sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Sociedade

Presidente da Câmara de Constância considera situação “dramática” para as populações e empresas o encerramento da Ponte sobre o rio Tejo
O encerramento da ponte sobre o Tejo, em Constância, alterou no último mês de forma “dramática” e “radical” os hábitos das populações e empresas da região, que têm vivido “em desespero de causa”, disse hoje à Lusa o presidente da câmara.
Aquela estrutura foi encerrada a 20 de Julho pela Refer – Rede Ferroviária Nacional, após uma inspecção que apontou falhas graves de segurança no tabuleiro rodoviário.
A interdição de circulação na travessia que faz a ligação de Constância sul à Praia do Ribatejo, já no concelho de Vila Nova da Barquinha, tem provocado a revolta das comunidades locais, nomeadamente de Constância, que tem dois terços do seu território e população na margem sul e os equipamentos educativos, de segurança e serviços na margem norte.
Com o encerramento da ponte, as alternativas mais próximas (as pontes da Chamusca e de Abrantes) situam-se a cerca de 25 quilómetros de distância, o que implica deslocações acrescidas de cerca de 50 quilómetros para serviços de ida e volta, como o de assistência domiciliária e deslocações para o emprego.
“O concelho tem as suas especificidades. A sua organização e fluxos populacionais dependem desta acessibilidade”, disse à agência Lusa Máximo Ferreira (CDU), presidente da autarquia.
Segundo lembrou, o fecho “abrupto e repentino” da travessia “não deu tempo” às entidades autárquicas, de segurança, socorro e educação “para sequer pensar em alternativas para a população e para os cerca de 4 mil automobilistas que diariamente utilizavam aquela ponte”.
“Este mês tem sido dramático, tem durado o que parece ser uma eternidade”, afirmou, tendo assegurado assistir a “situações surrealistas com pessoas a irem para o trabalho de bicicleta às costas, a atravessarem o extenso areal para poderem atravessar o rio de barco ou a tentarem apanhar boleias com aqueles que vão dar a volta pelas pontes mais próximas”.
“As pessoas não estavam preparadas para uma situação como esta”, continuou Máximo Ferreira, tendo acrescentado que a actual situação “não só representa um agravamento nas condições de vida das populações como tem afectado o comércio tradicional e empresas em geral”.
Com o início do ano lectivo à porta, “a angústia tende a aumentar” por parte dos pais e encarregados de educação, afirmou o autarca, porquanto a escola secundária está sediada na margem norte do concelho.
“De inverno não podemos fazer passar as crianças de barco pelo rio Tejo, temos de encontrar outras soluções”, observou.
Segundo disse o autarca, o contacto tem sido “permanente” com o Ministério das Obras Públicas (MOPTC) para se encontrar uma solução “intermédia, que seja célere, eficaz e não muito cara” com vista à reabilitação da travessia.
Todavia, e até à sua reabilitação, Máximo Ferreira adianta ter uma “esperança” que o MOPTC permita a reabertura da ponte à circulação de viaturas ligeiras e de socorro.
“A reabertura, ainda que condicionada, seria muito importante”, garantiu o autarca, que afirmou que a população tem vivido “entre a angústia do que não tem e a esperança do que poderá vir a ter”.
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