sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sociedade

Cerca de um milhar de pessoas protestaram em Ourém contra fecho de extensões de saúde
Cerca de um milhar de pessoas reuniram-se hoje à frente da Câmara de Ourém numa vigília contra o fecho de extensões de saúde e em protesto pela falta de médicos.
Oriundas de diversas freguesias do concelho, munidas de velas, cartazes com palavras de ordem e cadeiras desdobráveis, as pessoas responderam à convocatória realizada pela Câmara, Assembleia Municipal, 18 freguesias que compõem o concelho e ao apelo de alguns padres, feito no final das homilias no passado fim-de-semana.
Depois dos discursos, a vigília, marcada para as 19:30, foi dado por terminada cerca de uma hora depois, com os populares a entoarem o hino nacional.
“É uma manifestação pacífica que engrandece a luta e prova de que todos os cidadãos sentem o problema da mesma maneira”, disse o presidente da Câmara de Ourém, Paulo Fonseca (PS), à Agência Lusa.
O autarca revelou que horas antes da vigília foi convocado pelo secretário de Estado para uma reunião em Lisboa.
“Natural e simpaticamente, como é timbre dos ourienses, disse que não podia, porque tinha uma manifestação marcada para a mesma hora”, explicou Paulo Fonseca, recordando que já há um mês e meio tinha sido pedida uma reunião com o ministro da Saúde.
O vereador da oposição, Vítor Frazão, marcou presença na vigília, sublinhando que não podia ficar “impávido e sereno em casa face a uma questão que toca a todos, que é a questão da saúde”.
O social-democrata admite que “a situação não está fácil” e que é “preciso fazer cortes”, mas considerou que estes devem ser aplicados com critérios capazes de avaliar o impacto sobre as populações.
Em Formigais, freguesia do concelho de Ourém, não há médico desde Agosto de 2009, informou o presidente da junta, um dos participantes da vigília.
Carlos Marques diz que “há muito que Formigais já sentia este problema na pele”, com a agravante de se encontrar a 20 quilómetros da sede do concelho.
Ostentando um cartaz, o presidente da Assembleia de Freguesia de Seiça, Luís Bento, realçou o facto de a extensão de saúde local estar em risco de perder a médica, “que vai passar à reforma daqui a dois ou três meses”, temendo que a consequência seja o fecho daquela unidade.
“Venho aqui para pedir saúde, para termos médicos e para não termos que andar para muito longe”, explicou uma das muitas idosas que marcaram presença na vigília, Maria Helena, à Agência Lusa.
“Temos que defender os nossos direitos de ter médicos e remédios”, reivindicava Maria da Graça, empunhando uma vela.
O presidente da Câmara de Ourém diz ter a convicção de que esta manifestação poderá dar resultado na luta pelos cuidados de saúde básicos “que são devidos” ao concelho.
“Muitas vezes, em Lisboa, pensa-se que se pode tomar uma decisão qualquer que vai transformar a vida dos cidadãos, sem medir as consequências”, criticou o autarca.
A vigília decorreu no largo defronte à autarquia, de forma a não perturbar dois velórios que tinham lugar na morgue, um espaço próximo do Centro de Saúde, para onde a manifestação tinha sido marcada inicialmente.
--------------------------------------------------------------------------------