daqui a dois anos estará acabado”, afirmou.
Lobo Antunes, que continua a escrever “tudo à mão” e afirmou não usar computador, telemóvel ou cartão de crédito, disse ainda que “precisaria de mais 200 anos” para poder escrever tudo o que tem dentro de si.
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