sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sociedade

Comissão de Utentes Unidos pela Ponte de Constância sente-se “humilhada” na recepção no Ministério das Obras Públicas
Mais de 30 elementos da Comissão de Utentes Unidos pela Ponte (CUUP), de Constância, concentraram-se ontem em frente ao Ministério das Obras Públicas à procura de respostas sobre o encerramento daquela travessia, respostas recusadas pela tutela.
“Saímos daqui humilhados”, afirmou a porta-voz da CUUP, Júlia Amorim, depois de ter sido recebida por um responsável do Ministério que, segundo disse, “não deu quaisquer respostas e recusou o diálogo”.
Indignados com aquela atitude, Júlia Amorim, também vice-presidente da Câmara de Constância (CDU), disse que “haverá novas acções” e que o assunto não será esquecido.
“Constância está de luto e a partir de sábado vamos espalhar faixas pretas pelo concelho”, adiantou.
A ponte sobre o rio Tejo, que liga Constância sul a Praia do Ribatejo, já no município da Barquinha, foi encerrada ao tráfego rodoviário dia 20 de julho pela REFER, que alegou “falta de segurança”no tabuleiro rodoviário após uma vistoria técnica.
Passava pouco depois das 16:00 quando um grupo de manifestantes oriundos do concelho de Constância, chegou à porta do Ministério das Obras Públicas, em Lisboa, envergando faixas de protesto contra o encerramento da ponte sobre o Tejo.
“A ponte é do povo”, “temos direito à ponte” e “não matem o concelho” foram algumas das mensagens levadas pela população que se mostrou “revoltada” com a falta de respostas dos governantes.
Em declarações aos jornalistas, Júlia Amorim explicou que o motivo da manifestação é “pedir ao senhor ministro que diga para quando será reaberta a ponte e para quando as obras de reabilitação”, porque, acrescentou, “são muitas as famílias e empresas a sofrer com esta situação e que não têm respostas”.
Ana Cristina, moradora no concelho, lembrou a importância da travessia que “leva todos os dias muitas pessoas para o trabalho e muitas crianças para a escola”.
“Com o encerramento da ponte como é que vai ser? Como é que as pessoas vão para o trabalho? E as crianças como é que vão para a escola?”, questionou a utente.
Também Carlos Simões, empresário na zona, mostrou a sua preocupação. “Nem sei se vale a pena abrir a minha empresa. Os meus clientes estão todos na margem norte, vou deixar de ter procura”, disse.
Para os elementos da comissão as pretensões são unânimes: “Claro que a ponte deve ser reabilitada, não estamos contra as obras, mas queremos repostas concretas para organizarmos a nossa vida”.
Em solidariedade com os manifestantes estiveram também o deputado do PCP Bruno Dias e o deputado do BE José Gusmão, que prometeram pedir respostas ao Governo na Assembleia da República.
Com o encerramento da ponte, as alternativas mais próximas (as pontes da Chamusca e de Abrantes) situam-se a cerca de 25 quilómetros de distância.
Questionado pela Lusa sobre os procedimentos que a tutela das Obras Públicas iria tomar sobre este caso, o responsável que falou com os representantes da CUUP escusou-se a prestar esclarecimentos.
Os presidentes das Câmara de Constância e Vila Nova da Barquinha, que estiveram hoje reunidos com a Governadora Civil de Santarém, foram informados que a ponte sobre o Tejo irá continuar encerrada a todo o tipo de tráfego rodoviário durante os próximos dois meses, até que sejam realizado novo estudo.
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