domingo, 30 de outubro de 2011

Cultura

Alpiarça: Casa dos Patudos reabre esta segunda-feira ao público
A Casa dos Patudos, Museu de Alpiarça, reabre segunda-feira ao público, permitindo, pela primeira vez, a circulação pela zona mais íntima da casa que foi habitada pela família do republicano José Relvas no início do século XX.
Concluída a primeira fase das obras de reabilitação da casa, projectada pelo arquitecto Raúl Lino, a câmara municipal de Alpiarça quis fazer coincidir a reabertura do museu com a data em que se assinalam os 82 anos da morte do homem que proclamou a implantação da República na varanda dos Paços do Concelho, em Lisboa, em 1910.
“Os visitantes poderão agora aceder a um novo circuito museológico, visitar partes da casa que não estavam visitáveis, sobretudo as que têm a ver com o espaço familiar”, disse à agência Lusa o presidente da autarquia, Mário Pereira.
“José Relvas entre os seus” é o nome do novo circuito temático que abre as portas para o segundo andar da casa, para uma visita aos quartos de José Relvas, da mulher, D. Eugénia, e dos hóspedes, com uma passagem pelas portas fechadas do quarto onde se suicidou o filho Carlos e que, por vontade testamentária, nunca poderá ser mostrado ao público.
O longo corredor, que termina com uma casa de banho reconstituída à época, foi transformado numa galeria de arte portuguesa e espanhola, mais um espaço para dar a conhecer a vastíssima colecção reunida por José Relvas ao longo da sua vida e que legou, juntamente com a casa, ao município de Alpiarça.
“A partir de segunda-feira continuam as visitas guiadas, como sempre, mas agora com duas opções, uma grande, à totalidade da casa, e uma visita aos novos espaços, portanto um novo circuito museológico que vai integrar partes da antiga visita e o novo espaço”, disse à Lusa o conservador do museu, Nuno Prates.
A primeira fase das obras de reabilitação, que representaram um investimento da ordem dos 1,2 milhões de euros do total previsto de 2,5 milhões, permitiu a reabilitação estrutural do edifício e a introdução de melhorias, como a criação de acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida, novos espaços de apoio administrativo e logístico.
Foi também criado um espaço de reserva para obras que não estão expostas, outro para receber o vasto arquivo documental, junto a uma sala de leitura, além de terem sido repostos os circuitos tradicionais, nomeadamente com a reposição, no hall junto à escadaria de acesso ao primeiro andar, da parte do painel de azulejos que representa cenas da vida agrícola e que havia sido retirado quando a casa foi transformada em museu, em 1960.
A segunda fase, cujo projecto inicial se encontra em reformulação, vai tentar aproximar o exterior do que terá sido originalmente e transformar as antigas cavalariças e a casa dos caseiros num espaço polivalente para exposições temporárias e eventos, dotado de cafetaria e instalações sanitárias.
“São custos elevados relativamente ao retorno imediato, mas o objectivo é colocar a casa como elemento central de um modelo de desenvolvimento turístico para toda esta zona”, disse Mário Pereira à Lusa.
A ideia é integrar a Casa dos Patudos num circuito mais vasto “que passa pela criação de um parque temático na Quinta dos Patudos”, que incluirá a barragem, a reserva natural do cavalo do Sorraia, as estações arqueológicas, o parque de campismo, fazendo com que os visitantes “fiquem mais tempo em Alpiarça e procurem outros espaços de fruição turística e de lazer”, frisou.
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