terça-feira, 17 de maio de 2011

Política

Partidos com deputados pelo círculo de Santarém divididos com a questão da navegabilidade do Tejo
Garantir os caudais ecológicos do Tejo na relação com Espanha é uma preocupação transversal aos partidos com deputados eleitos pelo distrito de Santarém, que se dividem, contudo, quanto à questão da navegabilidade do rio.
Reconhecido na generalidade como elemento identificador e fortemente potenciador do desenvolvimento da região, o Tejo tem um peso diferenciado nas principais preocupações dos cinco partidos mais votados no distrito.
António Gameiro, deputado eleito pelo PS (de novo candidato), referiu à agência Lusa o “vasto trabalho, muitas vezes não visível”, feito pelos socialistas para a valorização do rio e reitera a ideia, lançada há décadas por Jorge Lacão, da importância da navegabilidade do rio.
 “Está na nossa perspectiva, mas é preciso não ser demagogo e não fazer qualquer proposta que implique investimento” nesta fase da vida do país, afirmou, sublinhando os investimentos feitos nos últimos anos desde Abrantes a Salvaterra de Magos, não só na requalificação ribeirinha como também nos sistemas de águas residuais, e em matéria de protecção civil.
Para Vasco Cunha, deputado eleito pelo PSD e também ele de novo candidato, a navegabilidade do rio em todo o curso representaria só por si “um quadro comunitário”, pelo que “não tem viabilidade”.
No seu entender, as intervenções que têm vindo a ser feitas surgem de forma “avulsa” e não vão “ao fundo do problema”, realçando o acompanhamento das questões mais directamente relacionadas com o rio por parte dos deputados eleitos pelo PSD, marcada, neste momento, pela preocupação de que as propostas apresentadas na Assembleia da República não tenham custos.
Para António Gomes, coordenador distrital do Bloco de Esquerda, a questão do rio tem que ser abordada de forma mais ampla, abrangendo toda a bacia hidrográfica, sendo muitos os problemas que têm que estar na agenda, desde os transvases espanhóis, à poluição urbana (com numerosas estações de tratamento a funcionarem de forma deficiente), industrial e agrícola.
A navegabilidade do rio, pelo menos até Santarém, deveria voltar a debate, embora não urgente, defende o BE, entendendo que o transporte fluvial de mercadorias deveria ser seriamente considerado.
Também Luís Pistola, da distrital do CDS/PP, entende que a questão da navegabilidade do Tejo deveria ser discutida, sublinhando que os grandes cursos de água existentes noutros países da Europa são navegáveis e servem de “alavancas” dessas regiões.
Assegurar os caudais ecológicos e a qualidade da água são outras prioridades, entendendo o CDS/PP que os Governos socialistas têm sido “muito frouxos na fiscalização”.
Para Octávio Augusto, da direcção regional do PCP, o Tejo tem que ser olhado do ponto de vista ambiental, mas também pelo que pode representar do ponto de vista do desenvolvimento económico, incluindo agrícola, e turístico, realçando as várias intervenções feitas nestas áreas sobretudo pelos Verdes, parceiros dos comunistas na CDU.
Para o PCP, os investimentos que foram feitos nos últimos anos ao longo do rio não estão a ser devidamente aproveitados, muito por culpa das alterações feitas nas regiões de turismo, defendendo uma “avaliação” desta decisão.
O distrito de Santarém elege 10 deputados, tendo, nas legislativas de 2009, o PS eleito quatro, o PSD três, o Bloco de Esquerda um, o CDS/PP um e a CDU outro.
*Lusa
----------------------------------------------------------------------------------