domingo, 22 de agosto de 2010

Cultura

Escritor Lobo Antunes negou que ausência em Tomar esteja relacionada com ameaças públicas
O escritor António Lobo Antunes negou hoje que a sua ausência de uma iniciativa em Tomar no sábado esteja relacionada com as ameaças públicas de alguns militares e diz-se enganado por Manuel Faria, do Turismo de Lisboa e Vale do Tejo.
Em declarações à agência Lusa, Lobo Antunes recusou que a sua ausência de uma iniciativa relacionada com livros fosse uma consequência da notícia do semanário Expresso segundo a qual um grupo de oficiais reformados admitia “dar um par de murros em público” e “ir ao focinho” do escritor.
"Estou indignado, é completamente mentira a justificação dada por Manuel Faria", vice-presidente da entidade de Turismo, disse o escritor.
Lobo Antunes explicou que foi convidado para ir a Tomar falar sobre livros e dar autógrafos e que, na sexta-feira, durante a viagem, leu num jornal que o objectivo da organização era que fosse falar dos seus tempos de tropa.
"Senti-me enganado, foram desonestos comigo. Afinal aquilo era uma operação de propaganda do senhor do turismo", afirmou o escritor, garantindo que "não é cobarde nem tem medo de ameaças".
Questionado sobre a polémica aberta entre alguns militares e ele próprio, Lobo Antunes garantiu que "nunca pretendeu ofender as Forças Armadas portuguesas", das quais fez parte, lembrando que os seus avôs materno e paterno foram militares.
Manuel Faria havia dito que o escritor faltou à iniciativa alegando “razões de segurança”, depois das ameaças públicas de um grupo de militares reformados.
Na notícia do Expresso, os ex-militares acusam Lobo Antunes de ter difamado e injuriado as forças militares num parágrafo de uma entrevista publicada no livro “Uma Longa Conversa com António Lobo Antunes”, da autoria do jornalista João Céu e Silva.
Nesta entrevista, Lobo Antunes fala do número de baixas mortais no seu batalhão na guerra colonial em África e da forma como os soldados tentavam transferir-se para zonas de combate mais calmas.
Segundo afirmam ao Expresso, estes militares reformados querem processar os escritor e negam as referidas baixas em combate e o referido método de transferência dos soldados para zonas de guerra mais calmas.
José Ribeiro, amigo do escritor e membro da Academia Pedro Hispano – da qual Lobo Antunes também faz parte -, interveio na iniciativa e criticou o escritor por ter faltado. “Tomar esteve à altura da obra do António Lobo Antunes mas ele não esteve à altura de Tomar”, disse.
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