segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sociedade

Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos sem dinheiro para reparar viaturas
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos pagou hoje uma percentagem dos vencimentos de Setembro e está sem verba para arranjar as cinco viaturas que tem avariadas, disse à agência Lusa o presidente da direcção.
“É evidente que esta situação afecta o socorro”, disse António Malheiros à agência Lusa, frisando que não fica ninguém por socorrer porque “há um sistema montado” para avançarem outras corporações da região quando a sua não consegue responder aos pedidos de ajuda.
Sublinhando que a situação financeira da corporação – que conta com perto de 60 elementos, entre voluntários e profissionais, e 14 viaturas – é “extremamente difícil”, António Malheiros não descartou o cenário de “poder fechar as portas”.
Segundo disse António Malheiros, com despesas superiores às receitas – sobretudo devido às dívidas do Estado e ao facto deste pagar um valor por quilómetro inferior ao custo real -, tem valido à corporação o subsídio que tem sido pago pela autarquia (por vezes antecipadamente, como aconteceu este mês) e a procura constante de soluções, embora os peditórios já não sejam resposta, devido às dificuldades das populações.
“Temos 30.000 euros de facturas atrasadas. Se o Estado pagasse não teríamos salários em atraso”, disse.
Para António Malheiros, é fundamental que o Estado pague “o valor correcto, não abaixo do custo” ou, pelo menos, que entregue subsídios para compensar essa diferença.
Considerando inaceitável que, ao contrário do que acontece na agricultura ou com os transportadores, as corporações de bombeiros tenham que suportar o IVA do combustível, o dirigente afirmou que, além disso, os 38 cêntimos por quilómetro que são pagos cobrem cerca de metade do custo real, ditado pelo aumento do preço do gasóleo.
“Além da acumulação do prejuízo ao longo dos anos, há que acrescentar os atrasos nos pagamentos, que chegam aos sete, oito meses”, afirmou, sublinhando que na conjuntura atual já não é possível recorrer à banca para ir colmatando esses atrasos.
A corporação que dirige teve que, desde há dois anos, começar a reduzir o transporte de doentes não urgentes, que deixou de todo de fazer há mais de um ano, não só pelas dificuldades que está a enfrentar mas também como forma de protesto, disse.
“Não aceitamos pensar em acções como uma greve, porque isso prejudica as pessoas e não vamos recusar socorro a ninguém. Não nos resta muito mais que reclamar. Enviamos cartas a pedir que nos paguem, mas nem resposta recebemos. Nem a própria Autoridade Nacional para a Protecção Civil (ANPC) nos responde”, lamentou.
António Malheiros questionou por que razão não chega às corporações “nem um centavo” do dinheiro do jogo da Santa Casa da Misericórdia que é transferido para a ANPC.
“Não somos só nós. Há vários exemplos por todo o país de associações que estão falidas. Nós ainda temos mais para receber do que para pagar, mas na prática estamos falidos, simplesmente porque o Estado não quer saber”, afirmou.
Num requerimento entregue na semana passada no Parlamento, os deputados do PSD eleitos pelo distrito de Santarém questionaram o Ministério da Saúde sobre qual o montante que é transferido pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) para as associações de bombeiros, qual o montante em dívida pelo transporte de doentes não urgentes e quais os atrasos nos pagamentos.
-----------------------------------------------------------------------------------------------