quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Ambiente

Movimento “proTejo” denuncia baixo caudal do rio Tejo
Uma associação de defesa do Tejo denunciou hoje que o caudal deste rio tem estado demasiado baixo nos últimos dois meses e pede ao Governo português que tome uma posição junto de Espanha, onde a água estará retida.
“Apesar de o último inverno ter sido um inverno com muita água, a verdade é que em Julho e na primeira quinzena de Agosto o caudal do Tejo tem estado muito baixo, como já esteve no ano passado”, disse à Lusa Paulo Constantino, do Movimento Pelo Tejo (proTEJO).
O grupo destaca que, apesar desta situação em Portugal, “o armazenamento de água em Espanha encontra-se a 75 por cento da sua capacidade total, sendo na bacia do Tejo de 67 por cento”, porque o inverno deste ano “permitiu um armazenamento de água na bacia do Tejo em Espanha muito superior ao registado na última década”.
Por isso consideram “inaceitável e indecorosa qualquer argumentação relacionada com a falta de água, nem o apelo de [Espanha] às excepções de indicadores de seca ou de precipitação incluídas na Convenção de Albufeira”.
“A responsabilidade desta situação repassa os governos que ao longo dos tempos têm gerido a bacia do Tejo em conjunto com Espanha e apurámos que na recente revisão da Convenção de Albufeira operada em 2008 está subjacente que a capacidade negocial do Governo português é metade da capacidade negocial do Governo espanhol”, acrescenta o movimento, num comunicado.
Por isso, o proTEJO pede ao Governo português “o exercício do direito a recursos hídricos partilhados e a oposição à gestão unilateral do Governo espanhol, contrária ao princípio da unidade da gestão da bacia hidrográfica estabelecido na Directiva Quadro da Água”.
Pede ainda que o executivo português “defenda uma definição de caudais ambientais integrados nos planos de gestão da região hidrográfica do Tejo ao longo de toda a sua bacia em Portugal e Espanha”.
O movimento afirma que, desde Julho, “os caudais aumentam ao fim de semana durante o dia para logo diminuírem à noite e durante a semana” e exemplifica que esta diminuição do caudal do principal rio português faz com que o castelo de Almourol “se ligue à margem direita do rio”, deixando de ser uma ilha.
“E quando o caudal do rio sobe é ao custo das águas do rio Zêzere”, refere o proTEJO, salientado que a insuficiência do nível dos caudais tem causado problemas aos barqueiros que ainda operam no Tejo, que vêem “a sua actividade paralisada”.
A associação critica ainda a falta de monitorização online dos caudais e pede ao governo que a informação sobre os volumes da água deste rio seja possível de aferir em tempo real, porque o actual sistema apenas permite conhecer os dados acerca dos últimos dois meses “lá para Outubro”.
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