quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Ambiente

Quercus contesta projecto para construção de fábrica de cal em Fátima
A Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza contestou hoje o projecto para a construção de uma fábrica de cal em Fátima, a pouco mais de um quilómetro do Santuário da Cova da Iria.
No âmbito da consulta pública da Avaliação de Impacte Ambiental (EIA) - cujo período termina na quinta-feira -, a Quercus apelou às autoridades para que não licenciem a fábrica, propondo o estudo comparativo de localizações alternativas.
Para as populações próximas "haverá certamente perda de qualidade de vida" e "é claro que não será positivo para a saúde pública, como de resto indica o próprio EIA", disse à agência Lusa o dirigente da Quercus Domingos Patacho.
"Esta fábrica está prevista a menos de 250 metros da A1, próximo dos Valinhos e a cerca de 1.600 metros do Santuário de Fátima, área turística onde acorrem cerca de cinco milhões de peregrinos por ano", sublinhou em comunicado a associação ambientalista.
A Quercus lamentou "o interesse da Câmara de Ourém na instalação desta fábrica num local com residências a 170 metros", criticando o facto de a autarquia ter "solicitado à Assembleia Municipal a emissão de Declaração de Interesse Público Municipal para desafectação da Reserva Ecológica Nacional da área envolvente ao projecto".
À agência Lusa, o vereador responsável pelo pelouro do Ambiente, José Manuel Alho, disse que esta declaração "é um mero ato administrativo e que visa responder às exigências da Comissões de Coordenação de Desenvolvimento Regional para resolver um conflito".
É que, explica José Alho, quando foi elaborado o Plano Director Municipal, em 2002, "foram reservadas zonas para a indústria extractiva em áreas com estatuto de Reserva Ecológica Nacional", algo que sucede neste caso.
A associação ambientalista referiu, por outro lado, que tem sido alertada pela população sobre a possibilidade desta unidade ser construída numa pedreira junto do lugar de Moimento, na cidade de Fátima.
O ruído produzido pela fábrica "é um problema", uma vez que "está próximo dos limites regulamentares e inviabiliza a expansão da localidade de Moimento", segundo o comunicado.
A Quercus mostrou-se ainda preocupada com o uso de combustível, o coque de petróleo, que está "associado a emissões de gases prejudiciais à saúde e ao ambiente, libertando partículas, monóxido de carbono e dióxido de enxofre".
Domingos Patacho lamentou, ainda, que antes de existir uma decisão da Direcção Regional de Economia de Lisboa e Vale do Tejo já se tenha avançado "com a destruição de área florestal" no local previsto para a fábrica.
O projecto da Fábrica de Cal da MicroLime - Produtos de Cal e Derivados, S.A., prevê a criação directa de 14 novos empregos e entre 56 a 60 postos de trabalho indirectos, associados ao transporte de produtos, manutenção, limpeza e contabilidade.
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