sábado, 11 de setembro de 2010

Cultura


Imagem:A.Anacleto
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Ministra da Cultura esteve em Alcanena no arranque do Festival “Materiais Diversos

A ministra da Cultura assistiu, sexta-feira à noite, em Alcanena, aos dois espectáculos inaugurais do Festival Internacional de Artes Performativas Materiais Diversos, realçando as “características muito especiais” do evento.
“Acontecem manifestações artísticas muito interessantes fora dos grandes centros e faço questão de estar o mais próximo possível delas, para testemunhá-las e incentivar a serem replicadas noutros locais”, disse Gabriela Canavilhas à agência Lusa.
A ministra considerou o festival “Materiais Diversos”, que decorre em Minde, Alcanena e Torres Novas até dia 25, um exemplo, por ser de inclusão da população local, alertando e aliciando-a “para as linguagens mais contemporâneas”.
Gabriela Canavilhas confessou ter gostado do espectáculo de abertura “Manual de Instruções”, do coreógrafo e encenador Victor Hugo Pontes, em particular por ter sido protagonizado, na sua maioria, por pessoas da região que não são atores.
“Esse é o lado mais fascinante e prova que a arte pode ser um projecto de inclusão que traz para o seu seio outro tipo de intervenientes, não só os profissionais, e que é extensivo a toda a gente”, disse.
O espectáculo, que alia a música, a dança e a expressão, é protagonizado por três atores profissionais, sendo os restantes 'performers' elementos da população ensaiados na última semana por Victor Hugo Pontes.
Para a ministra, o público que encheu o cineteatro São Pedro não se vai esquecer deste espectáculo, “pelo contraponto, pela solicitação da diferença, por uma estética que apela à curiosidade e à reflexão e sobretudo questiona muitos dos dogmas que às vezes estão implantados do ponto de vista do espectador”.
Gabriela Canavilhas ficou ainda para o segundo espectáculo do festival, que terminou já na madrugada de hoje, um “Coro de Queixas”, resultante de uma auscultação às queixas das populações de Minde e de Alcanena.
O compositor Sérgio Azevedo pegou nessas queixas para compor uma cantata interpretada por um coro infanto-juvenil, um coro adulto, três clarinetes, três trompas e seis percussionistas, de associações culturais locais.
“A minha mulher é chata”, “odeio meias rotas”, “odeio o comer da escola”, “nunca há trocos no Estaminé” (café no centro de Minde), “estou farta de ouvir a minha bisavó a rezar, não há meio dela calar!”, são algumas das queixas recolhidas e incluídas na cantata, que começa com a exclamação de que “está tudo mal! está tudo muito mal!”.
“Não em Alcanena, onde têm um festival de primeiríssima qualidade”, rematou a ministra.
O festival prossegue hoje, sábado, em Torres Novas, no Teatro Virgínia, com a estreia absoluta em Portugal de “Is You Me”, de Benoît Lachambre, Louise Lecavalier, Laurent Goldring e Hahn Rowe, do Canadá.
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