segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sociedade

APAV defende agilização das medidas de coacção a protecção das vítimas de violência doméstica
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) defendeu hoje a agilização das medidas de coação que visam a protecção das vítimas de violência doméstica.
“Quando a vítima pede protecção não pode esperar”, disse à agência Lusa Daniel Cotrim da APAV, referindo que grande parte dos homicídios de mulheres que denunciaram agressões por parte dos companheiros ocorre depois do pedido de protecção.
Daniel Cotrim escusou-se a comentar, “por razões éticas”, o caso da presidente da câmara municipal de Rio Maior, que sexta feira apresentou queixa por violência doméstica na Polícia Judiciária de Leiria, tendo o companheiro sido constituído arguido e ficado com termo de identidade e residência pela posse de duas armas ilegais.
Fonte próxima da autarca disse à Lusa ter ficado “perplexa” com a separação dos processos e a ausência de qualquer medida de coação que vise a protecção de Isaura Morais, como a proibição ao arguido da aquisição de armas e obrigação de afastamento.
O companheiro de Isaura Morais ficou detido na noite de sexta feira, depois de, numa rusga a casa do casal, a PJ ter encontrado duas armas brancas e duas armas de fogo ilegais, uma delas escondida, tendo sido ouvido sábado pelo juiz de instrução criminal de Peniche, que determinou as medidas de coação.
Depois de anos de “violência física e tortura psicológica”, a autarca decidiu sexta feira apresentar queixa por, segundo a fonte, ter sentido a sua vida ameaçada.
A fonte frisou que a autarca vai, “como sempre fez até aqui”, continuar a desempenhar os cargos públicos para que foi eleita, por entender que esta é uma questão da sua vida pessoal que em nada afecta as suas funções.
Como exemplo apontou o facto de Isaura Morais ter estado presente na assembleia municipal de Rio Maior que se realizou sábado à tarde, antes de partir para um curto período de férias que já tinha programado.
Isaura Morais (PSD) conquistou a câmara municipal de Rio Maior ao PS nas eleições autárquicas que se realizaram em Outubro de 2009, depois de ter presidido à junta de freguesia de Rio Maior no mandato de 2005/2009.
O Presidente da Câmara Municipal de Santarém, Francisco Moita Flores (independente eleito pelo PSD), declarou a sua solidariedade para com Isaura Morais, enaltecendo a sua coragem de mostrar às outras mulheres vítimas “que há um limite” e lamentando que o agressor tenha sido posto em liberdade.
De acordo com os últimos dados, apenas nove das 50 pulseiras electrónicas compradas em Dezembro último pelo Ministério da Justiça para os distritos de Coimbra e Porto para agressores de violência doméstica estão a ser utilizadas.
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